Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Em Defesa do Politicamente Incorreto

Pâmelli, 08.11.20

No ano passado (2019) fez dez anos desde que  o “Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira” , meu primeiro romance, foi publicado.  Trata-se de uma sátira;  um retrato bastante  irônico, embora  bem humorado,  da sociedade brasileira.

De certa forma,  podemos dizer que os tipos ali retratados são bastante “típicos” (algumas pessoas diriam “estereotipados” ...) em nossa sociedade tupiniquim.  (Ih... Já ofendi alguém?)

 

A verdade é que, quase  tudo neste romance é um ENORME deboche -  de A à Z . O que quer dizer que, dali quase ninguém sai ileso.

Todos os personagens  (tanto os principais, quanto os secundários...) são claramente  descritos – física,  psicológica e emocionalmente. Além disso, suas personalidades,  seus defeitos,  suas maluquices, hipocrisias e idiossincrasias são abertamente declarados.

 

Faz quase vinte anos que moro fora do Brasil,   e como disse acima,  mais de dez,  desde que o “Copadrama” foi lançado.  Desde então,  o ‘politicamente correto’  se infiltrou de tal forma na sociedade brasileira,  ao ponto de hoje em dia tornar-se inadmissível, (por ser considerado “preconceituoso”),   o uso de palavras tais como   “mulato”  “pobre” , “gordo” , “baixo”  “solteirona” , “cabeça chata”  , “riponga” , “velha” etc.

 

Chega a ser meio ridículo, além de bastante hipócrita, em uma sociedade tão miscigenada ( e que se diz tão orgulhosa de sua própria miscigenação)  como a brasileira,  não se poder mais dizer que alguém é  “caboclo”, “cafuzo”,  “mulato” ou “pardo”. Pelo  visto, agora só podemos dizer que alguém é branco ou negro.  E nissei ? ( mistura de brasileiro e japonês)?  Ainda pode?

 

Eu fico aqui imaginando uma pessoa que tenha de fazer um retrato falado em uma delegacia no Brasil...

Suponho que em 2020,   durante a sua entrevista com o retratista,  ela ainda possa descrever o “elemento” como sendo :   “ alto, loiro, atlético e de olhos azuis...” . Porém,  é certo que não poderá descrevê-lo como sendo  “baixo, gordo e mulato”, porque isto certamente seria considerado politicamente incorreto, para dizer o mínimo.  Aliás, é  bem possível neste caso que o próprio entrevistado acabasse em cana! – acusado de “racismo e preconceito”.

 

Imagino que para se garantir,  ele/ela teria que dizer algo como:

 

-O sujeito ( será que posso dizer isso??)  que eu vi  não era branco, nem negro.  Também não era alto.  Nem magro...    

 *Levantar de olhos, seguido de um longo suspiro*

 

Mas então,  voltando ao “politicamente correto”  e em defesa do “Copadrama”...

Gente,  este livro é  uma SÁTIRA. O que  inclui, sim,  vários estereótipos e várias declarações/diálogos politicamente incorretos. Em suma: várias cenas, descrições e situações totalmente  absurdas!

Os exemplos são múltiplos e estão em todas as  páginas:  a psiquiatra maluca,  a solteirona frustrada e falsa religiosa, o nordestino de cabeça chata, o alemão nazista, a riponga maconheira, o filhinho de papai, a velha hipocondríaca, o Don Juan egoísta e inconsequente,   o puritanismo do mineiro,  a sexualidade exacerbada do carioca...  Isto é o “Copadrama”.  Get over it!

 

Se eu, a autora Isabela Pamelli Martins ,  fosse uma das personagens de meu próprio  livro,  eis como eu me descreveria:

“Uma mulher de meia-idade,  porém  ainda relativamente atraente.  De estatura mediana (para  padrões brasileiros)  ou de  estatura baixa (para padrões americanos ou norte-europeus...).  De corpo malhado,   embora  com o peso um pouco acima do ideal devido ao hipotiroidismo e a pós-menopausa. Morena de pele,  de cabelos castanhos, fartos  e ligeiramente ondulados. Com o rosto redondo, de maçãs realçadas, que  lhe dão  um aspecto meio exótico.  O nariz,  grande e pontudo , nada delicado,  denota uma personalidade forte e determinada.  Finalmente, seus olhos castanho-escuros e amendoados, carregam em seu olhar uma certa expressão irônica e perspicaz; aquele olhar de “fino observador”, que percebe muito, mas pouco deixa transparecer...”

 

E então?  Ofendi alguém que tem as mesmas características? ( Pele morena, cabelo ondulado, nariz grande, hipotiroidismo...)

Pleeeeeeeeeeeeeeeease.....!

Isto nada mais é do que uma descrição – pura e simplesmente.  E, em um livro, o autor (pelo menos a maioria deles) DESCREVE coisas, pessoas, lugares e sentimentos ( Nem todos eles belos, nobres e inspiradores, diga-se de passagem...)

 

E a propósito gente:  meu teste de DNA deu que sou 81% “Europeia” ( A maior parte da Península Ibérica- Espanha /Portugal),  8% índio,  6% africana,  5% árabe.

Ou seja: um verdadeiro mosaico humano ,  com um pedacinho de (quase)  cada canto do mundo.  Somente de “oriental”  (ainda posso dizer isto?) é que , aparentemente,  não tenho nada.

 

É isso.

E agora,  quem  quiser se sentir ofendido e indignado,  favor entrar na fila e tirar a senha.  Depois pegue um cafezinho,  sente-se e fique a vontade.  

 

Isabela Pamelli Martins

Autora de "Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira"

Disponível pela Amazon ( em inglês e português), em Kindle/e-book e livro impresso.

60060114_1976937542412569_1753243291320582144_o.jp

 

 

Fortalecendo o corpo e a mente em tempos de corona virus...

Pâmelli, 27.04.20

 

Então....Você  aí...  Onde está passando a sua  “quarentena”?

Eu,  estou aqui no norte da Flórida, na cidade de Saint Augustine ----a mais antiga dos E.U.A.  (fundada em 1565). 

Em casa, somos somente três : eu, meu marido e a Kiara (nosso chihuahua resgatado do abrigo de animais há cinco anos).

Nosso condo é pequeno (apenas um quarto e sala), mas  o condomínio onde se encontra  é amplo, arborizado e tem uma boa área externa para se caminhar ou andar de bicicleta.   Além disso, temos um braço de mar  ao lado (chamado de IntraCoastal Waterway) , onde muitos moradores andam de caiaque ---inclusive o meu marido.   

Os passeios de caiaque pelo IntraCoastal Waterway são a  sua “sanidade” . 

A minha,  é a praia. ( De preferência, vazia...)

O fato é que,  nestes tempos de corona virus, mais do que nunca,  estamos tentando nos manter ativos e saudáveis – principalmente fortes de coração e de pulmões!  Afinal, é só o que nos resta fazer (enquanto não temos uma vacina ou um tratamento eficaz contra esse vírus dos infernos).

