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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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O curso que saiu pela culatra

Pâmelli, 04.07.13

Categoria de post:  desabafo

 

Puxa,  faz séculos que postei algo no blog pela última vez!

Depois que voltamos da França,  já comecei  (e , thank God!)  estou quase terminando  meu primeiro curso de verão na U.T. -  um curso de “antropologia”  intitulado “ Política de raça e violência no Brasil” .  (Ai.   Já deu pra sentir o drama, né?)

Eu poderia ficar uma hora aqui só escrevendo sobre isso.  Mas o resumo é o seguinte: Depois daquele curso penoso e chatérrimo  de latim,  pensei em seguir um cujo o assunto eu  já “conhecesse razoavelmente”.  A idéia era levar a coisa de uma maneira mais light (mesmo que o tema  não fosse exatamente um romance à la Jane Austen…) e ganhar mais  3 créditos para o meu minor,  que afinal,  é Antropologia. Wow , ledo engano!    

Mas, como é que  eu poderia imaginar que, numa universidade Americana,  texana,  eu  toparia justo com  uma professora  TOTALMENTE radical,  petista, e 100% pró-favelados brasileiros?? {#emotions_dlg.barf}

 

Ok,  a moça é inteligente,  doutora , preparada… Mas , talvez por ser uma Americana  negra ,  vê racismo e preconceito  em TUDO!  Chega a ser paranóica.  Pior:    Os textos e artigos que nos faz ler são,  em sua maioria ,  escritos por “ scholars”  brasileiros, igualmente radicais, petistas e pró-favelados! (Há uma ou outra exceção).  Alguns,  apesar de seus PhD’s , são pessoas  visivelmente frustradas e complexadas; aqueles típicos intelectuais falidos, que pouco trabalham e muito estudam – e que DETESTAM  “pessoas que usam sapatos italianos e pisam em chão de mármore nos apartamentos dos  Jardins Paulistas”.     

Em suma,  o curso tem sido um outro martírio pra mim, que sou obrigada a ouvir a professora ensinar em classe que “todos os policiais no Brasil são criminosos e frequentemente membros do esquadram da morte” ;  que lugares como o Morro do Alemão não são favelas, e sim ‘bairros’ do Rio de Janeiro;    que a Baixada Fluminense não é um lugar perigoso;  que o BOPE é composto por  policiais sanguinários , que matam o povo inocente das favelas a torto e a direito;  ,  que o governo brasileiro vem sistematicamente,  desde os tempos da abolição, praticando o “genocídio” contra os negros no Brasil, entre outras coisas,  “esterilizando mulheres negras sem o seu conhecimento” ,  e por aí vai.   

Eu , é claro que não ouço essas barbaridades calada e ontem mesmo  soltei o verbo , quando não aguentava mais ouvir tamanha  apologia das favelas e dos “coitadinhos” dos favelados.  Então virei-me   para a a turma e disse:

“Minha gente,  eu cresci num bairro bom,  classe media ,  da cidade do Rio de Janeiro.  Não cresci no meio de tiroteio , nem de traficantes.   No entanto , como mesmo os bairros bons no Rio estão rodeados de favelas por todos os lados,  já fui atacada e assaltada mais de uma vez ao sair ou voltar para casa.  Mais:  todos os meus amigos e conhecidos,  já foram igualmente  assaltados pelo menos uma vez.  Vocês acham isso normal?? Pois esta  é a realidade da classe media no Brasil.    Acontece que nós lá,  ao contrário de vocês aqui nos  E.U.  , não temos uma segunda emenda em nossa Constituição,   que nos dê o direito de  comprarmos  uma arma e dar um tiro na cara de um ladrão que esteja invadindo  nossa casa,  para nos  assaltar, nos  estuprar ou quem sabe assassinar.  Tudo o que nós,  a classe media no Brasil ,  podemos fazer para nos proteger,   é colocar  uma grade de ferro envolta de nossas casas,  comprar um cachorro e rezar! “ 

O silêncio na sala foi total.  A professora reconheceu que eu tinha o meu ponto de vista, embora não tenha tomado o meu lado. ( Afinal ela está convencida que quem não é favelado no Brasil,  só pode pertencer a elite branca,  racista e opressora)

 

Outro dia  a "antropóloga ativista" nos mostrou  um pedaço do Show da Xuxa, numa cena que fazia troça de um casal de caipiras e uma negra. O  quadro, que era completamente  ridículo,  racista e de mal gosto, era para ser  ‘engraçado’.  Então ela  completou dizendo que “ milhares de brasileiros assistem e adoram o  programa” .  Eu repliquei dizendo que o show da Xuxa era igual ao do Jerry Springer nos E.U. – ou seja,  um programa visto principalmente por gente sem instrução e  de gosto bem duvidoso.     Ela revidou dizendo  que  “ pelo menos 80% dos brasileiros assistiam” , ao que eu respondi que   ‘não duvidava,  já estávamos falando de um país do terceiro mundo..’   e por aí vai. 

Enfim,  esse é o curso no qual eu me inscrevi , pensando que iria ter um break nesse verão.   Um verdadeiro tiro que saiu pela culatra!

 O jeito agora é esperar e rezar pro próximo ser mais agradável  , ou pelo menos neutro , lol .  O tema será sobre o Oriente Médio -  então só pode ser melhor!!

 Só espero desta vez pegar um professor árabe ,  original do lugar  -  e não um outro Americano   transplantado,  fazendo trabalho etnográfico nos piores antros do país e depois querer vir nos ensinar  o quão” injusta, horrível e permeada de racismo e injustiça é a vida de alguns pobres diabos por lá.”

E quanto a classe media?  Onde é que estão os seus aliados e defensores??   

