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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Em Defesa do Politicamente Incorreto

Pâmelli, 08.11.20

No ano passado (2019) fez dez anos desde que  o “Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira” , meu primeiro romance, foi publicado.  Trata-se de uma sátira;  um retrato bastante  irônico, embora  bem humorado,  da sociedade brasileira.

De certa forma,  podemos dizer que os tipos ali retratados são bastante “típicos” (algumas pessoas diriam “estereotipados” ...) em nossa sociedade tupiniquim.  (Ih... Já ofendi alguém?)

 

A verdade é que, quase  tudo neste romance é um ENORME deboche -  de A à Z . O que quer dizer que, dali quase ninguém sai ileso.

Todos os personagens  (tanto os principais, quanto os secundários...) são claramente  descritos – física,  psicológica e emocionalmente. Além disso, suas personalidades,  seus defeitos,  suas maluquices, hipocrisias e idiossincrasias são abertamente declarados.

 

Faz quase vinte anos que moro fora do Brasil,   e como disse acima,  mais de dez,  desde que o “Copadrama” foi lançado.  Desde então,  o ‘politicamente correto’  se infiltrou de tal forma na sociedade brasileira,  ao ponto de hoje em dia tornar-se inadmissível, (por ser considerado “preconceituoso”),   o uso de palavras tais como   “mulato”  “pobre” , “gordo” , “baixo”  “solteirona” , “cabeça chata”  , “riponga” , “velha” etc.

 

Chega a ser meio ridículo, além de bastante hipócrita, em uma sociedade tão miscigenada ( e que se diz tão orgulhosa de sua própria miscigenação)  como a brasileira,  não se poder mais dizer que alguém é  “caboclo”, “cafuzo”,  “mulato” ou “pardo”. Pelo  visto, agora só podemos dizer que alguém é branco ou negro.  E nissei ? ( mistura de brasileiro e japonês)?  Ainda pode?

 

Eu fico aqui imaginando uma pessoa que tenha de fazer um retrato falado em uma delegacia no Brasil...

Suponho que em 2020,   durante a sua entrevista com o retratista,  ela ainda possa descrever o “elemento” como sendo :   “ alto, loiro, atlético e de olhos azuis...” . Porém,  é certo que não poderá descrevê-lo como sendo  “baixo, gordo e mulato”, porque isto certamente seria considerado politicamente incorreto, para dizer o mínimo.  Aliás, é  bem possível neste caso que o próprio entrevistado acabasse em cana! – acusado de “racismo e preconceito”.

 

Imagino que para se garantir,  ele/ela teria que dizer algo como:

 

-O sujeito ( será que posso dizer isso??)  que eu vi  não era branco, nem negro.  Também não era alto.  Nem magro...    

 *Levantar de olhos, seguido de um longo suspiro*

 

Mas então,  voltando ao “politicamente correto”  e em defesa do “Copadrama”...

Gente,  este livro é  uma SÁTIRA. O que  inclui, sim,  vários estereótipos e várias declarações/diálogos politicamente incorretos. Em suma: várias cenas, descrições e situações totalmente  absurdas!

Os exemplos são múltiplos e estão em todas as  páginas:  a psiquiatra maluca,  a solteirona frustrada e falsa religiosa, o nordestino de cabeça chata, o alemão nazista, a riponga maconheira, o filhinho de papai, a velha hipocondríaca, o Don Juan egoísta e inconsequente,   o puritanismo do mineiro,  a sexualidade exacerbada do carioca...  Isto é o “Copadrama”.  Get over it!

 

Se eu, a autora Isabela Pamelli Martins ,  fosse uma das personagens de meu próprio  livro,  eis como eu me descreveria:

“Uma mulher de meia-idade,  porém  ainda relativamente atraente.  De estatura mediana (para  padrões brasileiros)  ou de  estatura baixa (para padrões americanos ou norte-europeus...).  De corpo malhado,   embora  com o peso um pouco acima do ideal devido ao hipotiroidismo e a pós-menopausa. Morena de pele,  de cabelos castanhos, fartos  e ligeiramente ondulados. Com o rosto redondo, de maçãs realçadas, que  lhe dão  um aspecto meio exótico.  O nariz,  grande e pontudo , nada delicado,  denota uma personalidade forte e determinada.  Finalmente, seus olhos castanho-escuros e amendoados, carregam em seu olhar uma certa expressão irônica e perspicaz; aquele olhar de “fino observador”, que percebe muito, mas pouco deixa transparecer...”

 

E então?  Ofendi alguém que tem as mesmas características? ( Pele morena, cabelo ondulado, nariz grande, hipotiroidismo...)

Pleeeeeeeeeeeeeeeease.....!

Isto nada mais é do que uma descrição – pura e simplesmente.  E, em um livro, o autor (pelo menos a maioria deles) DESCREVE coisas, pessoas, lugares e sentimentos ( Nem todos eles belos, nobres e inspiradores, diga-se de passagem...)

 

E a propósito gente:  meu teste de DNA deu que sou 81% “Europeia” ( A maior parte da Península Ibérica- Espanha /Portugal),  8% índio,  6% africana,  5% árabe.

Ou seja: um verdadeiro mosaico humano ,  com um pedacinho de (quase)  cada canto do mundo.  Somente de “oriental”  (ainda posso dizer isto?) é que , aparentemente,  não tenho nada.

 

É isso.

E agora,  quem  quiser se sentir ofendido e indignado,  favor entrar na fila e tirar a senha.  Depois pegue um cafezinho,  sente-se e fique a vontade.  

 

Isabela Pamelli Martins

Autora de "Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira"

Disponível pela Amazon ( em inglês e português), em Kindle/e-book e livro impresso.

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Sobre o artigo da TIME

Pâmelli, 16.08.13

Para quem não conseguiu comprar  o exemplar da revista TIME , do dia 12 de Agosto,  com o artigo de capa  “The Childfree Life”,  (algumas versões são diferentes de acordo com o lugar , por exemplo:  USA, América Latina, Ásia etc),  aí vai um resumo de algumas de suas  “melhores partes”:

- Quando perguntada por que ela havia optado por não ter filhos,  a escritora e produtora de documentários Laura Scott,  de Tampa, na Flórida (só podia ser! Lol) respondeu:  “My main motive not to have kids was that I loved my life the way it was” ( Minha maior razão é o fato de eu adorar minha vida , do jeito que ela é “)

- Nos anos 70 na América,  1 em cada 10 mulheres optava por  não ter filhos;  em 2010 este número é de 1 para cada 5.  Ou seja,  mais e mais mulheres americanas estão decidindo ser childfree.