Assim,   além das idas à praia e dos passeios de caiaque (para desanuviar a  mente), andamos de bicicleta regularmente  e damos longas caminhadas com o cachorro (para tentar manter o peso ideal e a saúde física).

Quanto à comida...

Desde que tudo isso começou,  meu marido faz todas as nossas compras  pela internet e o nosso  supermercado ( o Publix) manda trazer em casa.  Então,  limpo tudo com os “clorox wipes” (lenços com água desinfetante) antes de colocar qualquer coisa na geladeira.  Já o  que não precisa ser refrigerado, permancece no chão da sala, ali no canto, durante os próximos três dias. ( O tempo de matar o corona...)

Não é que estejamos paranoicos. Mas estamos sim,  cautelosos, pois,  eu já passei dos cinquenta e meu marido dos sessenta! 

--

Semana passada pedi um filé mignon nas compras.  Foi a primeira carne que comi em cinco semanas! Antes da pandemia,  eu frequentava um steak house de vez em quando. Porém,  já não cozinho carne em casa há muito tempo,  já que meu marido é vegetariano. (Aqui em casa o menu consiste principalmente de massas, pratos vegetarianos e ocasionalmente algum tipo de peixe...) 

---

Apesar desse nosso ‘novo normal, nada normal...’ , penso que temos muita sorte e muito o que agradecer.  Afinal, meu marido não trabalha mais há anos  e tem fonte de renda própria. Eu, mesmo antes da pandemia, já era professora de línguas ( inglês/francês/português) virtual pela BERLITZ -  portanto, continuo trabalhando normalmente.

Mas infelizmente  a coisa mudou para muita gente. 

Os E.U.A. , que até poucas semanas atrás estava com a economia bombando e com a taxa de desemprego baixíssima,  agora tem quase trinta milhões de desempregados.  Estamos no mesmo nível de desemprego da época da Grande Depressão dos anos 30!

---    

Enfim...

Felizmente tenho meus livros, minha bike, meu cachorro, a Netflix e ....meu marido.   E sou grata por isso. 

E assim, a vida...Esta vida, pós corona vírus, continua.  Da maneira como pode.  Como deve.   

Até quando?  Só Deus sabe.

 

IMG_E1013.JPG

Chá da tarde com Jane Austen.

Fortalecendo e enfeitando o espírito nestes tempos sombrios de coronavirus

 

O Novo Normal : Quando ir à praia virou "crime"...

Pâmelli, 12.04.20

Faz cerca de duas semanas que, devido a pandemia do Corona vírus,  fecharam oficialmente todas as praias em Saint Augustine, no condado de St. Johns, aqui no norte da Flórida (E.U.A.)

Difícil.  Muito difícil.

Pessoalmente, acho a medida muito injusta, além de hipócrita – pois, afinal, quem tem barco próprio  ou uma casa de frente para o mar, continua podendo curtir as praias normalmente, não é?  

 Ou seja: só mesmo o “Zé Povinho” ( tipo Eu...), é que ficou, de fato,  proibido de pisar na areia e nadar no mar!

Porém... Como brasileiro dá sempre o seu “jeitinho”, (mesmo uma brasileira/americana, residente nos E.U.A. há quase vinte anos...),  descobri um pedaço de terra ( na verdade, um terreno de frente para o mar, ainda desprovido de qualquer construção), dentro de um condomínio de luxo, e que, por alguma razão misteriosa,  não tem qualquer controle ou barreira na entrada.

(Fosse no Brasil, com certeza o lugar teria no mínimo uma guarita; um  guarda ou  vigia controlando o acesso dos não residentes ao local!)

Anyway....

Este pedaço de terra, na praia,  está  à venda por “apenas” $1.000.000  de dólares.  Vive vazio, e por lá ,  só o que se vê são umas placas de “warning” do tipo : “PRIVATE PROPERTY FOR SALE”   e “NO TRESPASSING” para assustar e impedir o pessoal de invadir a área.

De cada lado do terreno há uma mansão,  (naturalmente com vista para o mar...),  mas ambas parecem vazias.  Ou estão todos confinados dentro de casa; ou os donos são de fora (talvez de Nova Iorque ou algum outro estado no norte...)  e ainda não vieram para sua casa de praia na Flórida.   (Agora só Deus sabe se jamais voltarão!)

O fato é que nestes tempos de pandemia, e com a proibição de frequentar as praias,  ao menos duas vezes por semana, eu dou a minha escapulida até lá ----as vezes de carro, as vezes de bicicleta.

Quando vou de carro , estaciono o veículo  do lado de fora  do condomínio ( pois dentro não tem onde estacionar) e caminho uns dez minutos até o meu “point”. Quando vou de bike, entro no condo pedalando e a amarro em uma  árvore por perto.  ( Meu próprio condo fica há uns dez minutos de carro dali;  do outro lado da ponte que nos leva à ilha, onde ficam as praias...).

Uso sempre o biquini escondido debaixo do short e camiseta e assim,  circulo por lá como se fosse uma moradora, fazendo meu exercício diário ( o que ainda é permitido por aqui...).

Pois bem.....Quando   chego ao meu “point” proibido,   primeiro   olho para todos os lados para me certificar de que não há mais ninguém por perto.  Então,  como se fosse uma criminosa fugindo da polícia, corro em disparada através do terreno  em direção à praia. Naturalmente, ignoro todas as  placas de “No Tresspassing” e “Private Property” ,  os avisos e as ameaças de processo por invasão à propriedade.  Por fim,  quando chego na areia, me escondo parcialmente debaixo do único coqueiro que por ali se encontra, coloco meus sapatos de água e...  SPLASH!  Mergulho   naquela  água límpida, azul turquesa,   refrescante e cheia de “good vibes”.  E lavo o corpo e a alma.

Xô Corona!  Xô desânimo!

Alô saúde!  Alô energia! Alô esperança!

Ali, em frente, do outro lado da baía tem o  monumento da Cruz ( o local onde foi rezada a primeira missa nos E.U.A. , na cidade mais antiga , a nossa Saint Augustine, fundada em 1565...).  Então,  já de volta ao meu coqueiro,  eu  faço uma rápida “reza” ( não sou religiosa, mas “espiritual” ),  pela nossa cidade, pelo   nosso  querido estado da Flórida,  pelo  nosso país e todo o  mundo também. 

Ali,  diante do mar, olhando aquela cruz imensa e parcialmente escondida debaixo do meu coqueiro,  eu faço a minha ‘mentalização Silva Mind” e peço  para que descubram logo uma cura  ou uma vacina eficaz contra este vírus dos Infernos.... --- e, confesso, também “rezo” para que o carro do Xerife já tenha feito a sua ronda diária  do bairro e das praias e não me encontre por ali,  uma vez que  estou infringindo a lei duplamente:  1) Indo à praia e 2) Invadindo um terreno particular.

Ao todo, este  meu “ritual” não leva mais do que 15 minutos, embora eu pudesse ficar no local uma manhã ou tarde inteira. Porém,  não quero que me descubram ali e que um officer  acabe me dando um “warning”, fazendo com que  depois eu não possa mais voltar, sob pena de ser presa.