 

Coisas da Vida

Pâmelli, 19.10.12

Faz  tempo que não passo por aqui!!

Nossa,  nem parece que sou eu quem publico no Parada!! Lol

 

A verdade é que tenho estado meio ocupada com outras coisas – inclusive com o meu atual programa no ACC .  ( Este semestre estou seguindo um curso em Western Civilization , ou História do Ocidente).  Ah,  e afinal tirei o meu diploma de Associate's Degree em Antropologia! {#emotions_dlg.smile}

 

 

Mas, o que tenho de novidades ou assuntos que gostaria de abordar no Parada??

Nada de especial.

No entanto,  há dois ou três pontos que gostaria de mencionar rapidamente...

 

Primeiro:  ( A boa novidade) -   Agora temos aqui em Austin uma música e cantora de Bossa Nova!   Seu nome é Paula Maya e ela costuma tocar em vários lugares da cidade.

Finalmente!  Na  "Cidade da Música" (como a capital do Texas  gosta de se auto-intitular ) ,  é vergonhoso que não haja sequer um único  clube de jazz que se preze. ( O tal do Elephant Room é uma pobreza de lugar e com uns grupinhos bem chinfrim...) 

 

 

Segundo:  Gostaria de saber... Quem foi o MÉDICO  ( e tenho certeza que só pode ter sido um HOMEM , pois uma mulher jamais inventaria um troço desses! )  que inventou aquele aparelho de tortura da era moderna ,  o que faz a Mamografia??  ( Mamogram,  em inglês). 

Ok,  é certo que ele ‘salva vidas’ , já que detecta cedo o problema do câncer de mama... Mas sinceramente,  não dava para inventarem algo menos horrível e doloroso??

Duvido que os homens do planeta se adaptariam e aceitariam uma versão  , digamos,  ‘pênisgrafia’ ou ‘sacografia’   para detectarem o câncer naqueles seus  "arredores".  Nunca!

Eles simplesmente  não fariam o exame preventivo.    

 

Tenho certeza que , se os homens  precisassem fazer  um exame  desses todo ano,  após os quarenta anos,  com certeza algum médico  já teria inventado um aparelho menos horroroso. Mas o  fato é que o aparelho da mamografia  já existe há mais de 30 anos e ninguém até hoje  pensou em desenvolver algo mais 'moderno'  - quer dizer,  algo menos feio, duro, frio e  doloroso  para a mulher .

 

Ok,  então que pelo menos inventassem uma 'pílula' , para ficarmos meio doidonas na hora do exame!  

Sabem o que eu faço antes de entrar na sala?   Eu levo na bolsa uma garrafinha de uísque ( daquelas que se usava antigamente  em avião , lol) e tomo umas "goeladas" antes de encarar o aparelho.   No kidding!

 

Então, já que isto não é do interesse dos homens... 

MULHERES médicas, cientistas, gênios femininos... , POR FAVOR ,  inventem algo de mais novo , moderno e   menos horripilante para nós!!   Já  está mais do que na hora!!  

 

Terceiro e último:  ( Uma nota sobre minha professora de Western Civilization) :

Ela é muito boa, profissional e gente fina.  Uma pessoa agradável mesmo.   Ensina da maneira antiga :  sem qualquer uso de Powerpoints ou a Internet.  Em suma:  sua aula é 100% 'lecture' (Apresentação,  discurso oral).

   

Mas Professor B. tem duas coisas que  nos distraem muito:  um cabelo MUITO  perturbador!  Lol ( Crespíssimo e num tom de vermelho horripilante,   parecendo uma bruxa medieval...) e uma voz CHATÉRRIMA ;  com um timbre desagradável,  de personagem malvado ( tipo bruxa velha)  de  filme de criança.  É sério. 

Muito estranho, pois ela tem um corpo super jovem ( magra e alta,   com cara de trinta e poucos) , mas o rosto e a voz bastante envelhecidos.  Imagino que deva estar por volta dos cinquenta  anos.

 

Então fico eu  ali,  sentada na primeira fila  e pensando:  Puxa como eu gostaria de lhe dar uma dica de uma cor de cabelo ( um castanho douradinho...) que lhe cairia bem e lhe deixaria tão mais jovem e bonita! 

Já quanto à voz de bruxa velha,  penso que umas aulas de impostação melhorariam  consideravelmente o seu timbre cavernoso...

 

Será que eu lhe mando um bilhetinho anônimo??  lol

 

 

De férias, literatura e leitores!

Pâmelli, 28.05.12

Categoria de post:  blog update

 

Já faz duas semanas que estou de férias do Community College.  Aliás,  semana que vem já começa o curso de verão!

Durante estes dias,  aproveitei pra colocar a casa (principalmente  as gavelas e armários ) em ordem , e ler algumas obras que , já  fazia tempo,  estavam na minha estante "aguardando a sua vez...".

 

É que depois que comecei meu curso de Antropologia no ACC ( Austin Community College),  com tudo o que tenho de ler e estudar,  não sobra muito tempo para  minha  “leitura de prazer”.  Ora , tenho livro que comprei há mais de um ano e que ainda não consegui ler! lol

Mas, nestas duas semanas aproveitei para finalmente tirar uma dúvida:   “O Crime do Padre Amaro” , do Eça de Queiroz,  afinal  tinha alguma relação com “La Faute de L’Abbé Mouret” ( O Pecado do Abade Mouret)  , do Zola?  ( O primeiro  eu comprei há dois anos atrás  num sebo no centro do Rio ; o segundo, o ano passado, em Paris ). 