-O custo em media, nos E.U.A. de  hoje ,   para se criar um filho até os 18 anos  é de $234,900!

-O número de mulheres americanas que deve permanecer childfree entre as ricas é de 1 em cada 8;  entre as da classe media é de 1 em cada 14 e entre as pobres é de 1 em cada 20

(o que , a meu ver,  deveria ser justamente o contrário!)

-A média do número de filhos por cada mulher nos seguintes países é:  7.0 na Nigéria ( Arrrrre!!),  5.5 no Afeganistão (típico…), 2.6  na India e 2.3 no México (países que estão evoluindo pelo visto…), 2.0 nos E.U. , 1.9 na Inglaterra, 1.8 na Noruega, 1.6 na China e 1.4 na Alemanha, Itália e Japão. ( Ou seja,  quanto mais civilizado ou  rico é o país, menos filhos o povo vai pondo no mundo.  Ok,  A China é outra estória...)

- E por fim,  a minha parte favorita no artigo – e que vai deixar muita gente meio P&%$*ta  vida!-

  Segundo o pesquisador Satoshi Kanazawa ( suponho que seja um japonês) , "Childless women are just smarter”. (As mulheres childfree são simplesmente mais inteligentes). {#emotions_dlg.happy}

Ele estudou um grupo de pessoas no Reino Unido durante 50 anos e concluiu que “high intelligence” (maior inteligência) tem uma relação direta com a decisão precoce e duradoura de uma mulher se  manter chilfree.  No estudo, ele percebeu que  um aumento de 15 pontos no QI das meninas,  diminuia em até 25% a probabilidade delas, algum dia ,  se tornarem “mães”. 

-Por fim,   vale lembrar que os childfree não toleram ser chamados de childless.

“Childlessness is for someone who wants a child but doesn’t have one.  It’s a lack.  I’m not lacking anything” ("Childlessness" é uma condição que implica que você queria ter um filho , mas não pode. Portanto que algo  está “faltando” em sua vida.  Na minha, não está faltando nada.” -  Laura Kipnis,  autora do livro “The Baby Matrix”.

 

Em suma , o artigo foi bom , embora nada de excepcional.

 

Agora, para quem domina bem o inglês e quer ler mais sobre o “childfree lifestyle”... Sugiro que dê uma passada no blog da  Firecracker Mandy (childfreedom.blospot.com)  que é escrito por uma moça da Filadélfia, childfree, muito bem casada e "com o QI pelo menos 15 pontos acima da média..." lol. ( O Parada Essencial  não é um blog exclusivamente tratando de tópicos childfree, embora volta e meia eu escreva algo sobre o assunto...)

Contudo, aí vai uma pequena dica :  o blog da Mandy  é frequentado principalmente por pessoas childfree e que AMAM o seu estilo de vida.  

Portanto,  se você fôr um desses  parents, muito feliz com sua paternidade/maternidade  e orgulhoso  do seu “mini-you”, é melhor guardar isso para si, já que  ninguem por lá vai estar muito interessado.  Para isso é que  existem os MILHARES  de “Mommy blogs” espalhados pelo ciberespaço a fora… 

 

 

 

Esse cara é DEMAIS!

Pâmelli, 11.11.09

 

O comediante e apresentador  , Bill Mayer,  é o 'Diogo Mainardi' dos E.U.A.  

- inteligente, engraçado, bem informado e TOTALMENTE  sem papas na língua! 

E naturalmente, assim como o comentarista brasileiro do Manhattan Connection,  tem um ENORME  número de fãs ardorosos, mas  tambem gente que , se pudesse,  mandava lhe aplicar uma injeção letal!

 

Todo americano  faria bem de ouvir de vez em quando  os discursos espirituosos ( e frequentemente picantes...:-))  de Bill Mayer . ( Sem  falar nas verdades  altamente inconvenientes que  costuma disparar aqui e alí! )

 

Religião, a indústria farmacêutica , política,  o partido rebublicano, a guerra no Iraque , o problema da obesidade na América e seu  ineficiente sistema de saúde são apenas alguns dos tópicos 'quentes' que ele adora abordar.

 

Então, em meio a  todo este debate  sobre a questão da  saúde nos E.U., ( o único país industrializado que NÃO tem um sistema de saúde  universal  !! -ou seja,   para TODOS os seus cidadãos... ) ,  eis o que ele tem a dizer :  

 

Nota:  1)  Sorry , mas é tudo no original ( em inglês) e sem legendas e

            2) o vídeo em que ele fala sobre a França , data da época ( Urrrgh!) quando G.W. Bush ainda era presidente.  Apesar disto,  o tópico não poderia ser mais atual...)

 

Bill é simplesmente o máximo!

 

 

 

 

 

 

 

Um novo vício...

Pâmelli, 28.10.09

 

Uma coisa cada vez mais rara de se ver hoje em dia e que costuma imediatamente me chamar a atenção ( com admiração!)  é quando vejo  alguem, em algum lugar público ( uma praça, um café , uma cabine de avião ou trem...) lendo...um LIVRO !!!

É isso mesmo.  Eis uma cena  cada vez mais rara.

 

Parece que em todo lugar onde me viro ,  ( especialmente nas salas de espera dos aeroportos , por onde tenho estado mais de uma vez nestes últimos tempos...) a cena que sempre vejo é esta:

Pessoas  com os olhos e dedos grudados em seus i-phones,  freneticamente enviando  mensagens de texto, lendo uma que lhes foi enviada ou , sei lá, navegando em algum site da internet...

Então quando , só pra variar, vejo alguem se entretendo com  um LIVRO  ( aquela coisa meio 'antiga' sabe ?   demodé, anacrônica ...)   imediatamente  ( vai entender!) me encho de orgulho pela própria pessoa , lol , fico contente por ela e penso:  

"  Meus parabéns amigo!   Você é uma avis rara.  Um  dinossauro  - e como eu GOSTO dos dinossauros! !  Good for you! "  

Sim,  pode parecer  algo meio condescending mas é isto que eu penso.   

