O curso que saiu pela culatra
Categoria de post: desabafo
Puxa, faz séculos que postei algo no blog pela última vez!
Depois que voltamos da França, já comecei (e , thank God!) estou quase terminando meu primeiro curso de verão na U.T. - um curso de “antropologia” intitulado “ Política de raça e violência no Brasil” . (Ai. Já deu pra sentir o drama, né?)
Eu poderia ficar uma hora aqui só escrevendo sobre isso. Mas o resumo é o seguinte: Depois daquele curso penoso e chatérrimo de latim, pensei em seguir um cujo o assunto eu já “conhecesse razoavelmente”. A idéia era levar a coisa de uma maneira mais light (mesmo que o tema não fosse exatamente um romance à la Jane Austen…) e ganhar mais 3 créditos para o meu minor, que afinal, é Antropologia. Wow , ledo engano!
Mas, como é que eu poderia imaginar que, numa universidade Americana, texana, eu toparia justo com uma professora TOTALMENTE radical, petista, e 100% pró-favelados brasileiros??
Ok, a moça é inteligente, doutora , preparada… Mas , talvez por ser uma Americana negra , vê racismo e preconceito em TUDO! Chega a ser paranóica. Pior: Os textos e artigos que nos faz ler são, em sua maioria , escritos por “ scholars” brasileiros, igualmente radicais, petistas e pró-favelados! (Há uma ou outra exceção). Alguns, apesar de seus PhD’s , são pessoas visivelmente frustradas e complexadas; aqueles típicos intelectuais falidos, que pouco trabalham e muito estudam – e que DETESTAM “pessoas que usam sapatos italianos e pisam em chão de mármore nos apartamentos dos Jardins Paulistas”.
Em suma, o curso tem sido um outro martírio pra mim, que sou obrigada a ouvir a professora ensinar em classe que “todos os policiais no Brasil são criminosos e frequentemente membros do esquadram da morte” ; que lugares como o Morro do Alemão não são favelas, e sim ‘bairros’ do Rio de Janeiro; que a Baixada Fluminense não é um lugar perigoso; que o BOPE é composto por policiais sanguinários , que matam o povo inocente das favelas a torto e a direito; , que o governo brasileiro vem sistematicamente, desde os tempos da abolição, praticando o “genocídio” contra os negros no Brasil, entre outras coisas, “esterilizando mulheres negras sem o seu conhecimento” , e por aí vai.
Eu , é claro que não ouço essas barbaridades calada e ontem mesmo soltei o verbo , quando não aguentava mais ouvir tamanha apologia das favelas e dos “coitadinhos” dos favelados. Então virei-me para a a turma e disse:
“Minha gente, eu cresci num bairro bom, classe media , da cidade do Rio de Janeiro. Não cresci no meio de tiroteio , nem de traficantes. No entanto , como mesmo os bairros bons no Rio estão rodeados de favelas por todos os lados, já fui atacada e assaltada mais de uma vez ao sair ou voltar para casa. Mais: todos os meus amigos e conhecidos, já foram igualmente assaltados pelo menos uma vez. Vocês acham isso normal?? Pois esta é a realidade da classe media no Brasil. Acontece que nós lá, ao contrário de vocês aqui nos E.U. , não temos uma segunda emenda em nossa Constituição, que nos dê o direito de comprarmos uma arma e dar um tiro na cara de um ladrão que esteja invadindo nossa casa, para nos assaltar, nos estuprar ou quem sabe assassinar. Tudo o que nós, a classe media no Brasil , podemos fazer para nos proteger, é colocar uma grade de ferro envolta de nossas casas, comprar um cachorro e rezar! “
O silêncio na sala foi total. A professora reconheceu que eu tinha o meu ponto de vista, embora não tenha tomado o meu lado. ( Afinal ela está convencida que quem não é favelado no Brasil, só pode pertencer a elite branca, racista e opressora)
Outro dia a "antropóloga ativista" nos mostrou um pedaço do Show da Xuxa, numa cena que fazia troça de um casal de caipiras e uma negra. O quadro, que era completamente ridículo, racista e de mal gosto, era para ser ‘engraçado’. Então ela completou dizendo que “ milhares de brasileiros assistem e adoram o programa” . Eu repliquei dizendo que o show da Xuxa era igual ao do Jerry Springer nos E.U. – ou seja, um programa visto principalmente por gente sem instrução e de gosto bem duvidoso. Ela revidou dizendo que “ pelo menos 80% dos brasileiros assistiam” , ao que eu respondi que ‘não duvidava, já estávamos falando de um país do terceiro mundo..’ e por aí vai.
Enfim, esse é o curso no qual eu me inscrevi , pensando que iria ter um break nesse verão. Um verdadeiro tiro que saiu pela culatra!
O jeito agora é esperar e rezar pro próximo ser mais agradável , ou pelo menos neutro , lol . O tema será sobre o Oriente Médio - então só pode ser melhor!!
Só espero desta vez pegar um professor árabe , original do lugar - e não um outro Americano transplantado, fazendo trabalho etnográfico nos piores antros do país e depois querer vir nos ensinar o quão” injusta, horrível e permeada de racismo e injustiça é a vida de alguns pobres diabos por lá.”
E quanto a classe media? Onde é que estão os seus aliados e defensores??