A BERLITZ foi a primeira escola onde comecei a ensinar inglês.
Isso já faz mais de vinte anos! ( 1986)
O curso tem 130 anos de história e tradição ( foi fundado em 1878 , em Rhode Island , USA ) e seu método de ensino é portanto o pioneiro de todos os outros.
A coisa interessante sobre o método Berlitz é que além de dinâmico, ele tambem é eficiente e divertido - tanto para o aluno quanto para o professor. A ênfase é dada principalmente na parte de conversação e pouco se ensina de gramática . Traduções são evitadas ao máximo - algo que só é possível com o método da Berlitz , que , quando devidamente aplicado, faz com que seja possível desde o primeiro dia de aula, que o aluno apenas ouça, fale e escreva na target language - ou seja, na língua que ele está pagando para aprender!
Ao todo trabalhei em quatro escolas Berlitz - no Brasil ( Rio de Janeiro), em Portugal ( Lisboa), na Alemanha ( Berlim) e atualmente nos E.U. ( Austin), onde resido.
As escolas onde ensinei tinham muitas similaridades mas tambem muitas diferenças.
A maior diferença que notei foi quando cheguei na Alemanha ( após ter trabalhado no Brasil e Portugal) e percebi que os professores lá eram TODOS native speakers - ou seja, nativos da língua que ensinavam. Em outras palavras: os professores de inglês eram americanos, canadenses ou ingleses; os de francês, franceses; os de português, portugueses ou brasileiros e assim por diante...
Foi com um grande assombro que a diretoria foi informada de que nas outras duas escolas onde eu havia ensinado ( no Rio e em Lisboa) , eu não apenas dava aulas de português ( minha língua nativa) mas tambem de inglês e francês . ( Logo alemão , que é super rígido e não tem a menor imaginação ou flexibilidade!!)
Mesmo assim, já que eu vinha com uma carta de recomendação tanto do diretor no Brasil quanto da escola em Portugal, resolveram abrir uma exceção e me aproveitar como professora destes três idiomas na escola em Berlim. Afinal, não tendo sotaque estrangeiro em inglês ( já que estudei a vida toda em escola americana no Brasil...) e muito pouco em francês ( tendo me formado na Aliança Francesa e depois passado um ano na França...) , além de conhecer o método muito bem, ( estávamos em 94, portanto eu já era 'veterana' na Berlitz há quase dez anos...) , concluíram que eu estava mais do que qualificada para ensinar as três línguas na filial alemã.
É interessante que muitas pessoas pensam que os melhores professores têm de ser obrigatoriamente native speakers.
Isto é um grande engano - embora, ninguem vá negar que seja uma vantagem à favor do professor.
Mas se me perguntarem o que vale mais : um professor nativo , com pouca experiência e um método de ensino ineficiente ou um que não seja nativo ( mas , evidentemente , que fale a língua com desenvoltura e com pouco ou quase nenhum sotaque) , experiente e com um bom método de ensino...Eu lhes digo: não pense duas vezes em escolher o segundo!
Você vai aprender muito mais, muito mais rápido e de maneira muito mais gostosa :-).
Me lembro de um episódio divertido que ocorreu na escola do Rio na época em que trabalhava lá:
Certa manhã, a professora de francês ligou em cima da hora dizendo que não poderia comparecer à aula. A diretora entrou em pânico uma vez que a aluna já se encontrava a espera , na recepção . ( Nota: a Berlitz é o curso mais caro que há e muitos dos seus alunos são gente de muito dinheiro e/o prestígio - presidentes, diretores de empresas etc...- , ou seja , o tipo de pessoa que 'se frustra com certa facilidade...' :-))
Foi então que a diretora teve uma idéia!
Uma das professoras mais experientes da escola , que ensinava inglês e espanhol , tambem falava francês. ( Não tinha o conhecimento do idioma ideal para ensinar a língua, mas falava bastante bem , com boa pronúncia e fluência razoável...). Naquele dia esta professora se encontrava na escola e seu aluno havia acabado de ligar cancelando a aula de última hora.
O que fez a diretora?
Você acertou. Ela deu o seu famoso 'jeitinho brasileiro' :
Pediu à professora de espanhol que ' lhe quebrasse aquele galho' naquele dia e desse uma aula de francês. Afinal o método de ensino é exatamente o mesmo para todas as línguas e a aluna era de nível iniciante ( quer dizer, ainda estava aprendendo coisas como ' Le livre est sur la table...' :-))). Em outras palavras: era muito pouco provável que percebesse que a professora substituta não era na verdade uma das professoras de francês da escola. Bingo!