Então fico curiosa de saber o que ele/ela está lendo e , quando dá,  discretamente  dou uma espiadinha no título. 

 

O fato é que nesta era super-ultra-hiper informatizada em que vivemos,  o hábito da leitura ( de livros!!) está cada vez mais raro. Já disseram que mais alguns anos e os livros de papel vão virar coisa de museu!  Que triste .

Ah,  já posso até me  ver (em um futuro próximo...) entrando em uma loja  a procura de um livro e  ouvindo a seguinte resposta do jovem vendedor :  ' Sorry, mas este aí nós só temos na versão e-book...'

 

Mas  sinceramente, não consigo me imaginar, sentada em um confortável sofá, com uma taça de licor ao lado da lareira e lendo um e-book!  Urgh......

O jeito então  vai ser passar a reler os livros que já tenho em minha pequena ( mas decente)  home library... Humph

                                                    ---

 

Esta semana, enquanto almoçava com meu marido  em um restaurante tailandês ,  de repente um rapaz  do lado de fora me chamou a atenção.  É que ( especialmente em se tratando da América ...) ele era duplamente 'estranho' :-))

Primeiro:  era magro.  Digo,  realmente magro... :-)  e isto,   em um país onde mais de 50% da população é OBESA  e o resto é no mínimo  'muito bem nutrido' ,  convenhamos,  é  uma raridade!  Depois,  o rapaz estava sentado do lado de fora do restaurante,  lendo UM LIVRO !! lol

 

Outro dia foi no avião - onde só o que se vê hoje em dia é gente pendurada  em seus i-phones,  trabalhando on board ou  assisistindo à um filme em seu laptop... 

Um rapaz ( nos seus trinta e muitos ou quarenta, pois em geral são assim, pessoas mais velhas...:-)) passou o vôo inteiro,  de Dallas à Austin , lendo um LIVRO!  E envolta dele,  só o que se via eram pessoas se entretendo com seus  electronic gadgets...

 

Ai,  e quanto a liberarem o uso de celular durante os vôos?    Parece que na Europa já fizeram isso.   Holy Sh*t ! 

Agora vou falar  igual à um primo meu do Rio - uma  das pessoas mais mal-humoradas,  politicamente incorretas e impacientes que eu conheço , ao ponto de chegar a ser cômico...:-))  ( Pelo visto o 'mal' corre no sangue da família...)

 

-Meu amigo,  tá vendo o tamanho desta praia?  Então , dá pra não colocar sua toalha grudada na minha?   Eu realmente não estou nem um pouco  interessado em ouvir a sua conversa.  Deu pra entender?  LOL

 

Sim,  talvez eu tambem seja um dinossauro  pois admito que  pessoas excessivamente  ( viciadamente?) 'informatizadas' , dependendo do lugar onde  me encontre,  tem o poder de me irritar ou entediar.  Eu devo estar ficando velha. 

 

  Neste domingo mesmo,  quando fui ao meu encontro de French Speakers,  quem era a pessoa mais desinteressante e quem a  mais interessante do grupo?   O primeiro era um canadense de Montréal,  que mal abriu a boca pois não tinha nada a dizer a ninguem.  Não surpreedentemente,  tratava-se de um 'informaticien' ...  Já o outro era um indiano, filho de diplomata e trabalha para uma ONG.  Seu hobby é  'ler literatura de outros paises...'

Quando soube que eu era brasileira,  logo pôs-se a falar de Machado de Assis e Jorge Amado , cujas  principais obras ele conhecia. 

 

Ok, eu confesso que tenho uma certa parcialidade por pessoas que lêem.

E uma implicância por aquelas que, em público ,  vivem penduradas em seus I-phones , I-pods ( or whatever the hell they carry...) . seja porque  estão passando/recebendo mensagens,  conversando fiado ao telefone, pesquisando algo na internet ou simplesmente ouvindo música.

 E por falar nisso... Esta semana saiu mais uma pesquisa médica relacionando o uso excessivo de celulares ao câncer.  Li na CNN.  (Quem sabe isto não vai espantar alguns deste chatos...? lol)

 

 Quanto aos livros...  Humph.

Estes serão certamente os dinossauros de amanhã.

 

 

 

 

Artigo interessante no New York Times...

Pâmelli, 21.10.09

 

Esta semana,  enquando visitava um dos meus childfree blogs preferidos  ( 'Like it is' ) ,  encontrei uma referência à um artigo escrito por um colunista do New York Times  que eu simplesmente ADOREI , pois senti que é algo muito, muito verdadeiro não apenas para os childfree mas para  as pessoas de um modo geral. 

 

Nele o autor disserta sobre o hábito que muita gente desenvolve ( principalmente a medida que os anos vão passando e elas vão se aproximando da meia-idade)  de comparar suas vidas, suas 'conquistas' , seus fracassos e perdas,  com as de seus amigos , conhecidos e colegas -  para ver quem é que está na frente,  'perdendo' ou 'ganhando'  no jogo  da vida...

 

O autor,  Tim Kreider,  tem 42 anos,  é solteiro,  bem sucedido e childfree.  ( Só aí já  se vê que  torna-se uma boa 'vítima' em potencial para as  tais comparações e comentários maldosos...

 

Enfim,  o artigo é brillhante  e vale uma leitura pois não é todo o dia que topamos  com um texto ao mesmo tempo  inteligente, articulado, ULTRA  bem escrito..e com senso de humor!

 

Aqui vai o parágrafo central, onde ele descreve o que resolveu chamar de 'Referendum' - seguida de uma despretensiosa tentativa de tradução por minha parte , que nunca trabalhei como tradutora - apenas professora de línguas.  :-)

 

Já para aquelas pessoas que lêem bem em inglês,  recomendo a ida à página do N.Y. Times onde se encontra o texto  de Tim Kreider em sua forma integral.

Nota:  o artigo publicado no jornal no dia 17 de setembro último já  recebeu mais de 600 comentários!