Enfim...  Este, é o meu momento de sanidade; o meu “novo normal”.  Isto, é Abril de  2020.

FELIZ PÁSCOA à todos. 

Stay safe and above all, Stay Sane.

Isabela Pamelli Martins  (Autora   dos romances:  “Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira”;  “Paris, Mon Amou- As memórias de uma jovem brasileira na Cidade Luz”  e “Bye Bye Brasil – Histórias de Imigrantes Brasileiros na Era Trump”  (Disponíveis em Kindle e Paperback, pela AMAZON)  

IMG_0910.JPG

 

 

Na Terra dos Puritanos

Pâmelli, 07.10.13

Aviso aos navegantes:  Se você é o tipo de pessoa meio puritana,  religiosa ou desprovida de senso de humor e a capacidade de rir de si mesmo,  recomendo que pule este post e espere até o próximo –  que será sobre Washington ( onde eu estive neste último final de semana) , e  que alias,  terá muitas belas fotos.  Contudo, terá de aguardar alguns dias até eu ter novamente o tempo de vir aqui para postar

 

Introdução:   Às vezes parece que Deus está “ lá em cima”,  simplesmente criando situações  para se divertir às nossas custas.  De fato, o  Cosmo parece  um lugar bastante chato, solitário , escuro… , e um pouquinho de diversão de vez em quando deve ser mais do que bem vindo!

O post de hoje simplesmente PRECISA ser escrito.  Afinal daqui há alguns anos, talvez num dia chato e chuvoso ,quando  estiver me sentindo meio só ou entediada,  quem sabe eu não queira me lembrar  desse dia.  Então só o que terei de fazer é vir até o Parada Essencial e procurar nos tags “Vida” ou “diário” e reler este pequeno capítulo da minha estória.  Será como assistir à uma cena de um "clássico" WoodyAlleniano…

 

Background:

Ok,  vejamos por onde começo…

Como mencionei acima,  no final de semana passado seguimos mais uma vez para o estado de Maryland,  na costa leste,  para irmos ao casamento do sobrinho de meu marido. 

A cidade onde ficamos se chama Columbia e fica a uns 40 minutos de Baltimore,  onde meu marido cresceu.   Já o casamento mesmo,  foi em uma cidadezinha no campo  chamada Westminster . Um charmoso, embora  despretensioso,  “marriage à la campagne”…

Naturalmente,  como sempre faço quando vou para aquelas bandas sem graça de Columbia ( é lá que moram o meu sogro e sua segunda mulher),  dou minha escapulida , nem que seja de um dia, até Washington -  pois a capital americana fica a cerca de uma hora e meia de ônibus de lá  e,  believe me,  o sacrifício VALE A PENA.  ( Mas deixemos esta parte da viagem  para o próximo post…)

Bom,  então aí vai o resumo da minha “aventura” na terra dos puritanos  - pois afinal,  Maryland está a um passo de New England,  que é  a verdadeira  “terra dos puritanos” na América!

 

O Casamento:

Então, a cerimônia saiu como o  previsto;  num final de  tarde de sábado,  seguida de  jantar e festa.  O evento se deu em uma casa no campo,  bastante espaçosa e confortável – estes tipos  de casas que se alugam para eventos . O jantar foi no estilo  buffet, com uma comida simples mas digna,  e a decoração  do ambiente toda  em branco e roxo . Nada de  muito glamoroso , já que não se tratava do casamento de pessoas de posses.   Contudo,  tudo foi  muito decente,  com uma  simplicidade delicada e até um certo toque romântico,  já que foi  a própria noiva  quem preparou toda a decoração e os enfeites das mesas.  Imagine!

 

Após a festa:

Já passava das dez da noite quando pegamos o carro e voltamos ao nosso hotel em Columbia,  cerca de uma hora dali.  No caminho, lembrei ao meu marido que estávamos sem o nosso “gelzinho sexual” , lol – sim,  eu estou falando de KY!  Pois é,  esquecemos de levar.

-Paramos numa farmácia ao chegarmos em Columbia…- disse ele.

Well,  guess what….  Columbia NÃO TEM UMA FARMÁCIA!  E olha que estávamos hospedados no Sheraton, que é bem no centro de tudo,  inclusive do Mall.  Ok.  Nada de farmácia e já passava das 11 da noite.  Então avistamos um supermercado local – o Safeway.

-Que ridículo ter-se que ir à um supermercado às 11 horas da  noite para se pegar um tubo de KY… - pensei..

O supermercado estava completamente às moscas e com apenas uns dois caixas funcionando.

Seguimos para o setor da “pharmacy” ali e nada.  Tampouco no de "family planning" ( estes tipos de gel normalmente  estão ao lado dos preservativos).    Nada.  Ok.  Que tal o setor de "feminine care" ?  Tambem não.   

Ou seja,  dentro do TODO  o enorme supermercado,  não havia um único setor para se comprar nenhum tipo de gel da família KY ( ou outra marca qualquer) ou mesmo camisinhas!

Meu marido então foi perguntar ao caixa onde estavam os ‘condoms’ ( preservativos) -  pois sabíamos que se encontrássemos os primeiros,  os gels estariam no mesmo setor.  

Resposta:

“ Eles ficam trancados.  Mas posso ir com o senhor até lá para destrancar…”

 

Dá pra acreditar??   Pois continuem lendo pois ainda tem mais…

Eu,  que nunca vi nem ouvi falar nada parecido com isso , ( Nem mesmo em Varginha, Minas Gerais , onde mora o meu pai!!) , certa de que isto deveria ser um supermercado filiado  à alguma igreja,  virei-me para o meu marido e disse:

 

-Deixa pra lá.  Vamos procurar em  outro lugar.  Isto aqui CERTAMENTE não é New Orleans!!  ( Para quem não sabe, muitos Americanos consideram New Orleans a terra da perdição na América…lol)

Saimos do Safeway.  

Por estas alturas vocês imaginam que nós  deveríamos voltar para o hotel e simplesmente esquecer o assunto, certo?

Errados!  Agora estávamos determinados a ir até o fim.

 

-Não volto para o hotel sem o meu gel -  informei  ao meu marido,  só de pirraça.

 

Como em Columbia não havia mais nada aberto aquela hora,  resolvemos seguir até Ellicot City – uma cidadezinha vizinha,  a uns vinte minutos de distância.  

Nota: ( Eu tenho um casal de amigos do Rio -  ela chilena e ele um brasileiro /Americano – que mora em Ellicot City há alguns anos.  Na noite anterior, eles vieram nos encontrar em Columbia para jantar e ficamos batendo altos papos sobre nossos velhos tempos de Rio de Janeiro, nos anos 80 e 90, até de madrugada. Falamos também bastante sobre o Texas, incluindo o seu atraso,  a breguice e o provincianismo das pessoas. ( Muita gente na Costa Leste,  principalmente a medida que se vai chegando próximo de Nova Iorque, costuma ter o maior desprezo por lugares como o Texas…lol)

 

Mas voltando à nossa pequena aventura…

Próxima parada:  Ellicot City.   ( Eu já estava começando a me divertir com tudo aquilo pois estava me sentindo no meio de um filme do próprio Woody Allen…)

Afinal avistamos um outro supermercado, bem grande e iluminado, e igualmente às moscas aquela hora.