 

No colégio,  há mil anos atrás,   me lembro quando tivemos de ler o “Primo Basílio”(que supostamente foi inspirado no livro de Flaubert,  “Madame Bovary”).   Eh bien,   após ter lido as quatro obras – as duas do autor português e as duas outras dos dois autores franceses…-   o que posso dizer é o seguinte:  “O Primo Basílio” é BEM melhor do que “Madame Bovary”  e “O Crime do Padre Amaro” é  ANOS LUZ  superior ao livro,  ( alias, chatérrimo!)  do Zola!  ( E olha que  conheço MUITO  bem a obra do autor naturalista francês , que é  um de meus autores preferidos. Mas esse negócio dele escrever estória de padre, puritano e cheio de culpa , não dá não. Zola é mesmo imbatível na hora de descrever as taras e os vícios das pessoas comuns! lol).   

Mas voltando ao Padre Amaro e ao Abade Mouret… ,  neste caso não podemos sequer dizer que ‘ qualquer semelhança é mera coincidência"  já'que as duas obras não têm  NADA a ver.   Pra começar,  o livro do Eça de Queiroz foi publicado em 1874 e o de Zola em 1875.   E quanto às duas estórias e aos dois personagens principais... um não tem a menor relação com o outro.  O abade francês era um bolha.  Já o padre português, um pulha!  Voilà,  eis a única "relação" entre os dois.   Então, quem pensa que o Eça ( por ser menos conhecido mundialmente do que o Zola)  imitou a obra do outro, nunca esteve tão enganado. Ok,  pode até ser que tenha se inspirado em "Mme. Bovary" ao escrever "O Primo Basílio",  mas quanto ao Abbé Mouret ..., non, non et non!  

--

E falando em leitores... Aproveito para agradecer  àqueles que me mandaram um e-mail  e deram um Alô ao Parada. 

De fato,  somente as pessoas no Brasil e Estados Unidos se identificaram.  Os outros,  ( mais tímidos?) resolveram continuar ‘ocultos’. 

Okso be it

 

Então, OBRIGADA :  Robinson e Maria Clara , leitores  do Rio;   à galera childfree, (de outras localidades do Brasil)    Mel,  Jonas e Tati  ( Sim,  eu sei que faz tempo que não escrevo nada sobre o assunto!)  e  last but not least,  aos residentes  semi-yankees assim como eu , lol,    Claudia de Pittsburgh,   Betty e Paul aqui de Austin e Rebecca de NYC.

 

E agora,  preciso começar a organizar a pasta e o material  dos dois cursos que vou seguir neste verão:  “Texas Government”  ( que PORRE!  - mas é obrigatório…)  e o de  "Solar System" ( eu precisava de mais um curso de ciências no meu curriculum…).   Ah, e por falar em estudos,  a aluninha  coroca aqui se saiu com três   “A”s  no semestre passado!  Nada mal heim? {#emotions_dlg.smile}  Ainda mais considerando que não gostei nem um pouco de dois dos cursos... 

 Fui.

 

 

 

     

 

 

Nos bastidores nada glamorosos da arqueologia

Pâmelli, 24.04.12

 Categoria de Post:  desabafo

 

Hoje é terça-feira – quer dizer,  o dia daquele programa HORROROSO  ,  a tortura-texana do curso de “Field Methods in Archaeology” . 

Pois é.  Hoje é dia de catar minhoca, cacos de vidro e PEGAR PULGAS  das milhares de galinhas  que infestam a fazenda de Boggy Creek, já que a dona ( uma típica bicho-grilo de arrepiar os cabelos de qualquer super-herói) não tem sequer a consideração de prender os galináceos enquanto trabalhamos no seu terreno.  

 

É sério.  Semana passada chegamos em casa com pulgas!!

É mole? ( E olha que temos um gato e cachorro  e nunca tivemos isso aqui antes…). Meu braço está cheio de mini-dentadas.

 

Ontem à noite eu disse ao meu marido:  Que tal matarmos a “aula” de amanhã?

Afinal, sou uma das poucas alunas que ainda não matou nenhum dia de aula naquele curso;  a única que tem entregue os  trabalhos de casa TODA semana. ( E a professora sequer se dá ao trabalho de nos entregar o dever de volta, para sabermos o que fizemos de bom ou ruim nele…  O negócio dela é simplesmente botar a gente agachado no mato, catando os pseudo-artefatos na maldita fazenda!).

 

 Mas meu hubby respondeu que devíamos ir.  ( Esse é o seu lado estóico e ‘americano certinho’;  o que recolhe o cocô do cachorro no jardim do vizinho - mesmo que o "delinquente"  tenha sido o nosso chiuaua , que faz um cocô do tamanho de um amendoim…-   e sai carregando o troço num saquinho  plástico durante dez quarteirões,  até finalmente encontrar uma lixeira!)

   

Resumo da Ópera ( ou melhor,  da tragédia):   Não vejo a hora de terminar esse semestre e nunca mais voltar naquele pulgueiro.

Literalmente!  

 

Agora já sei porque tudo quanto é arqueólogo  tem sempre um aspecto  tão “acabado” e maltrapilho.  É de viver no meio do mato e deserto por aí afora,  fazendo field work  debaixo do sol rachante, e atraindo para si  tudo quanto é tipo de parasita e inseto grotesco que a natureza já  produziu.  Arrreee.

 

 

Blog Update

Pâmelli, 16.04.12

Ok,  o Parada anda bem parado ultimamente, mas  também não tenho tido nada de tão excitante pra contar neste ultimo mês.

 

No curso de Regional Geography tivemos duas excursões aqui por perto , nos arredores de Austin:  uma até a formação rochosa de Enchanted Rock  e a outra nas "cachoeiras" ou "quedas"  no Parque estadual de Pedernales Falls. 

 A subida até o topo da rocha até que foi legal (mais ou menos uma meia hora de caminhada moderada).    