 

http://happydays.blogs.nytimes.com/2009/09/17/the-referendum/

 

"The Referendum is a phenomenon typical of (but not limited to) midlife, whereby people, increasingly aware of the finiteness of their time in the world, the limitations placed on them by their choices so far, and the narrowing options remaining to them, start judging their peers’ differing choices with reactions ranging from envy to contempt. The Referendum can subtly poison formerly close and uncomplicated relationships, creating tensions between the married and the single, the childless and parents, careerists and the stay-at-home. It’s exacerbated by the far greater diversity of options available to us now than a few decades ago, when everyone had to follow the same drill. We’re all anxiously sizing up how everyone else’s decisions have worked out to reassure ourselves that our own are vindicated — that we are, in some sense, winning.

 

"O Referendum é um fenômeno típico ( mas não exclusivamente) da meia-idade,  em que as pessoas, cada vez mais cientes do tempo finito que lhes resta neste mundo,  das limitações que lhes são  impostas devidas às escolhas de vida que fizeram até o presente momento e das opções cada vez  mais restritas que lhes restam,  começam a julgar  ( ora com um sentimento de inveja,  ora com desprezo...)  as diferentes  escolhas feitas por seus amigos, conhecidos e colegas ( peers).  O 'Referendum' começa então a sutilmente envenenar  antigas relações de amizade , outrora leves e calorosas,  criando  conflitos entre as pessoas casadas e os solteiros,  os childfree e os pais, os profissionais ambiciosos e os que se contentam em ficar/ trabalhar em casa.

Tudo isto é exacerbado pelo fato de que hoje em dia as diversas opções e escolhas de vida  que temos são muito maiores do que no passado, quando todo o mundo era obrigado a seguir mais ou menos o mesmo percurso.

Vivemos ansiosamente  fazendo um 'balanço' da vida do outro para ver como se sairam e   tentamos , desta forma , ter nossas ações e escolhas justificadas e nos convencer de que , de alguma forma , estamos 'ganhando'  o jogo ...

 

 

 Enfim,  esta é a 'espinha dorsal'  do texto de Tim Kreider - algo , a meu ver,  bastante verdadeiro.  

Estes colunistas do NYTimes não são nada mal, heim? lol

De vez em quando um deles é até 'deportado' do Brasil por escrever algumas 'verdades inconvenientes' sobre alguem que costuma beber mais do que devia , dentro e  fora do expediente...

 

 

 

 

 

 

 

De volta a casa!

Pâmelli, 16.10.09

 

 

Que surpresa!

Depois de tanto tempo sem aparecer no 'Parada'  ou publicar nada ,  pois não é que hoje volto e,  logo cedo, vejo que já tenho mais de 60 visitantes!

Coisa mais estranha ...-  tanta gente continua passando por aqui e quase ninguem comenta o que escrevo. Será que é porque concordam com a maioria das  minhas idéias ?? - ou discordam inteiramente delas ao ponto de se verem impelidas a voltar ao blog só  para  saber qual foi 'o último absurdo'  que escrevi ??   lol

 

Anyway,  o fato é que esta semana voltamos ao Texas!

Home sweet home...

Como é bom estar de volta à casa...Rodeada de  nossos babies ,  Lila e Senninha,  e desfrutando  de TANTO  ESPAÇO!  ( Havia me esquecido do quanto nossa casa é  grande -  embora aqui , na América , ela seja considerada 'normal'  e para algumas pessoas até 'pequena'...lol)

Como tudo é relativo!

 

Uma coisa que notei especialmente nesta vez que voltamos ao Brasil - e que foi bem mais longa do que as outras ( 6 semanas!!)...- é o quanto  a maioria dos lugares é  apertado , mobiliado em excesso e com pouco espaço !  Mesmo as casas das pessoas mais 'bem de vida' , classe média ou classe média alta, costumam ser entulhadas de coisas. 

 O espaço é sempre limitado e os tapetes, móveis, quadros, estantes, poltronas, sofás etc... parecem que INVADEM o ambiente e o dominam completamente!

A 'arte de se esgueirar por entre os móveis' é uma importante técnica a ser desenvolvida quando se vai ao Brasil e especificamente ao Rio onde os apartamentos são tão apertados!

 

 

Enfim,  este é um post apenas  para dizer  'HELLO I'M BACK' !

 

Na verdade  escrevi um último ainda no Rio , ( descrevendo  minha excursão à pé pelo Centro da Cidade...)  mas não tive a ocasião de postá-lo quando ainda estávamos lá.

 Será portanto o próximo . Uma espécie de Good-bye Rio-e-até-a-próxima- post...

 

 

Quanto à nossa visita à Cidade Calamitosa e reencontro com os amigos e família...No cômputo geral foi muito bom.

Bom rever todo o mundo.  Bom relembrar alguns lugares e programas conhecidos.  Bom conhecer lugares novos .  Bom , principalmente,  para  se fazer um balanço  de sua própria realidade  -  em outras palavras: um reality check!

 

Penso que quem mora fora do Brasil deve sempre dar um jeito de voltar, nem que seja de 2 ... de 3 em 3 anos. ( Claro que isto não é possível para quem está vivendo de maneira ilegal lá fora...) .

O fato é que o tempo costuma apagar ,  ( ou ao menos turvar...)   a nossa  visão realista do mundo.   Embaça a memória.  Idealiza as coisas e tambem as pessoas.  Visto de longe ( da T.V.,  das fotografias,  dos postais....) tudo parece muito mais verde, azul, dourado, alegre, romântico e vívido! Ao vivo,  contudo,  e  no dia a dia,  a coisa é bem diferente -  e não apenas na Cidade Calamitosa. ( Nós tambem estivemos em Búzios  e Jericoacoara no Ceará ...)

 

Incrível foram as coisas que eu ouvi,  que soube , que descobri fazerem parte do quotidiano da maioria das pessoas consideradas 'privilegiadas'  no Brasil.  Coisas revoltantes,  absurdas,  intoleráveis e inadmissíveis em  qualquer  sociedade mais civilizada. Casos de corrupção,  incompetência,  violência,  desrespeito e injustiça  para com  os cidadãos daquele país.

 No final de minha estadia, minha conclusão foi a seguinte ( na verdade algo que eu já pensava e que apenas serviu para ser confirmado após estas 6 semanas passadas lá...) :  se você é um daqueles brasileiros que já está fora há anos e pensa em voltar a viver no Brasil...PENSE bem!  PENSE realmente muito bem antes de deixar tudo o que tem para trás  e voltar para retomar ( recomeçar ? ) sua vida por lá.  