Nova pelegrinação pelos setores de “family planning”,  “feminine care” ,  “pharmacy”  e NADA! 

Havia apenas uma caixa trabalhando;  uma mocinha, e foi para ela que perguntamos:

“Onde está o setor dos condoms?”

Detalhe,  nós ainda estávamos vestidos para o casamento:  meu marido de terno e gravata e eu de vestido e pedrarias.  Um digno casal de meia idade.

A moça perguntou se tinha ouvido direito.  Se queríamos mesmo o setor dos preservativos

Meu marido confirmou .

Então ela disse que ia chamar o gerente,  que é quem tinha a chave do ‘cabinet’  ( Eu juro que não estou inventando isso) e ligou para ele, já  que se encontrava em outro setor.

Enquanto o homem não chegava,  meu marido continuou perambulando pelo supermercado completamente vazio, com a esperança de miraculosamente encontrar o que procurávamos ,  e eu fiquei conversando com a caixa.   A moça , muito animada e divertida com o par de ET’s de meia idade procurando camisinhas ( na verdade o gel KY) perto da meia-noite,  num supermercado totalmente  às moscas numa cidadezinha no meio do nada…,  confessou que “suas noites de trabalho não costumavam ser tão divertidas”.  

Eu lhe disse que morávamos no Texas e que nunca tinha visto ou ouvido falar de “trancarem os preservativos atrás de uma prateleira de vidro”.  Ao que ela me respondeu:

-Aqui nós trancamos porque senão eles são roubados.  As pessoas põem nos bolsos e saem sem pagar…

Que tal?

 

Nesse ínterim aparece o gerente.  Um homem enorme de gordo,  se arrastando nas suas pernas de brontossauro,   segurando um molho de chaves numa mão e ao mesmo tempo  nos informando que ‘aquelas não serviam’ , mas que ele ia procurar a chave certa…

( Juro que não estou inventando isso)

Eu gostaria muito de ter visto a minha própria expressão naquela hora , mas infelizmente não havia nenhum espelho por perto.  Pena.

A moça,  que já tinha virado minha camarada,  então se virou para mim e disse:

-Sabe,  tem uma Wal-Mart a duas quadras daqui.  Que eu saiba, ao contrário da maioria dos lugares por aqui,  eles lá não costumam trancar os condoms

 

Estão pensando que desistimos e voltamos para Columbia?

Nananinana.  Agora,  voltar para casa com o nosso KY era  uma questão de honra! 

No carro,  virei-me para o meu hubby e lhe disse:

-Deus realmente deve estar se divertindo muito conosco esta noite.  É como se ele estivesse assistindo à um filme do próprio Woody Allen.  Bem,  vamos ver como termina.

Assim que chegamos na Wal-Mart e entramos na gigantesca loja ( já prontos para recomeçar a peregrinação pelos aisles de ‘family planning” ,  “feminine care” , “pharmacy” etc…  , vimos logo ali,  a poucos metros dos caixas, um container imenso, cheio dos mais diferentes produtos em promoção  (pastas de dente, loções, giletes e guess what...  Um gel chamado “Warm Touch”! lol )   

-          Wow, - exclamei em português,  enquanto pegava o produto.  - olha só isso aqui!  Não é o KY, mas é o mesmo tipo de gel.  Diz até que ele ‘aquece’ .  Taí.  Palmas para a Wal-Mart!  Vamos comparar pra ver qual dos dois é melhor…

Foi aí que uma moça,  que se encontrava de costas para nós  próxima aos caixas , se virou  e exclamou

-Pâmelli!  Vocês por aqui ,  a esta hora??

Imagine!  Era a minha velha amiga de escola, do Rio,  com quem tínhamos jantado  na noite anterior em Columbia!  Ela e o marido,  que moram em Ellicot City,  tinham justamente ido fazer compras na Wal-mart aquela hora da noite…  Ele já tinha passado pelo caixa e se encontrava do outro lado,  com o carrinho cheio de compras.

-M! – foi a minha vez de exclamar.

-Eu ouvi alguém falando em português e olha só vocês por aqui…

Então eu lhe mostrei o que tinha nas mãos  e expliquei  como tínhamos vindo parar  na Wal-Mart,  em Ellicot City,  aquela hora da noite.  No caixa , meu hubby  acabava de pagar  pelo raro e controvertido produto na terra dos puritanos . Então seguimos os três para encontrarmos o seu marido do outro lado .  Enquanto ouvia o meu relato,  minha velha amiga mal se aguentava de tanto rir.

  

-E depois vocês dizem que o Texas é que é atrasado…  Lá pelo menos se compra camisinhas e KY em qualquer mercado, farmácia etc. e SEM tranca!

 

-Que estranho.   Eu não sabia que aqui era assim -  respondeu M.   – É o meu marido quem compra essas coisas…

 

Afinal nos juntamos à ele, que depois de ouvir sobre o nosso ‘ordeal’ e dar sua própria gargalhada,   nos informou que de fato só na Wal-Mart e no CVS  eles não trancavam os produtos.

 

-Mas eu não entendo por que alguem vai roubar uma coisa tão barata! – exclamou minha amiga.  Tem coisa muito mais cara para se roubar nos supermercados…

 

-Eu sim.  -  respondi. -  O problema não é a falta de dinheiro.  O problema é a cabeça de puritano do povo aqui,  que fica com vergonha de pagar pelo  produto na hora de passar pelo caixa.  Então prefere roubar.

 

- Deve ser isso mesmo.  E os  supermercados acabam tornando a coisa ainda mais constrangedora  ao forçar as pessoas a pedirem para destrancarem o “condom cabinet” e assim , se exporem ainda mais!

 

-E nós, ontem que falamos tanto dos filmes do Woody Allen, heim,  e do ótimo “Blue Jasmin”! – concluí. Este episódio, com certeza,  poderia ser uma cena de um dos seus  filmes...

 

Todos concordaram comigo.

--

 

Conclusão:

Bom,  pelo menos fomos pegos “ com a boca na botija” pelos meus  velhos amigos de infância,  um carioca e uma chilena, que viveram boa parte de suas vidas no Rio , assim como eu,  e que de puritanos não têm nada, lol. Pior seria se tivéssemos topado com o pastor que casou os dois pombinhos algumas  horas antes, a  poucos quilômetros dalí!

Enfim, no final tudo virou uma grande piada. 