Nota:   Esta  rocha  , em forma de cogumelo,  ficava na metade do caminho, lol.

 

 Já  a tal   "cachoeira" ou as  "quedas" no Parque de Pedernales Falls…   Arre, que coisa mais pobre !!

 Ainda assim,  era proibido nadar no local, supostamente porque não havia qualquer salva-vidas por perto... ( Sinceramente,  mais fácil seria alguem se afogar na banheira da  própria  casa!) 

 

Ok,  eu não estava esperando nenhuma Catarata do Iguaçú ou Niagara Falls,  mas ISSO!  

    

( Quem não achou nada ruim for a Lila , que adora qualquer pretexto pra sair de casa...  E sim,  estas são as 'cachoeiras' de Pedernales Falls!! )

 

Mas os dois passeios organizados por Professor J.  até que foram divertidos. 

Programa de Índio mesmo está sendo a tal  "excavação"na  fazenda de Boggy Creek, aqui nos arredores de Austin,  e  que faz parte obrigatória do nosso curso de Field Methods in Archaeology.

 Já faz duas semanas que seguimos pra lá nas terças-feiras no final da tarde  {#emotions_dlg.confused} - o dia de nossa aula.

No primeiro dia  choveu -  e eu dei Graças à Deus!  Lol

Já na semana passada fez tempo bom {#emotions_dlg.sidemouth} - então tivemos mesmo que colocar a mão na pá, na terra e no balde! Sem falar nas  telas gigantes onde fazemos a seleção dos materiais  "altamente arqueológicos’ que encontramos no solo da tal fazenda. (Cacos de vidros, cotocos de árvores, minhocas e ocasionalmente algum pedaço de brinquedo…) E detalhe:  o local é CHEIO de galinhas ciscando em volta da gente.  Mais de 50.  ENORMES , assim como tudo o mais no Texas.  Tudo.  Tudo que eu sempre sonhei!

 

Naturalmente a pseudo-arqueóloga aqui vai  se arrastando na "Operação Indiana Jones"  e fingindo que está  contribuindo.  Fazer o quê? O curso é obrigatório para o meu degreeBut, let's get something straight here:  Estou seguindo o curso de Antropologia, mas minha ideia é , algum dia,  num futuro não muito remoto,  passar a trabalhar em algum museu ou cidade histórica ( naturalmente na beira do mar…) - como guia.  Deus me livre de sair por aí,  me metendo no meio do mato , do deserto e sei lá mais aonde,  cavoucando na terra a procura de  "artefatos arqueológicos"!  Não, muito obrigada.  Prefiro falar sobre eles uma vez que já estiverem limpos, devidamente analisados e dispostos em alguma prateleira de museu ( de preferência com ar-condicionado e um belo café...lol).

 

Enfim,  pelo menos meu marido resolveu se juntar ao grupo  - minha professora achou ótimo ter mais um ‘voluntário’  nesse baita  programa de índio…- o que pra mim é duplamente bom:  tenho carona pra ir na tal fazenda ( que fica meio afastada do centro da cidade…) e companhia no sufoco!  lol   Alem do mais,  resolvemos que nas terças à noite,  após o trabalho em Boggy Creek,   paramos pra jantar em um café argentino que fica naqueles arredores e cujas empanadas  (deliciosas!)  são uma boa ‘recompensa’ depois da tortura. ( Já no carro,  damos umas espanadas na poeira , trocamos de roupa e disfarçamos um pouco a aparência texano-selvagem antes de seguirmos para o Buenos Aires Café ).  

Afinal, minha política é a seguinte:  Sempre que tenho de fazer algo de chato ou desagradável, pelo menos tento 'enfeitar' a desgraça de alguma forma! 

 

Thank God,   faltam apenas mais dois meses para terminar o  curso e então estou livre! 

Saudade deste semestre no Community College só vou ter mesmo do curso de Regional Geography do Professor J.   Nesse,  pelo menos,  o meu  A  já está garantido. {#emotions_dlg.smile}

 

 

 

De volta às aulas e ao blog!

Pâmelli, 20.02.12

Puxa ,  faz tempo que não passo por aqui e já estava até com saudades do Parada!

Acontece que as aulas no Community College já recomeçaram e agora é muito o que eu  tenho de ler e estudar.

Sorry  bloguinho  {#emotions_dlg.portugal}.  No futuro vou tentar não ficar tanto tempo sem passar por aqui...

 

 

 Anyway,  neste semestre são 3 os cursos que estou fazendo :  U.S. Government,  Regional Geography e Topics of Anthropology.

 

O curso de Governo dos E.U.  é até interessante e estou gostando bastante do livro “We the People” pelo Professor de Harvard  Thomas E. Patterson.  Nosso professor aqui  ( Dr. M.)   é um senhor nos seus sessenta e tantos,  muito bem vestido , educado ...e claramente republicano!{#emotions_dlg.confused}

 Pois é, entre outras coisas,  ele acha que ‘o governo não tem nada que ajudar ninguém;  que na América sempre foi ‘cada um por si’ e é claro,  nunca perde uma oportunidade de malhar os democratas, o Presidente Obama e em especial o seu Plano de Saúde  para todos. 

Pra mim ,  o pior  é me ver  em uma sala de aula, no meio deste  estado GIGANTE  cheio de armadillos e gambás (literalmente no meio  do NADA!) e tendo de ouvir  os comentários  “altamente intelectuais” dos meus colegas  100% caipiras, conservadores e republicanos!

Deve haver exceções na aula ,  só que estas pessoas  infelizmente não se manifestam .