Faça como eu fiz ( embora só tivesse voltado lá  de férias...)  :  volte  por algumas semanas e faça uma 'viagem de reconhecimento' .  Fale com as pessoas sobre o  seu dia a dia.  Assista o Jornal Nacional  todas as noites -  ele , ao contrário do que  muita gente pensa,  não mente e nem exagera os fatos.

 

Pode ser que a economia brasileira esteja , de fato, indo de vento em popa.

Somos a oitava economia do mundo.   Segundo a CNN , em 2016 seremos a quinta...( Algo a ver com a Olimpíada do Rio ??)

Mas isso são apenas números.   Na prática,  a vida  lá fora -   no trabalho, nas ruas, nos transportes públicos, nos estabelecimentos comerciais, nas estradas,  nas repartições públicas, nos bancos, nas praias e mesmo EM CASA...   é outra estória bem diferente!

 

Se  você está fora já faz tempo - principalmente  vivendo em um país mais desenvolvido, civilizado e justo...-   ao voltar ao Brasil ,  é bem provável que tenha um choque cultural em mais de um aspecto. 

Voltar de férias  é sempre bom , mas voltar para ficar.... Bem,   conheço mais de uma pessoa que  fez isso e  depois se arrependeu  amargamente.   Pior:  algumas  nunca mais puderam voltar atrás e retomar a vida que haviam deixado pra trás! 

 Mas enfim,  isto é apenas mais uma opinião muito pessoal.  Cada um no fundo sabe o que deve e o que precisa e realmente quer fazer da vida.

 

De minha parte , só o que posso dizer é que estou FELIZ de estar de volta  aos States.

-FELIZ de poder respirar  novamente o ar puro de minha rua calma, limpa e arborizada.   

 -FELIZ  de poder dirigir o meu carro sem estresse , numa cidade onde não se buzina ; de parar  no sinal , mesmo tarde da noite, sem medo de ser assaltada. 

 - FELIZ de poder usar meu anel , relógio ou  corrente de ouro na rua ,  nos parques, no Centro, no carro ou ônibus,   sem medo ou REMORSO ! ( Por que eu haveria de me sentir mal de usar algo que me pertence?  Que eu comprei ou ganhei de presente com os meus próprios méritos??) 

 -FELIZ de entrar no meu banco , onde não há um único  guarda armado , dentro ou fora da agencia - e isto em uma cidade de mais de um milhão de habitantes! 

 -  FELIZ de saber que tenho  controle sobre minha vida e a liberdade de ir e vir como qualquer outro cidadão que paga seus impostos. 

 - FELIZ de poder voltar à uma loja com um produto defeituoso , MESES após a compra,  e ouvir da vendedera , com um sorriso no rosto e pedido de desculpas,  que posso  trocá-lo  por um novo  em folha ou receber meu dinheiro de volta !

Enfim,  FELIZ de ter um tio chamado  Sam,  que se importa,  que cuida e respeita os meus direitos de cidadã.  

 

 God bless America !

 

 

 

 

O banco

Pâmelli, 06.09.09

Faz 6 anos que mudei para os E.U.A.  e , portanto ,  que não 'frequento'  mais,  um banco brasileiro.  Mas hoje de manhã tive de ir ao Unibanco de Copacabana para fazer um depósito na conta de uma pessoa.

 Penso que minha 'experiência'  lá  e impressões , é algo que merece um post...

 

A primeira coisa que distingue  uma agência nos Estados Unidos de uma no Brasil é  o 'ritual' da entrada no banco. 

Enquanto que na terra de Obama é só empurrar a porta de vidro e entrar no estabelecimento,  na de Lula é preciso , ao passar pela porta giratória , se despir de todo e qualquer objeto metálico ( celular , chaves, cintos, etc..) ou  de maior volume ( tipo guarda-chuva...) - sob pena de ficar entalado na porta, sem conseguir entrar nem sair!

 

Bom, passei sem maiores problemas (  já que  tinha deixado  o celular no Texas, estava de vestido ( sem cinto!) e  sem guarda-chuva...

 

Então,  logo   após minha entrada triunfal na agência do Unibanco  , o que eu vejo?

 

Que a  'área de atendimento aos clientes'  é formalmente dividida em três partes distintas:

 

1)  a fila dos 'Caixas Uniclass' -  quer dizer,  daquelas pessoas com uma conta um 'pouco mais recheada' e que portanto têm um cartão especial...

2) a fila dos 'Caixas'  simples - ou seja,  a dos pobretões  (  aonde eu tive de entrar para fazer o depósito , já que não sou cliente do banco..)

3) a fila dos 'idosos, das gestantes e dos deficientes físicos'...

 

 Naturalmente, TODAS estavam cheias -  sendo que  a dos pé-rapados era  bem maior que as outras. 

(Just my luck!)

 

Dos três grupos de filas,  o único que tinha umas três cadeiras ( no canto ) era a dos idosos.  Já  o pessoal nas outras duas filas ( o grupo dos  pobretões e o dos 'bem de vida' ...) era obrigado a aguardar  em pé  até sua chegada ao caixa.

(Ao menos  tive a idéia de levar minha VEJA para me distrair. )

 

Resumo da Ópera:

Foram exatamente 30 minutos (  que depois,  ao me informar com minha tia e minha mãe,  fiquei sabendo ser 'pouco tempo ' em se tratando de uma ida ao banco...) esperando na fila.

30 minutos nos quais eu pude ler ( em pé)  TODA  a entrevista com a Marina Silva nas páginas amarelas  da Veja  ,  um ensaio do Veríssimo e mais outro  do Claudio de Moura Castro , convenientemente intitulado  ' Malandros e Manés' ( ou algo assim...) 

 

 Foi então que, de repente,  entre uma leitura e outra,  comecei a observar as funcionárias nos caixas.

Havia umas 8 na agência,  ao todo .

 

A primeira coisa que notei foi que TODAS deviam ter mais ou menos a mesma idade:  no máximo 25 anos.

Foi aí que  percebi que TODAS eram magras, atraentes,  bem vestidas ,  maquiadas e com o cabelo 'bom' ( o que no Brasil quer dizer LISO...) e a pele perfeita ( sem uma única mancha  ou marca de acne...) !