 

Pois é, minha gente.  O fato é que  em New England e arredores, uma conhecida minha da Pennsylvania - que é  childfree –   jamais poderia se divertir às custas de algumas mega-famílias como ela já me confessou ter feito algumas vezes ao ir ao supermercado. ( Ela diz que quando vê uma família cheia de pimpolhos,  costuma, só de sacanagem,  pegar uma meia dúzia de camisinhas e jogar dentro do carrinho  entupido de compras da mamãe , quando esta e o marido estão distraídos  pegando algo  das prateleiras.  Depois ela segue o pessoal  discretamente até o caixa e vê a reação dos pais quando começam a colocar os produtos na esteira e de repente topam com os preservativos…lol )

 

Não em Maryland, chérie.  Aqui,  é tudo debaixo  de CHAVE !

Quer dizer,  quando o gerente da loja  encontra a chave…         

 

 

Sobre o artigo da TIME

Pâmelli, 16.08.13

Para quem não conseguiu comprar  o exemplar da revista TIME , do dia 12 de Agosto,  com o artigo de capa  “The Childfree Life”,  (algumas versões são diferentes de acordo com o lugar , por exemplo:  USA, América Latina, Ásia etc),  aí vai um resumo de algumas de suas  “melhores partes”:

- Quando perguntada por que ela havia optado por não ter filhos,  a escritora e produtora de documentários Laura Scott,  de Tampa, na Flórida (só podia ser! Lol) respondeu:  “My main motive not to have kids was that I loved my life the way it was” ( Minha maior razão é o fato de eu adorar minha vida , do jeito que ela é “)

- Nos anos 70 na América,  1 em cada 10 mulheres optava por  não ter filhos;  em 2010 este número é de 1 para cada 5.  Ou seja,  mais e mais mulheres americanas estão decidindo ser childfree.

-O custo em media, nos E.U.A. de  hoje ,   para se criar um filho até os 18 anos  é de $234,900!

-O número de mulheres americanas que deve permanecer childfree entre as ricas é de 1 em cada 8;  entre as da classe media é de 1 em cada 14 e entre as pobres é de 1 em cada 20

(o que , a meu ver,  deveria ser justamente o contrário!)

-A média do número de filhos por cada mulher nos seguintes países é:  7.0 na Nigéria ( Arrrrre!!),  5.5 no Afeganistão (típico…), 2.6  na India e 2.3 no México (países que estão evoluindo pelo visto…), 2.0 nos E.U. , 1.9 na Inglaterra, 1.8 na Noruega, 1.6 na China e 1.4 na Alemanha, Itália e Japão. ( Ou seja,  quanto mais civilizado ou  rico é o país, menos filhos o povo vai pondo no mundo.  Ok,  A China é outra estória...)

- E por fim,  a minha parte favorita no artigo – e que vai deixar muita gente meio P&%$*ta  vida!-

  Segundo o pesquisador Satoshi Kanazawa ( suponho que seja um japonês) , "Childless women are just smarter”. (As mulheres childfree são simplesmente mais inteligentes). {#emotions_dlg.happy}

Ele estudou um grupo de pessoas no Reino Unido durante 50 anos e concluiu que “high intelligence” (maior inteligência) tem uma relação direta com a decisão precoce e duradoura de uma mulher se  manter chilfree.  No estudo, ele percebeu que  um aumento de 15 pontos no QI das meninas,  diminuia em até 25% a probabilidade delas, algum dia ,  se tornarem “mães”. 

-Por fim,   vale lembrar que os childfree não toleram ser chamados de childless.

“Childlessness is for someone who wants a child but doesn’t have one.  It’s a lack.  I’m not lacking anything” ("Childlessness" é uma condição que implica que você queria ter um filho , mas não pode. Portanto que algo  está “faltando” em sua vida.  Na minha, não está faltando nada.” -  Laura Kipnis,  autora do livro “The Baby Matrix”.

 

Em suma , o artigo foi bom , embora nada de excepcional.

 

Agora, para quem domina bem o inglês e quer ler mais sobre o “childfree lifestyle”... Sugiro que dê uma passada no blog da  Firecracker Mandy (childfreedom.blospot.com)  que é escrito por uma moça da Filadélfia, childfree, muito bem casada e "com o QI pelo menos 15 pontos acima da média..." lol. ( O Parada Essencial  não é um blog exclusivamente tratando de tópicos childfree, embora volta e meia eu escreva algo sobre o assunto...)

Contudo, aí vai uma pequena dica :  o blog da Mandy  é frequentado principalmente por pessoas childfree e que AMAM o seu estilo de vida.  

Portanto,  se você fôr um desses  parents, muito feliz com sua paternidade/maternidade  e orgulhoso  do seu “mini-you”, é melhor guardar isso para si, já que  ninguem por lá vai estar muito interessado.  Para isso é que  existem os MILHARES  de “Mommy blogs” espalhados pelo ciberespaço a fora… 

 

 

 

Nota aos leitores childfree

Pâmelli, 03.08.13

Wow

A Time Magazine ( Revista Time) desta semana  está com o artigo de capa sobre Childfreedom ( a escolha de não ter filhos) e ao que parece ( estou saindo AGORA para pegar o meu exemplar!) a reportagem foi  bem justa com os childfree.  Pelo menos é o que tenho lido nos comentários das pessoas que já leram.  Tomara mesmo!

 

Afinal, parece que nossa pequena ( but ever growing...) comunidade está finalmente  sendo ouvida pela mídia  - e sem o típico revirar dos olhos desaprovadores dos  pais, ou dos "pró-reprodutores".   Só isso já é uma grande vitória, heim !!

 

 

Blog Update - Dos estudos e da saúde!

Pâmelli, 30.07.13

Dos estudos                                                            ,

Afinal já voltei para Austin e retomei meu programa de verão na U.T.

Apesar de todo o stress naquele curso sobre “Racismo e violência no Brasil”, e de minhas “ intensas participações ”  (contradizendo muito do que vinha sendo ensinado em classe, de maneira totalmente distorcida e parcial!), a professora achou que eu mereci um A . Isso é que é democracia de verdade!! lol )  Já imaginou se eu estivesse em uma escola ou faculdade no Brasil,  com um daqueles professores petistas radicais,   e me atrevesse a mostrar em classe  o meu lado  “das elites” ??   Era BOMBA  na certa ! - não importa se tivesse bons ou maus argumentos,  se escrevesse bem,  ou se  fizesse todos os trabalhos exigidos pelo curso.

Já aqui, no U.S. of A,   a professora chegou até a me dizer que “apreciava as minhas contribuições apaixonadas…”  e que nós simplesmente teríamos de “agree to disagree” ( Concordar em discordar).

Anyway,   o curso terminou ,  eu levei meu A e parti sem saudades.

 

Agora estou eu aqui seguindo o segundo curso de verão,  que ,  para variar ,  não estou gostando nada, nada.  Humph.  (Será que vai chegar o dia em que afinal vou fazer um curso na Universidade do Texas que  REALMENTE  me dê prazer??) Confesso  que já comecei a perder as esperanças e agora penso simplesmente  em completar o curso de História  e pegar o meu Bachelor’s Degree  nos próximos dois anos.  E pronto.  Afinal preciso aproveitar o fato de ter tempo para estudar, de ter sido aceita em uma boa e conhecida universidade,  e de ter um marido que não se importa em  “patrocinar meus estudos de  meia idade”! lol

Quanto à este  segundo curso de verão (“Comunicação no Oriente Médio”)  , o que de início me pareceu bem interessante,  no fundo é um estudo de “linguística” -  a meu ver,    a subdivisão menos interessante  no campo da  Antropologia. 