Então de vez em quando , quando não aguento mais,  faço algum comentário e defendo o Presidente e suas ideias ‘ socialistas’.  ( Ai Deus,  dai-me saco pra ouvir tanta barbaridade...)

 

Realmente, me  parece INCRÍVEL que num país rico e desenvolvido como os E.U.A.  ,  ainda tenham pessoas que achem que está “tudo bem”  mais de 40 milhões da americanos viverem SEM plano de saúde!  Que um sistema onde todos os cidadãos de um país têm cobertura de  health care , é "coisa de país comunista".   Francamente!     

Em suma:  a aula é basicamente um martírio , mas pelo menos o livro é muito bom ( de fato, é o que salva a pátria ...)  e o professor ,  como é educado e não faz o tipo exaltado,   pelo menos respeita a opinião dos outros  ( Inclusive a minha , que normalmente vai de encontro com a  dele e a de  99% da turma).  Obrigadíssima,  Primeira Emenda Americana !  

So much for my U.S. Government class…

 

Ok,  depois tem a professora antropóloga do curso de   “Métodos de Escavações” que também tive de seguir neste semestre.  O lado bom é que ela é bem experiente e interessante ( afinal é uma antropóloga! Lol) , e assim como Professor M. , também já passou das 6 décadas . 

O "ruim" é que,   entre outras coisas,  temos  de botar a mão literalmente na terra e cavoucar buracos em uma fazenda aqui nos arredores de Austin (  cuja história data de 1840...) .  Nosso objetivo lá é  encontrar o local onde ficava a antiga cozinha -  já que a casa,  sendo uma típica construção texana do século 19,  tinha sua cozinha FORA da  residência principal ( por razão do risco de incêndio).  Sei lá se vamos encontrar alguma coisa realmente de interesse ( quem sabe um fémur ou tíbia de algum antigo escravo da fazenda ??) , mas enfim...

Fora isso, Dr. B  (  sim,  logo no primeiro dia ela fez questão de nos avisar que tem um PhD...) também tem nos mostrado um pouquinho do filme do Indiana  Jones  no final de cada aula.  LOL   Nada mal né?   Afinal assistir ao Harrison Ford ,  ainda jovem e bonitaço,  dando uma de  arqueólogo à la James Bond... Quem é que  vai reclamar?

 

Por fim vem  a minha aula e o professor preferidos:  Regional Geography e Prof. J.  {#emotions_dlg.smile}

Pra essa eu realmente vou com prazer!  

A aula, como o nome já diz,  é isso mesmo :  Geografia Regional  (  neste caso,  mundial...).

Rios, montanhas, desertos... Sistemas  políticos,  a economia e notícias atuais do que anda acontecendo em cada um desses lugares.

Acabamos de terminar com as Américas e nesta semana começamos com a Europa.    Sim,  essa é a minha praia! 

 

 Professor J.  é um cara bem camarada, além de  muito bem informado e viajado.  Fisicamente , me lembra o Ed Harris hoje em dia ( quer dizer:  já nos seus cinquenta anos e careca , mas  percebe-se que já foi bem atraente em um passado não muito remoto, lol ). Alguem se lembra dele em "Apollo 13" ? Ai demais!!

Não é que eu seja puxa-saco, mas depois da aula sempre ficamos batendo altos papos sobre ‘o mundo’  , e em especial o Brasil e a  França ( já que ele é um grande fã da Paris...). 

A meu ver,   Professor J.  daria um excelente convidado  em uma festa ou jantar , pois é o tipo de pessoa que ,  como diria a velha e boa Jane Austen,   'has a knowledge of the world, a great deal of conversation and a liberal mind' .  E se alguém ainda tiver alguma dúvida... É claro que se trata de um democrata! 

Só tem uma coisa:  ele é SUPER mal vestido e tem péssima postura! 

Se eu fosse sua mulher, irmã, filha ou amiga íntima, certamente lhe daria uns  ‘toques’ de onde comprar umas camisas pólo e  calças 'dockers',  além de  sugerir  alguns exercícios para lhe  'abrir e levantar os ombros'... Olha  que ele ficaria um coroa bem gato ! {#emotions_dlg.happy}

 

 Anyway,  este é o meu atual semestre no ACC e até agora um dos meus preferidos.

 Thank God ,  dessa vez não caí em nenhum curso sacal,  ou com mais  um professor maluco...

O Segundo Semestre no Community College

Pâmelli, 11.09.11

Eh bien, o segundo semestre do Community College já começou e desta vez me inscrevi em 3 cursos:  História da Arte (opcional mas me dando crédito para o meu degree em Antropologia ...),  Geologia – Perigos Naturais e Desastres ( outro opcional mas tambem me dando crédito) e Composition 2 ( Dissertação) .  Este último é obrigatório e,  de certa forma,  a continuação de Compositon 1 - aliás aquele curso que DETESTEI e cuja professora era a MMG ( Mulher-maluca dos gatos...).

 Bom,  pelo menos dos 3 cursos que estou seguindo,  dois deles eu realmente estou gostando , já que são bastante  interessantes.  De fato  todos os professores são bons  - incluindo a de Composition 2 . (O problema é a matéria , que é um PORRE! ) .

 

 O professor  de Geologia é um senhor já de certa idade,  muitíssimo entusiasmado com sua matéria e aliás,  nestes últimos dias, tendo MUITO o que nos falar sobre ‘desastres naturais’! {#emotions_dlg.sad}

Primeiro o terremoto ,( muito  estranho!!)  naquela parte do mundo,  ali na Costa Leste dos E.U.   Washington , Baltimore...Tudo tremeu e até houve alguns danos em certos monumentos.  

Ora, alí  não é lugar de terremotos!  Isso é lá especialidade da Califórnia...