( Ok,  havia uma com uma bela cabeleira  ruiva , de cachos  suaves e muito bem tratados...) 

 

Então  me lembrei dos anúncios  de oferta de emprego que costumamos ler nos classificados  dos jornais  no Brasil.  Anúncios mais ou menos assim:

´ Vaga tal.. em tal lugar...

Exige-se ótima aparência . ( termo genérico , mas que em geral quer dizer 'branca, magra e de 'cabelo bom'...)  Até 25 anos...'

 

Detalhe: É interessante notar que nos Estados Unidos  a parte da  'boa aparência' ,  em um anúncio de emprego ,  já seria  algo totalmente inaceitável e ilegal.   A outra coisa é  que lá , quando se envia um currículum à uma empresa,   NÃO SE PÕE  a data de nascimento  do candidato!   Ninguem exige isso . O que importa  são as qualificações e experiência da pessoa para o trabalho para o qual  está se inscrevendo.

 

Mas voltando à agência do Unibanco...

Não creio que fosse mera coincidência que todas aquelas moças tivessem todas aquelas características físicas.  Nenhuma gordinha.  Nenhuma com mais de 35 anos.  Nenhuma sequer com o cabelo mais crespo ou uma  marquinha de espinha no rosto!

 

Então , à um certo momento, na fila ao lado ( a dos idosos),  começou um tumulto.

Uma senhora  que estava sendo atendida reclamava que a moça tinha lhe dado uma nota a menos.  A moça educadamente replicava que tinha tirado a quantia da máquina,  e que esta,  tinha certeza,  estava certa.  Os idosos já começavam a reclamar da demora e uma delas  dizia à cliente do caixa que 'devia ter contado o dinheiro logo,  pois a fila precisava andar'...'

 

Por fim a minha vez chegou e pelo menos a moça do caixa era rápida.

Dois minutos e eu já estava do lado de fora na Nossa Senhora de Copacabana.

 

Enquanto seguia pela avenida,  lembrei do meu banco na América, com sua agência quase vazia. ( Na fila dos caixas há no máximo 2 ou 3 pessoas,  pois os americanos não pagam contas nos bancos e costumam fazer a maioria de suas transações bancárias pela internet...)

Lembrei-me  do 'Good Morning!  Welcome ! '  que recebo do funcionário logo à entrada de minha agência.

Da mesa do café e das pipocas oferecidas aos clientes.

Guardas na porta? Dentro ou fora da agência?  

Simplesmente não há!   É sério.   O banco NÃO TEM guarda nenhum!

 

Isto é o que eu chamo de um reality check e tanto...

 

 

 

 

 

Ecologistas mesmo são os childfree!

Pâmelli, 26.08.09

 

Um estudo recente feito pela Oregon State University  (E.U.A.) mostrou que de todas as práticas ecológicas que uma pessoa possa adotar,  aquela que é a  MAIS eficaz ( e que raramente é discutida em f'óruns ecológicos...) é a prática da  NÃO-procriação - tambem conhecida como childfreedom.

 

O estudo mostra que o legado de carbono e aumento do Efeito Estufa causado pelo nascimento de MAIS UM SER HUMANO em nosso planeta,  é quase 20 vezes mais significativo do que práticas pró-meio-ambientalistas  tais como reciclar, dirigir  carros pequenos / mais econômicos,   usar eletrodomésticos e lâmpadas eco-friendly etc...

Ou seja,  a pessoa mais ecológica do mundo,  ao ter 2 filhos,  já anula tudo de bom  que poderia estar fazendo pelo planeta,  uma vez que estará  aumentando sua pegada de carbono (carbon footprint )  aqui  em até 40 vezes!

 

O fato é que muita  gente  gosta de pensar  que  vive de maneira ecológica, simplesmente  porque costuma reciclar regularmente,  tomar banho frio ou de poucos minutos,  dirige carros menores e menos poluidores, só usa produtos biodegradáveis etc..etc.., mas o ponto chave  é  este:  

É  preciso  que as pessoas realmente PAREM e PENSEM,  antes de colocar mais um ser humano neste mundo. 

( E sim,  isto talvez inclua NÃO passar o seu precioso DNA adiante!  E   para aqueles que não podem se privar da experiência da  maternidade/paternidade,  signifique considerar a adoção!) 

 

Afinal, por que é que as pessoas têm filhos??

 

1) Porque é isso o que todo o mundo faz...

2)Para ter alguem para tomar conta delas quando ficarem velhas...

3)Para serem aceitas ( não discriminadas) pela família, os amigos, a sociedade em geral...

4) Para passarem adiante o 'nome da família'...

5) Para reviverem uma nova ( segunda?) infância...

6) Para terem  alguem que precise delas quando pequenos e as ame depois...

7) Para 'salvarem' um casamento... 

8) Para sentirem que suas vidas têm um propósito...

 

E o que dizer dos 'acidentes' ou , em alguns casos,  do velho e bom  'golpe da barriga' -  seja para atrelar o homem,  seja para lhe dar o golpe do baú ?

 

Bottom Line:   A verdade  é que  TODAS  estas razões são ,em maior ou menor  escala, egoístas (Pois afinal   o que é o egoísmo ?  Nada mais  do que 'a procura de algo que você acredita que lhe fará feliz...' - ou pelo menos que o deixará 'menos infeliz' !) .

 

Além disso ,  em nossa sociedade pró-natalista , existe toda aquela  lavagem cerebral que já conhecemos  feita pela Igreja  ( Quem transa e não procria vai pro Inferno!!) .  Afinal , eles querem mais é que seus 'fiéis' continuem se reproduzindo e trazendo cada vez  mais 'fiéis' para o rebanho - e consequentemente mais $$$$  para sua 'Igreja' !! 

Ora, só a Igreja Universal  tem mais de 8 milhões de fiéis. Já imaginou que pobreza  para os seus cofres no futuro , se metade destas pessoas resolvesse se tornar childfree??  Sacrilégio total!!

E  quanto aos governos?  Pois estes é que não vão  abrir a boca sobre o assunto, quando a cada dia que passa precisam de mais gente pra trabalhar, pagar imposto, ajudar a tampar um pouco o rombo da Previdência e principalmente ...CONSUMIR!  