Enfim,  o que será , será.

 

Da saúde

Agora a boa notícia:

Pois bem,  meu experimento “natural” , (sem tomar o tal hormônio para a tiróide,  que o medico tinha me receitado)  ,  pelo visto funcionou e muito bem!

Minha energia voltou 100% ,  minhas tonturas passaram e a ansiedade  sumiu pelo  espaço sideral afora! (Ao ponto de  pela primeira vez minha pressão arterial,  em pleno  consultório médico,  ter ficado em 11,7!) 

 

Então aí vai uma nota pra você, mulher de meia-idade ( ou talvez não) ,  que anda se sentindo cansada,  sem energia, com ataques de ansiosidade:

Peça para o seu médico checar os seus hormônios!!  (progesterona, estrogênio,  tiróide e  cortisol).  E,  se o resultado der “hipotiroidismo” ( tiróide lenta),  antes de começar a tomar o hormônio,  tente primeiro  mudar o seu estilo de vida para melhor.

 

Eis o que você deve fazer:

-ginástica , natação ou caminhada rápida  pelo menos 4 vezes por semana, por no mínimo 30 minutos

-alimentação mais rica em frutas ( Framboesas são ótimas para o progesterona baixo!), vegetais e grãos naturais

-muita água, pouco álcool e pouquíssima cafeína ( Eu passei a tomar café descafeinado)

-Fuja dos refrigerantes! ( inclusive os dietéticos)

-Tome todos os dias suplementos de  ginseng ( Panax,  é o melhor!),  do  complexo B e ( nos momentos de ansiedade) de  Theanine , que é uma substância natural encontrada no  chá verde. (Se tomar o suplemento, ao invés do chá,  você evita a cafeína…). Tudo natural.

E last but not least,  faça o seu relaxamento com o Método Silva todos os dias,  ao acordar e antes de dormir,  por 15 minutos cada vez.  Sugiro que leia  o livro ou faça  o curso. ( A outra opção para relaxar é tomar aulas de ioga).

 

Para se ter uma ideia da eficácia desta "formula” ,  veja o meu caso por exemplo:   há apenas um mês e meio , meu número do hormônio da tiróide (TSH)   estava em  6.9  ( alto , e portanto com a tiróide lenta…).  Agora, caiu para  3.8 !  ( Lembrando que o  índice normal é entre 0,5 e 4,7).  Tudo isso sem tomar hormônio nenhum;  apenas seguindo o programa acima mencionado.

 

Meu medico me deu os parabéns, me dispensou da receita original do hormônio  (que eu nunca tomei) e me disse para voltar lá daqui a uns 6 meses,  “só pra ver se tudo continua como está”.  Agora,  o importante,  é claro ,   é não interromper o  programa!

 

 A verdade é que a maioria dos médicos aqui nos E.U.  ,  talvez  por já saber da falta de força de vontade do americano (principalmente no que diz respeito a dietas e exercícios físicos ), nem se dá ao trabalho de recomendar uma mudança no estilo de vida das pessoas.  Vão  e simplesmente passam  o hormônio,  o remédio pra diabetes,  pra pressão alta,  o antiácido, ou o diabo.    Afinal é muito mais fácil  para uma pessoa simplesmente se entupir de remédios do que mudar seu estilo de vida!

 

Mas você pode tentar tomar o  controle sobre sua vida e saúde. Por isso, vale a pena experimentar  o ‘programa natural para reequilibrar seus hormônios’  . Afinal,  como dizem os Americanos :  “  It can’t hurt!”. 

E é claro que ,   se não funcionar ou se você for mesmo  do tipo “couch potato” ( sem força de vontade ou disciplina para mudar seu estilo de vida sedentário, cheio de refrigerantes,  doces, frituras , stress em excesso e sono de menos…), sempre  sobra a opção de tomar o hormônio recomendado pelo seu médico . It’s up to you.  

 

-

 

 

 

 

                                                                                                                                        

A risada do americano

Pâmelli, 19.04.13

 

Ninguém no mundo dá uma risada igual ao Americano. Pode observar.

 

Estou falando daquela risada forte, alta e espontânea, mas também meio brega e aparentemente exagerada,  que volta e meia ele solta,  em todo e qualquer tipo de lugar. Digo “aparentemente exagerada”  porque para um estrangeiro ela pode de fato parecer meio afetada, mas no fundo , vinda do americano,  frequentemente é 100% genuína.

 

Parece irônico eu  vir  no blog falar sobre “a risada do americano" justamente  em uma semana onde a América sofreu  com dois terríveis e trágicos acontecimentos – o atentado em Boston e a explosão na fábrica de West,  no Texas.  Contudo,  quando colocamos as coisas na sua devida perspectiva , mesmo diante de tragédias nacionais tais como Newtown,  Boston e West...,  (e sem querer minimizar o enorme sofrimento na vida de todos os que estiveram direta ou indiretamente envolvidos nesses eventos),  é preciso lembrar que os Estados Unidos são o quarto maior país em extensão no mundo, com uma população de mais de 330 milhões de pessoas e que, portanto, casos como estes são bastante raros de acontecer.  Afinal , estamos  falando de um lugar maior do que a Europa  inteira! – tirando a Rússia, é claro.

 

 É preciso lembrar disso quando se fala no “número de pessoas assassinadas todos os anos na América”, seja por armas de fogo (que os americanos continuam comprando a torto e a direito...) ,seja por atentados tais como os que ocorreram em Boston ou na escolinha de Newtown, em Connecticut.   O fato é que nos E.U.  ,  ao contrário do Brasil, por exemplo,  50.000 pessoas  NÃO são assassinadas todos os anos ; nem cerca de 200 policiais tampouco.  Nem de muito, muito longe, as estatísticas por aqui chegam perto disso.

 

Mas voltando ao tema do "riso do americano"...

Desde que vim para cá., há dez anos,  isto é uma coisa que logo percebi e sempre me vejo observando nas pessoas. 

O "riso do americano" não é uma coisa exclusiva dos americanos, mas  também  se vê  em muitas pessoas que moram nos E.U. há anos,  e que portando,  já incorporaram algumas características do povo local.  É também interessante notar que ele cruza todas as fronteiras sócio-econômicas da sociedade e pode sair tanto de uma senhora da alta roda,  de um caminhoneiro,  de um estudante de medicina de Harvard , de um  alto executivo, uma astronauta, um senador  ou  um atleta olímpico. Em suma:  é o riso de um povo feliz. {#emotions_dlg.happy}

 

Um exemplo disso ocorreu ontem no meu encontro quinzenal de “Conversation” em francês, onde um dos nossos colegas,  no meio da conversa, de repente soltou uma daquelas risadas estrondosas.  Tratava-se de um jovem indiano que reside nos E.U. há anos;  um rapaz muito bonito, poliglota,  bem sucedido e noivo de uma bela e simpática brasileira ( Imagine!).  Ou seja:  exatamente o tipo do “bem resolvido” que costuma dar este tipo de risada por aqui, lol.