 

E agora esse fogaréu aqui no Texas.   O pior  verão de todos os tempos, com temperaturas acima dos 40 graus HÁ MAIS DE 80 DIAS!! 

Tudo por aqui anda  sequíssimo e esturricado.  A coisa tá tão braba,  que este  mês passou a vigorar a lei de que só podemos regar os jardins uma vez por semana a fim de economizar água.    

A região no campo ao redor de Austin ( a capital)   sofre com fogos descontrolados e mais de 1600 casas já viraram cinza!  Um horror.  

Bem,  pelo menos na CIDADE estamos à salvo.  Ainda.

 

Mas, voltando aos professores do Austin Community  College...

 

A professora de História da Arte, como eu disse,  é boa  - mas desinteressante.  Sabe a matéria,  sabe explicar...Mas não faz o menor eye-contact com a sala!  Não olha e nem vê ninguém.  Esquisito.

 Meu marido acha engraçado ( e provavelmente politicamente incorreto de minha parte ) eu dizer que deve ser porque , pelo visto,  ela  não tem ‘nem um pingo de sangue latino’. Lol   Parece absurdo mas ninguém me tira isso da cabeça.

 

O fato é que a mulher é ENORME ( deve ter pelo menos 1,85 ),  loira,  de olhos claros e pesadona ( embora não propriamente gorda).  Seu sobrenome  tem algo de europeu do norte – sueco, finlandês...sei lá.  Em suma: Professor K. , com certeza,   deve vir lá de algum estado gelado do norte dos  E.U. , vizinho do Canadá.

 

A verdade é que sua aula é 100% ‘anglo saxônica’ ( algo, aliás, cada vez mais raro de se ver por aqui, seja na aparência das pessoas,  seja em suas atitudes e maneira de ser...). Falta algo.  Um certo ‘calor’  e entusiasmo . É como se você tivesse um robô ali,  falando tudo certo e de maneira clara, mas  com uma voz monótona e sem vida,  como se fosse uma gravação.  

 

Outro dia ela disse que trabalhou em mais de um museu em Nova Iorque. Parece uma pessoa viajada.  Vai ver a  coitada teve de mudar pro Texas ( onde o custo de vida é certamente muito menor...) e hoje, para pagar as contas,   se vê obrigada a ensinar arte  em uma Community College.  Vai ver é isso a causa da sua falta de joie-de-vivre  - and who could blame her??  Lol  Ou ,  vai ver,  é mesmo uma certa gota de sangue latino que faltou no seu DNA...{#emotions_dlg.smile}

 

Já o senhor da Geologia é muito boa praça.  Um americano típico :  leve e bem humorado, que gosta de fazer piada de tudo ( mas nada de malicioso).   E que entusiasmo!!  

Ah,  mas Professor B. é  um texano típico .  Aposto que viveu aqui toda sua  vida , provavelmente  passando suas  férias nos  vários Parques Nacionais ao redor do país.  Não é um intelectual e sim um cientista especializado em terremotos, tsunamis, Texas wildfires (fogos no campo) e outros desastres do gênero.  Sim,  no meio deste descampado árido,  ele está em sua 'praia' e, com certeza , não sente que ‘a civilização está  a milhares de quilômetros daqui e ele perdeu o bonde, quem sabe, para uma vida gloriosa...'  lol  Quer dizer,  bota  contraste entre ele e a Gigante do Polo Norte!

Minha única pena é ver que o entusiasmo de Professor B.  por Geologia  não é compartilhado por seus alunos. Imagino que a maioria deles deva estar fazendo o curso  apenas como matéria obrigatória para crédito no departamento de Ciências. As únicas exceções , pelo visto,  sou eu e um outro rapaz que tambem está fazendo Antropologia...

 

Anyway,  este é o meu update do blog e do diário por hoje.

Vejamos o que as próximas semanas nos trarão de novidades e desafios. ( Esperemos que mais nenhum desastre ( natural ou não)!  

Agora , o que precisamos mesmo por aqui , é de uma BOA chuva... 

 

 

Saindo da tumba

Pâmelli, 04.08.11

Pois é, o  “Parada”  nunca ficou tanto tempo sem um post!

Peço desculpas aos leitores que costumam parar por aqui,   e principalmente àqueles que deixam comentários  nos meus antigos posts .  Aliás, é  surpreendente como de uns tempos pra cá tenho recebido comentários principalmente nos meus posts sobre childfreedom.  Muita gente se identificando com o tema...  Muita gente  SAINDO DO ARMÁRIO !! lol  

 

 Ironicamente, nestas últimas semanas que andei sumida,  eu até teria tido bastante tempo para escrever - já que estou fazendo somente o curso de verão do ACC.  Mas não tive muita motivação pra voltar aqui e deixar uma nota, ou mesmo um vídeo do youtube.   Vai ver fiquei traumatizada depois daquele curso HORRORÍVEL  de Composition 1 com a MMG  - a Mulher Maluca dos Gatos . (  A  ver o post de 21 de junho,  'Depois de Mrs. Pain,  mais uma professora maluca').

 Anyway,   hoje termina o segundo curso no qual me inscrevi nestas ‘férias’;  o de Humanities.  ( Nem sei como se chama em português ! lol   “Humanismo”? )  

Este pelo menos eu gostei bastante pois tem a ver com história, arte e filosofia – e o professor é um cara bem boa praça.

 

Aliás, falando nele…

 

Meu curso e professor atual:

Professor C. é  um senhor  simpático , bem humorado e claramente  entusiasmado com a matéria que ensina .  Mas tem algumas coisas 'meio esquisitas' - como o fato de não usar dentadura ( apesar de ter vários dentes de baixo faltando!) e volta e meia soltar alguma indireta negativa sobre sua mulher .  A impressão que se tem é de que ele é casado ou com um jaburu,  ou com uma megera - ou talvez as duas coisas!