 

A previsão é de que em 2012 o mundo contará com 7 bilhões de 'milagres'  humanos. 

 Isto é uma CATÁSTROFE!  

 

Mas existe uma escolha. 

A Idade Média acabou por volta do Descobrimento do Brasil , portanto nem todo o mundo deve pensar que PRECISA ou que DEVE  procriar.  

É bem verdade que o  preconceito contra os childfree ainda existe -  nos círculos familiares, no trabalho, entre os amigos e até em diversos aspectos da sociedade em geral.  Mas as coisas estão mudando aos poucos. Um dia,  quem sabe,  assim como os negros , as mulheres e os gays,  eles tambem venham a ter seus direitos escritos na Constituição!

 

 Mas até este dia chegar,   dá próxima vez que  topar com uma pessoa childfree ,   pense duas vezes antes de acusá-lo/a  de ser egoísta  ou me sair com um daqueles típicos 'bingos' ( perguntas ou comentários óbvios e impertinentes frequentemente dirigidos aos childfree...)  tais como  : 

'Como você é imaturo ! '  ou ' Vai acabar mudando de idéia...'  ou  'Quem vai cuidar de você quando ficar velho?' ( Aliás, pra essa aí tem uma boa resposta:  ' Quem?  Ué,   as mesmas pessoas que vão cuidar de você:  Os enfermeiros de um asilo de velhos! !) 

 

 É  sempre  bom lembrar que TODO O MUNDO faz as escolhas de vida que acredita lhes trará  satisfação, proteção e felicidade. 

E lembre-se que, mesmo que não concorde com sua filosofia de vida ,  no mínimo uma coisa é inegável:  

A pessoa que optou por ser  childfree  ( seja porque razão fôr...) está fazendo um  bem ENORME  ao que ainda resta de nosso planeta !  Só este fato já deveria ser razão suficiente para inspirar o nosso respeito e consideração por estas pessoas.

 

O melhor emprego americano e o brasileiro...

Pâmelli, 12.08.09

 

 

Hoje meu marido teve uma audiência na corte.

Não , ele não está sendo processado por nada...Mas na América ir à corte é como se ir ao cabeleireiro no Brasil.  Coisa normal ,  semanal,  algo quase do dia a dia.

 

 Neste caso meu hubby está contestando o valor do imposto cobrado pela prefeitura sobre o metro quadrado de nossa casa  - que , segundo ele,  não é justo e está acima do que deveria ser.  Enfim,  no big deal, mas se conseguir provar seu ponto , passamos a pagar um pouco menos de imposto.  Se não,  tudo bem.

 

O fato é que , ao observá-lo  se aprontar hoje de manhã para comparecer à corte, de repente eu  me vi pensando:

'Taí.  Em um futuro próximo,  provavelmente não haverá mais emprego  algum pra ninguem neste país. É gente demais, saindo pelo ladrão. Máquinas  por todo lado ,  substituindo o trabalho humano.  Salários altos demais para as empresas  poderem ( ou quererem) empregar mais  gente... A  consequente fuga dos empregos para os países mais sub-desenvolvidos , onde os salários pagos são mais baixos...

MAS...há  sim , um emprego ( bem pago ainda por cima!!),  que provavelmente vai sobrar e talvez até crescer cada vez mais nos Estados Unidos:  o de advogado!!

É claro.  O negócio , para quem é jovem e está começando a vida por  aqui , é estudar para ser advogado!   Afinal  neste país sempre haverá milhares de pessoas processando todo o mundo pelas mais diversas razões  ( algumas delas absolutamente absurdas e ridículas...) :

 

" Ai , me queimei quando entornei o copo de café nas calças... Este estabelecimento deveria me indenizar!"

" Fiquei obesa e perdi meu marido por causa do Big Mac do Mac Donald's...  Mereço algum tipo de compensação!'

" Meu cliente desenvolveu um câncer de pulmão porque fumava 3 maços do  cigarro por dia.  A culpa é da Malboro! "

 

E por aí vai.

Esqueçam a engenharia,  a informática, as vendas... O negócio é seguir para a Law School,  pois sempre  haverá milhares  de 'court appearances'  acontecendo todos os dias,   em todos os cantos do país,  pelas mais diversas razões.  

Além dos casos mais óbvios de roubos, assassinatos, estupros, sequestros etc...,sempre haverá aquelas audiências de gente protestando  contra multas ( segundo eles, injustas...) que receberam no trânsito ; gente como o meu marido,  pleiteando uma 'revisão do seu caso de imposto residencial. ' It's just the American way...

Ser um advogado -  eis atualmente a única garantia de emprego  no futuro  na América.

 

 

E quanto ao  Brasil??

Qual é o melhor emprego?

Se me perguntarem eu diria , sem pestanejar :   É o de um SENADOR!!

 

Ora , ora... Vejamos:

Somados salários e vantagens,  o Brasil desembolsa cerca de R$ 120 mil ( reais) -  ou , mais ou menos $60 mil dólares...-  TODOS OS MESES,  com cada um de seus 81 senadores e gabinetes.   Ou seja:  por ano um senador custa por perto de R$ 1,5 milhão de reais aos brasileiros!

Humm... Nada mal , heim?

 

A atribuição de um senador ( segundo a Wikipédia...) varia de país para país,  sendo que no Brasil , ele tem a responsabilidade de zelar pelos dirieitos constitucionais do povo,  julgar o Presidente da República e analisar e votar projetos de lei...

 

 

Sendo assim,   vejamos alguns exemplos de senadores ( aliás, EX ou atuais PRESIDENTES do Senado....):

 

1)

Jader Barbalho -  Renunciou à presidência do Senado em 2001 para escapar da cassação.  É alvo de oitos processos no STF, a maioria por desvio de dinheiro público

(Revista Veja)

 

2)

Renan Calheiros (Wow,  isto é que é classe! ) 

 - Renunciou à presidência do Senado em 2007 para não ser cassado por corrupção ( Revista Veja)

 

 

3)

José Sarney - atual Presidente do Senado ,  envolvido em denúncias , entre elas: nepotismo e a manutenção de conta secreta no exterior .  Tambem  é alvo de quatro processos no Conselho de Ética do Senado  ( Revista Veja)

 

Bem,  a julgar pelas caras,  os gestos, os currículos ( fichas policiais?) ... não me parece que seja um trabalho que exija grandes atributos e talentos ,  seja  do ponto de vista acadêmico, mental, social, físico etc.   E o salário Ó... NADA  parecido com o do Professor Raimundo! 