Por um momento nosso grupo de ex-pats ( em sua maioria formado por franceses e alguns outros europeus)   tomou um susto.  Mas as pessoas logo se recompuseram.  Afinal isto é a América,  e eles próprios ,  depois de morarem aqui por tantos anos,  hoje já são bem mais leves, bem humorados e até mesmo sorridentes, do que os seus velhos conterrâneos.

Apesar disso,  assim  como eu,  nenhum deles costuma dar (e provavelmente nunca dará)  aquela risada tipica do americano.   

 

O fato é que  durante  todos os anos que morei e viajei  pela Europa e pelo Brasil, nunca  encontrei gente rindo desta maneira.  Nem mesmo o  brasileiro,  com sua fama de “alegre e folião”, ri como o americano. (Muito menos se ele tiver um certo grau de instrução e educação e gostar de pensar que é “civilizado”, lol).

 

Já o americano, física e culturalmente isolado do resto do mundo (e na maioria dos casos, se lixando para o que não acontece nos E.U. ou esteja diretamente relacionado à eles!),  pouco se importa com o que dizem ou pensam dele (Por exemplo,  que são "gordos, mal vestidos , ignorantes ou sem classe").  Daí que,  volta e meia,  quando está entre amigos, colegas ou  membros da família,  o gringo vai lá e me solta  aquele  CÁCÁRÁ- CÁCÁ !!, em alto e bom tom, para quem quiser (e quem não quiser também...) ouvir.

 

Eu,  mesmo depois de todos estes anos nos E.U. , confesso que  não consigo soltar aquela gargalhada totalmente à la gringa - até porque sempre achei, principalmente a sua versão feminina, especialmente desclassificada. Sinceramente,  algumas  mulheres por aqui  quando riem parecem uma hiena no cio.  Really.  

 

Mas uma coisa é certa:  o riso (ou a falta dele) é o reflexo da alma de um povo,  e o do americano é assim:  forte, alto , espontâneo e, sim..brega! -  às vezes chegando mesmo a ser estrondoso demais  e inadequado no ambiente e local onde a pessoa se encontra. 

Mas este mesmo riso  é também a  marca de um povo genuinamente feliz  (e não apenas da boca pra fora, querendo fazer gênero para o resto do mundo...) . Um povo orgulhoso de ser o que é,  de ter as coisas que tem e de viver no país em que vive,  e que ele realmente acredita ser o melhor lugar do mundo.

Para muitas pessoas pode até parecer o riso do ‘bobo alegre’,  mas no fundo,  é o riso do cara que muitas vezes ,mesmo sendo  "gordo, mal vestido, ignorante  e sem “classe...”,  está muito bem resolvido consigo mesmo.  Para a raiva ou a inveja de muita gente.

 

 

Aftas monstras, nunca mais!

Pâmelli, 27.02.13

 

Hoje eu venho aqui no blog para escrever sobre um assunto que eu raramente abordo :  “doença” , ou  se preferirem,  “um certo problema de saúde...”, lol. 

 

Acontece que há algum tempo atrás,  sozinha e sem ter qualquer formação médica,  fiz uma descoberta  e tanto sobre um problema que vinha me atormentando  há ANOS,  e que nestes últimos tempos tinha ficado realmente fora de controle.

Estou falando sobre aftas.  Isso mesmo, aftas! {#emotions_dlg.barf}

.

Desde pequena , sempre tive a tendência a acidez e volta e meia , principalmente após tomar mais limonada ou suco de laranja do que o normal,  vai que lá me aparecia uma afta na boca.

O problema é que depois que vim para o Texas , há dez anos,  este meu “handicap” piorou consideravelmente – não sei se pelo fato da comida aqui ser excessivamente picante,  por eu ter passado a beber vinho com mais frequência do que fazia quando morava no Brasil , ou simplesmente porque estou mais velha, na perimenopausa,  e portanto com os hormônios mais desequilibrados .

O fato é que depois que vim para cá,  as aftas  realmente passaram a me atacar  com muito mais frequência e de maneira muito mais violenta , dolorosa e longa. {#emotions_dlg.sad}  Um verdadeiro HORROR!

 

A verdade é que parece que médico nenhum – mesmo aqueles “de boca”,  que deveriam saber  o que causa afta e como tratar delas once and for all!  - parece saber realmente como lidar com este problema de maneira eficaz.  Neste últimos anos, consultei mais de um deles, ( clínico-geral,  otorrino, ginecologista , dentista... )  e sempre ouvi a mesma estória:    “Não sabemos exatamente o que causa afta.  Pode ser hereditário.  Pode ter um componente hormonal, talvez  de stress. É certo que  piora com vinho, limão,  coisas ácidas etc. . Blá, blá, blá... "Mas o fato  é que nenhum deles conseguiu me dar uma explicação satisfatória e muito menos  solucionar o meu problema.  

 

Chegou ao ponto onde eu simplesmente não podia mais tomar um gole de vinho tinto sem que no dia seguinte me aparecesse uma afta na boca!  E o pior :  elas  eram enormes,  doloridas e chegavam a durar até  duas semanas!  Eu mal podia falar,  tinha dificuldade de comer,  acordava no meio da noite com o troço me incomodando.  E  para completar a desgraça,  mal uma terminava,  já aparecia outra nova! Ou seja, eu passava quase o mês inteiro com afta. Absolute horror!

 

Foi aí que ,  cerca de um ano atrás,  resolvi entrar na internet e realmente pesquisar sobre o assunto ( Já que pelo visto,  como este problema ataca um número relativamente pequeno de pessoas no mundo,  ao que parece,  os médicos  e cientistas estão bem se lixando pra ele! {#emotions_dlg.annoyed})

 

A primeira coisa que descobri é que o vinho ( principalmente o tinto)  é o meu pior inimigo . (INFELIZMENTE ! -   pois eu , como qualquer pessoa civilizada do planeta, se pudesse tomaria minha taça de vinho a cada refeição).

No auge da minha crise,  bastavam dois goles de vinho e no dia seguinte eu  já estava com afta!    Às vezes  as desgraçadas  apareciam mesmo sem eu ter bebido nada durante SEMANAS!  Bastava um molho de tomate mais forte,  um molho mais picante e POW ! – lá estava eu de novo com a boca ferrada.

 

Mas, voltando à minha pesquisa...

A segunda coisa que descobri é que  podia fazer uso de alguns suplementos e “medicamentos” para me proteger, formando uma espécie de ‘armadura contra as aftas’ no meu corpo,  e desta forma  aumentar minha imunidade ANTES da desgraça ocorrer.