A única coisa que a diretora não contava era que , ao final da aula, a aluna saísse da sala direto para seu escritório e lhe pedisse dalí por diante para ter aulas APENAS COM A NOVA PROFESSORA! lol
O que significa isto?
Simplesmente que a professora de espanhol era muito melhor do que a de francês ; que provavelmente conhecia e aplicava o método da escola de maneira muito mais eficiente ( e provavelmente divertida!) que a outra. E é claro, como tinha boa pronúncia , a aluna iniciante não percebeu que a professora substituta não tinha o mesmo domínio do idioma que professora oficial.
Bom, o que sei é que no final a diretora acabou tendo de inventar uma estória para a aluna e disse que a nova professora 'não costumava trabalhar naquele horário' e que portanto não estaria disponível para lhe dar aulas no futuro...
Afinal o que ela não podia fazer era lhe contar a verdade ! lol
Agora comigo, recentemente aconteceu uma coisa parecida.
Nos Estados Unidos , assim como na Alemanha ( e é possível que hoje em dia em Portugal tambem , já que faz mais de 15 anos que trabalhei na escola em Lisboa e desde então os salários em Portugal já devem ter ficado bem próximos daqueles dos países com o estilo de vida mais elevado...) , todos os professores na Berlitz são native speakers.
Sendo assim, desde que vim para cá em 2003, tenho apenas ensinado português na escola local .
Acontece que certo dia, há coisa de uns quatro meses atrás, a diretora me ligou e disse o seguinte:
- Pamelli, vejo na sua ficha que você dava aulas de inglês e francês tambem nas outras escolas Berlitz onde trabalhou. Você poderia dar uma aula de francês amanhã? A aluna está no primeiro livro mas é uma pessoa bastante exigente e difícil.
No problem, pensei. Neste últimos 22 anos de Berlitz, não foram poucos os abacaxis que tive de descascar por aí afora...
No final das contas a aluna não era nenhum bicho papão.
Simplesmente uma senhora americana já de uma certa idade ( 65) , naturalmente com mais dificuldade que o normal ( devido à própria idade) , meio controladora ( ela quer checar todos os pontos ensinados pelo professor no manual...:-))) e principalmente....muito insegura.
Pelo que entendi, as professsoras de francês que me precederam , estavam fazendo-a sentir-se ainda mais insegura e incapaz - corrigindo-a o tempo todo e quase não lhe dando a chance de tentar se expressar.
A aluna, apesar de ser bastante esperta e inteligente ( inclusive é uma empresária muito bem sucedida!) , apresentava enormes dificuldades de aprendizado ( prova de que o método não estava sendo bem aplicado) e consequentemente a cada aula se tornava mais insegura e frustrada. Pior: Já pensava em deixar a escola e desistir !
( Foi aí que resolveram recorrer à mim - a professora non-native-speaker - como última esperança...:-))
A comédia veio após a aula:
O aluna seguiu para a sala da diretora e lhe disse que dalí em diante apenas queria ter aulas comigo. Estava sorridente e radiante!
Ninguem entendeu nada mas como 'o cliente que paga caro deve ter sempre razão...' , não houve discussão. A partir dalí tornei-me a professora oficial de Mrs. G. e desde então já fui escalada para dar novas aulas de francês na escola.
Isto foi por volta de julho passado.
Mrs .G. tem progredido bastante , principalmente no que diz respeito à sua fluência. Seu vocabulário é excelente e eu a corrijo sempre que ela erra na gramática ou na pronúncia - mas sempre com 'jeitinho' . As aulas são divertidas e descontraídas - assim como o verdadeiro espírito da Berlitz.
Minha aluna, que é uma mulher muito bem tratada ( imagino que deva ter sido muito bonita quando jovem...) outro dia apareceu na escola e me trouxe de presente uma bolsa de maquiagem da Neuman Marcus ( a loja de departamentos mais metida que há nos E.U.!) , cheia de produtos caros de beleza . :-))
A conclusão?
Não há nada que supere um bom método e um professor experiente.
Nem mesmo a condição privilegiada de ser um native speaker...