Ele não fala nada claramente, mas o seu body language nos comunica bem mais do que ele imagina.

 

Meu marido sempre diz que a mulher se casa com um cara desejando que ele mude ( o que raramente acontece).  Já o homem se casa com a mulher,  desejando que ela continue sempre a mesma - o que NUNCA acontece! lol

Será que foi isso o que aconteceu com meu professor?  Ele se casou com uma mocinha bonita e boazinha , que passados alguns anos,  virou uma megera gorda e indomada??

Vai ver  é por isso que ele trabalha tanto!  -  7 vezes por semana , segundo ele.   E NUNCA viaja.  Nunca esteve na Europa ou Asia para ver algumas daquelas obras de arte que ele tanto conhece e admira dos livros, vídeos e slides que nos mostra em classe.     Que coisa, coitado.

No final das contas,  acho que o seu 'oásis'  é mesmo o seu trabalho.  Deve ser sua válvula de escape.

 

Mas e os dentes?  Por que ele não põe uma dentadura?? E por que nunca viajou para fora dos E.U.?  Afinal ele é um professor de Humanities!   

Será que ele é ‘pobre’?    Mas um professor universitário nos E.U. não pode ser tão pobre assim … 

Vai ver  o cara   inventou de ter meia dúzia de filhos e faliu.  ( Isso explicaria o fato da mulher ter ficado gorda e rabugenta...)   

Ou quem sabe ele tem medo de andar de  avião??  

 

Mas a falta da dentadura é o que eu acho o mais perturbador. 

Aliás este é  o segundo professor que tenho desdentado!  ( O outro foi um antropólogo que acabou sendo atropelado e deixou o curso logo no começo do semestre…) 

Pois é.  Minhas estórias do ACC  dão quase para eu escrever um segundo livro - o COPADRAMA 2 !  lol

 

O fato é que no Brasil - um país ( meus conterrâneos que me perdoem...)  de Quinto Mundo - as únicas pessoas sem dentes  que conheci até hoje foram peões de obras ou flanelinhas de ruas .

Já aqui nos E.U. ,  volta e meia conheço alguem  já meio velho  ( mas não muito …) sem dentes e tampouco usando dentadura pra disfarçar a desgraça. Vai dizer que não é estranho.

Ok,  acho que ninguem precisa ter o nível de narcisismo do brasileiro ( ou melhor,da BRASILEIRA…) ,  mas assim tambem já é demais, não?   Ainda mais em se tratando de um professor , que fica lá na frente de todos,  ABRINDO A BOCA  e falando pra plateia  o tempo todo!

 

Sinceramente,  às vezes  o desleixo do americano com a própria aparência é de causar calafrios.

Mas sei lá.  Vai ver há uma BOA razão para ele não colocar os dentes de baixo... Vai saber.

 

Anyway, hoje é meu ultimo dia de aula em Humanities e estou até meio melancólica.  Vou sentir falta -  não da falta de dentadura de Professor C. !! - mas dos belos slides que vimos das pirâmides do Egito, do Partenon,   da catedral de Chartres, das esculturas de Polykleitos...Assim como dos trechos que lemos em classe  das peças de Aristófanes,  do Decamerão , da Odisséia…

Afinal,   depois  daquele  PORRE  ( e professora ultra pentelha ! ) de Composition 1,  o  curso de  Humanities de Prof. C.   foi   como um  happy  hour ,  com   frozen margaritas, empadinhas de queijo  e música de Tom Jobim ao vivo!!  {#emotions_dlg.smile}

 

Bem,  agora é me preparar para o começo do segundo semestre.

Ainda não decidi que cursos farei mas só espero não encontrar mais nenhum(a) MMG,  ou coisa do gênero , nas minhas próximas aulas.  Ninguem merece.  

 

Depois de Mrs. Pain, mais uma professora maluca...

Pâmelli, 21.06.11

 

Neste  verão, ao contrário do ano passado quando tomei três  cursos no Community College (e quase morri de estafa!) , resolvi fazer apenas dois cursos :   Composition 1 ( Dissertação)  nas primeiras 6 semanas, e World and Regional  Geography ( Geografia  mundial e regional)   nas últimas 6.

Mas nossa,  que coisa mais chata essa Compositon 1!

Nunca vi um curso tão medíocre e com  tantas regras inúteis!

E o pior: ninguem precisa saber escrever ou ter a menor imaginação pra passar no curso de Composition 1 do Austin Community College ;  basta você ter tido um treinamento intenso  de vida militar – no estilo de Cuba ou da Velha União Soviética !- e saber seguir as regras da professora à risca! 

É sério.  Um grandissíssimo PORRE e uma  perda inútil de tempo

Mas,  como o curso é obrigatório e faz parte de qualquer programa que você escolha  na universidade,  tive que me submeter , engolir todos os sapos e aceitar o inaceitável.( Bem, pelo menos acabou e agora,   espero, ter mais sorte no próximo curso  que começa semana que vem…)

 

Sinceramente,  este curso foi pior ainda do que os de matemática - que fui igualmente obrigada a tomar.    ( Pelo menos naqueles eu padeci mas  aprendi alguma coisa. Já nesse,  NECAS!)  Minha escrita não melhorou ( talvez tenha até piorado com tantas regras ridículas que tive de adotar ao escrever a mais simples dissertação…), nem tampouco minha gramática ou vocabulário.  URGH!

 

O enigma de Professor S.:

 A  professora de Composition  1 , é  para mim, de certa forma   um enigma.