 

Então, aqui vai a lista do que eu gosto de chamar de "meu pequeno arsenal amigo" , lol,  - o que finalmente me livrou ( ou pelo menos controlou de maneira eficaz) o meu tormento.  ( Melhor do que isto, só mesmo uma cura definitiva ...mas isso eu duvido que alguem invente! )    

 

1)  A pasta de dentes :  quem tem tendência a aftas, não deve usar pastas de dente ‘branqueadoras’ pois estas são especialmente abrasivas.  Aliás, o melhor é escolher uma que seja SLS ( sodium sulfate free) , ou seja:  sem  lauril sulfato de sódio.    Aqui nos E.U.  a que eu uso é a Tom’s Clear & Gentle,  que não tem o tal sulfato...  Estas pastas são mais raras de se achar, mas vale descobrir qual é a que tem no seu país.

 

2) Descobri um anti-ácido chamado PRELIEF.   São comprimidinhos feitos principalmente de magnésio e cálcio ,  que você toma ENQUANTO come ou bebe algo mais ácido  - um vinho, uma massa com molho de tomate, um chocolate, uma limonada etc.  Normalmente toma-se duas delas com cada alimento ou refeição ‘ácida’ e elas neutralizam o seu efeito.  E o melhor:  não modificam o gosto da sua comida , nem do vinho.  Simplesmente cortam a acidez do alimento ou bebida, NA HORA.  ( Eu não saio mais de casa sem  o meu Prelief dentro da bolsa...).

 

3) Para a higiene bucal da noite:  ORAGEL ANTISEPTIC RINSE  -  Use após escovar os dentes, antes de dormir.    Ele é gostoso e ajuda a matar qualquer início de afta que esteja pensando em surgir na sua boca.  ( Se já estiver com afta,  use até  4 vezes por dia, após as refeições).

 

4) KANKA   um líquido anestésico -  este é só  para quando a afta já chegou.  Mas se puser logo no início, várias vezes por dia,  ele acaba com ela em dois dias.  Nota:  o bicarbonato de sódium tambem é bom pra 'queimar' a afta, duas , três vezes por dia...

 

5)  E,  last but not least,  o suplemento vitamínico AFTA ZEN -   este é o mais caro e que eu saiba só pode ser comprado online.  Sua composição inclui vitamina B, zinco e aloé vera , o que  dará ao seu organismo uma ‘resistência contra futuras aftas’.  Seu efeito maior começa depois de 45 dias.  Tome duas cápsulas toda noite, antes de dormir.   ( Quando em crise, pode tomar até 6 ).

 

Nota: Estes produtos são encontrados nos E.U. , mas a maioria deles pode ser comprada online. 

 

Enfim,  espero que isto seja útil para quem estiver sofrendo e desesperada com aftas crônicas, como eu estava até cerca de um ano atrás.  

Hoje,  é muito raro eu ter uma afta  e quando acontece,  ela vem pequena,  pouco me incomoda e já vai embora em dois dias!  Eu voltei a comer de tudo ( pizza , massa com molho de tomate,  chocolates e até mesmo  uma ou outra taça de vinho, de preferência em dias  espaçados...).

Você ainda terá que fazer uma certa ‘abstinência de álcool’ e tomar pouco café ou chá preto ( eu simplesmente mudei para as versões descafeinadas...) , mas com o seu  ‘pequeno arsenal amigo’ estará bem protegida!

 

Ao todo,  este arsenal milagroso contra as aftas me sai por volta de $80.00 por mês.  São cerca de $3.00 ( R$5.00 ??) por dia.

Algumas pessoas podem até achar que é muito, mas com certeza,  são aquelas que nunca realmente sofreram com o problema.  Pra mim,   isto é um bargain

 

 

Voilà.  Esta foi a minha descoberta  e que para mim, pelo menos,  tem funcionado muito bem.   Achei que deveria postar no blog pois se tivesse lido isto anos atrás,  teria me poupado de muita frustração e sofrimento desnecessário.  

 

E agora fui!  -  preparar o meu jantar,  que hoje vai ser "Ravioli ao molho de tomate" ( acompanhado , naturalmente, de uma boa taça de vinho...)  {#emotions_dlg.smile}

 

 

 

 

 

 

 

Valentine's Day - quando a vida imita a arte...

Pâmelli, 14.02.13

Feliz Dia dos Namorados todo o mundo!!

(Aliás,  aqui nos E.U.,  Valentine's Day não é apenas o dia em que nos encontramos com a nossa  caríssima metade para um jantar especial... É também muito comum as pessoas trocarem pequenos presentinhos ou mandar um cartão carinhoso para um bom amigo, amiga ou colega de trabalho especial.  Quer dizer,  o seu "Valentine" não precisa necessariamente ser o seu par romântico, e isso é uma boa coisa, não acham? lol

 

Nós,  aqui em casa,  devemos simplesmente ir a um show ou assistir  algum filme.  A razão é dupla:  primeiro,  porque não queremos ter de disputar uma mesa em um dos vários restaurantes da cidade apinhados de gente .  Sem falar que nesse dia os menus ficam mais restritos e dez vezes mais caros!

A segunda razão , é que no dia 15 é o MEU  aniversário!  Então, aí sim,  podemos sair e aproveitar para  jantar em um bom restaurante,  com preço normal e sem tumulto.  

 

Mas voltando ao dia de Valentine's... Hoje , entre uma aula e outra,   enquanto eu caminhava pelo campus da U.T. , de repente me vi pensando meio melancólica:  

 "Puxa,  se Valentine's Day tivesse caído num fim-de-semana,  talvez pudéssemos dar um pulo até New Orleans ( que fica a apenas 9 horas de carro de Austin...).  Ah,  como eu gostaria de poder ouvir um jazz neste dia!" 

 

Nota:  A cidade de Austin,  apesar de gostar de se intitular ' Capital Music City' ...,  não tem um único clube de jazz que se preze. {#emotions_dlg.annoyed}  São milhares de bares muquifos espalhados pela cidade, tocando country, rock ,blues e o diabo.  Mas jazz que é bom...Taí uma avis quase tão rara  por estas bandas quanto um pterossauro! 

 

Foi aí que,  de repente, comecei a ouvir um tune  - aliás um clássico do jazz!  -  saindo sei lá de onde e,  nada menos do que  "My Funny Valentine" !! lol  Juro que por um momento pensei estar tendo uma halucinação.

 

Então comecei a olhar em volta do campus  para ver se descobria de onde vinha a música, e  foi aí que vi este rapaz

 

  ( certamente um estudante da Universidade) sentado no meio dos jardins,  com o seu bendito sax.  

 

Não tinha nenhum potinho pra colocar dinheiro -  o rapaz deve  ser um dos estudantes bem de vida da U.T. ... -  mas ainda assim,   fiz questão de me aproximar e lhe agradecer pelo treat.  E, com a sua permissão, tirar sua foto. 

 

Agora , vai dizer que isto não parece  uma cena de um filme do Woody Allen?? lol

 

Em todo caso,  hoje eu posso dizer que já ganhei o meu presente de Valentine's!  {#emotions_dlg.smile}  

 

 

E agora,  um treat para os leitores do Parada:

A magnífica Ella Fitzgerald cantando "My Funny Valentine" .

Enjoy!!