Então,  vai me dizer...É ou não é um SUPER emprego, o de um Senador brasileiro ??

 

 

E agora , só para nos divertirmos um pouco (   já que é sempre melhor rir do que chorar...) , que tal uma pequena amostra da nobre e elevada  interação de alguns  destes senhores  em seu ambiente de trabalho na câmara alta do  Congresso Nacional?

 

( O vídeo é desta semana)

 

 

 

 

 

Nossos 'amigos' no Facebook...

Pâmelli, 07.08.09

 

Depois de vários convites  de amigos e conhecidos para me juntar à comunidade do Facebook... finalmente resolvi aceitar. 

 Afinal,  é possível  sim,  reencontrar várias pessoas com quem perdemos contato ao longo dos anos - amigos, conhecidos, ex-colegas de escola etc... ( Recentemente, por exemplo,  reencontrei duas amigas de quem não tinha notícias há cerca de vinte anos!! lol)

 

O Facebook não deixa de ser um 'espelho' daquela  pessoa que você conhece ou conheceu no passado - e a verdade é que a maioria das pessoas muda relativamente pouco ( pelo menos nos seus pontos essenciais..) ao longo dos anos.

 

O meu perfil - que nunca fiz o gênero  'imensamente popular e com TONELADAS de "amigos"  ...'  - conta com menos de 30 contatos  (um número bem pequeno quando se considera a média do pessoal na comunidade...)

 

Enfim,  outro dia,  depois de já ter lido as principais notícias dos jornais online,  checado meu correio eletrônico e dado uma peruada nos meus sites preferidos..., resolvi matar um pouco o tempo dando uma olhada ( espionando?? lol) o perfil de alguns dos meus 'amigos' no Facebook.

O resultado, embora não tenha me surpreendido,  não deixou de ser interessante.

 

A primeira coisa que notei foi o número de "amigos"  no perfil de cada um.

Naturalmente aqueles que  ( desde o tempo de escola) sempre fizeram o gênero  ''high profile and popular"  , tinham em média mais de 200 deles! 

Dois deles  - os mais 'estrelas'  da turma ; aqueles que sempre participavam das peças, shows, bandas da escola... Além de serem os tops da turma...-  tinham 299  e 421  "amigos" respectivamente.

( Imagino com quantas destas pessoas estes meus ex-colegas REALMENTE se comunicam,  trocam e-mails, notícias e marcam de se encontrar de vez em quando...)

Estas são as  pessoas  que costumam  escrever coisas deste tipo em seu 'mural' no  Facebook:

 

  "  Hoje , enquanto estava  mandando um text message no  celular para uma pessoa,  acabei perdendo o ônibus ! " 

 

Então um dos seus  299 ' amigos'  comenta: 

 

" Espero que  tenha sido uma mensagem importante  , ou então que você não precisasse realmente ir ao tal lugar..." 

 

Ao que o outro responde:

 

" Hahaha... Na verdade , as duas coisas! " 

 

   Sentiu o clima?

 

Depois  há os perfis dos hipocondríacos.  Aqueles que a cada dia deixam uma mensagem em seu próprio mural do gênero:

 

" Hoje amanheci com uma gripe horrorosa..."   ou   "  Estou com uma dôr nas costas me matando..."  ou   " Estou com dôr de garganta há dias..." 

Ao que , naturalmente,  vários dos seus 'amigos'  comentam com um desejo de melhoras ou algum conselho  médico, esotérico  etc...ou sugestão de massagem erótica  ( caso a pessoa tenha um parceiro/a ) 

 

 

Depois há os perfis dos tipo ' família' .

São aquelas pessoas que , depois que tiveram filhos, parecem que perderam  o interesse na própria vida,  assim como a  própria identidade e personalidade!   Tudo o que contam, mostram  e comentam em 'seu perfil' ,  gira em torno dos filhos,  suas atividades, férias etc...

Em suas páginas  , não se vê nada além das fotos dos pimpolhos -  mesmo quando se trata de algumas 'férias ou viagem em família' ...

Alguns chegam ao ponto de colocarem a foto de um dos filhos  no lugar de sua própria foto do perfil!! 

 

Ainda como parte deste grupo ,  há aqueles ( geralmente são AQUELAS...) que,  ao que parece,  na falta de uma vida mais rica , interessante e produtiva ( social, intelectual, profissional...),  estão sempre  assoberbados e mal têm tempo para escrever duas linhas em seu próprio perfil ou comentar algo no dos outros... 

 

" Preciso correr!  " 

" Ai, meu dia não dá pra nada! " 

" Tenho tanto o que fazer e tão pouco tempo..." 

 

É como se estivessem tentando convencer a si mesmas ( assim como o resto do mundo)  que sua vida é super intensa,  produtiva , cheia de propósito e ocupações importantíssimas.

Sim,  suponho que seja  melhor  viver CORRENDO  de um lado ao outro ,   do que  PARAR  para pensar e , quem sabe,  começar a analisar a própria vida...  -  ou, em alguns casos,  a FALTA  dela!!

 

Por fim há os eternos solteiros...

  Aqueles que  se declaram ' à procura de um relacionamento sério...' mas que nunca conseguem  ficar com a mesma pessoa mais do que 2 dois meses!

O  mural  destas pessoas está sempre cheio de notinhas de amigos/as e potenciais 'casos' , marcando encontros... combinando de se ligar... trocando  fotos de alguma festa, passeio, dia passado  na praia etc.

 

" Adorei ter falado contigo por telefone.  Vamos marcar de nos encontrar!"

" Você vai ao vernissage da mãe do Roberto no sábado ??"

" Vamos marcar um chopp na sexta..."

 

Estes, eu confesso,  pra mim são os mais divertidos.

( Pelo menos seus perfis não ficam parecendo uma árvore genealógica, nem um prontuário médico!)

 

In any case,  o  Facebook,  definitivamente,  é o ESPELHO das pessoas que  conhecemos.