Ela é petite ( deve ter um metro e meio), magrinha,  clara de pele e olhos.  Tem cerca de uns cinquenta e poucos anos e é solteira.  ( Até aí,  nada demais.)

Mas…

Já no  primeiro dia de aula, achei uma coisa ‘meio estranha’ e até comentei com meu marido.

Acontece o seguinte:  este curso  de Composition   é designado especialmente às pessoas cuja língua nativa não é o ingles.  Apesar disso,  a maioria alí fala  muito bem e com pouquíssimo ou quase nenhum sotaque – afinal estamos na faculdade.

 Já no primeiro dia, eramos uma turma pequena – umas 12  pessoas.  A maioria mulheres  hispânicas, uns dois rapazes ,   uma vietnamita e eu.  Mas o que me surpreendeu na atitude da professora de ESL  ( inglês para NÃO americanos nativos…) foi a sua TOTAL falta   de curiosidade em relação aos seus alunos. Durante  todo o curso de 6 semanas, ela jamais  perguntou à ninguem de onde ele ou ela  vinha ou qual era a sua primeira língua ( A meu ver,  que tambem sou professora de línguas,  algo que deveria ser uma  pergunta bem óbvia - principalmente  em se tratando de um curso de composição em inglês PARA ESTRANGEIROS ).

Típica falta de interesse e de cultura de americano – pensei. 

Mas ainda assim, o fato de Professor S.  ser professora de ESL ,  deveria ter lhe causado algum interesse cultural por aquelas pessoas.  E depois então,  quando descobri que a mulher tinha ascendência alemã e falava a língua de Goethe,  aí é que fiquei ainda mais surpresa com o seu desinteresse!

 

Afinal,  embora a maioria de meus colegas fossem  hispânicos,  nem todos eram do México.  Havia até uma moça cubana que se sentava ao meu lado ( e que acabou até virando minha amiga), sem falar em uma brasileira e uma vietnamita.   Agora, vai me dizer que isso não é no mínimo estranho?

 

A verdade é que as primeiras impressões  que temos das pessoas  ( principalmente as negativas…), normalmente se confirmam mais cedo ou mais tarde.   

As semanas se passaram e eu  logo percebi que ,  saber escrever duas frases fazendo sentido e possuir uma ortografia e gramática decentes  não eram, absolutamente,  importantes neste curso. O negócio era saber seguir as ridículas  regrinhas impostas pela professora maníaca ( e que, eu tenho minhas sérias dúvidas,  realmente façam parte do programa…) , timtim  por tintim,  palavra por palavra,  ao se  interpretar qualquer texto que nos fosse dado.  A prova,  é que a aluna que mais se seu bem no curso foi justamente minha colega de mesa,  a cubana!  (Uma moça, diga-se de passagem,  muito simpática ,  mas com um inglês deplorável , tanto do ponto de vista da gramática, pronúncia, fluência e vocabulário.) Mas afinal, depois eu pensei,   ninguem no mundo deve saber seguir regras melhor do que os cubanos.  É isso,  ou então El Paredón!! 

 

Mas voltando à Professor S…

Outro “mistério” da sua personalidade,   é o fato dela se vestir bem , gostar de animais e literatura – e apesar disso , ser do jeito que é! Lol    Ora, eu sempre imaginei que quem tivesse bom gosto para se vestir,  gostasse de animais e literatura SÓ PODERIA SER UMA PESSOA RAZOÁVEL E COM UM MÍNIMO DE FLEXIBILIDADE!  (Ah, mas aí talvez seja o ponto onde entra o seu DNA alemão…)

 

A baixinha é  uma verdadeira nazista no que diz respeito à ordem, sequência e maneira de se interpretar  ou mesmo escrever seu próprio  texto.  Ou você faz a coisa EXATAMENTE conforme suas regras,  ou, não  importa se tenha analisado bem ou corretamente o artigo ,  se sua escrita e gramática estavam corretas… BOOM! -  é bomba na certa.

 

E a conclusão:

Então na última semana de aula  , ao ir até o seu escritório no ACC para pegar o meu passe para fazer a prova no Testing Center , eu pude perceber, (para a minha total surpresa!)  , o verdadeiro CAOS que é a sua sala!  Livros, cadernos e toda a espécie de tralha que se possa imaginar espalhados por todos os cantos: nas estantes, mesa, cadeiras e até no chão.  Tudo imundo e completamente desorganizado.   Um verdadeiro pardieiro!   ( E tudo isso para alguém tão inflexível e cheia de  regras  na hora da escrita…).  

Por fim,  em um dos nossos últimos dias de aula,  Professor S.  nos disse que morava em um apartamento com QUATRO  gatos . Mais:   que  estava pretendendo pegar um cachorro pra criar tambem!

Pois é.  Depois dessa eu só pude lhe coroar de vez como Dona Marie ( seu primeiro nome), a Louca.

 

Ora,  quem  lê o Parada,  sabe que ninguém é mais parcial aos bichos do que eu.  Que simpatizo bem mais com eles do que com a maioria das pessoas e dou a  MAIOR FORÇA para que mais gente adote animais ( principalmente os que estão jogados nos abrigos e ruas…)   e , de preferência, que   tenham menos filhos.  Mas cá entre nós… QUATRO  gatos em um apartamento ( e ainda por cima querendo adicionar um cão à equação...)  ,  não pode ser um bom indício da sanidade  mental  de uma pessoa. 

 

No final das contas, acho que o enigma de Professor S. , de alguma forma , se explicou.

A mulher só pode  ser mesmo maluca.  Mais uma pra minha coleção.

A antropóloga e o filósofo

Pâmelli, 21.11.10

 

Hoje finalmente venho aqui para completar o portrait dos meus professores no Community College neste segundo semestre e,  após devidamente fazer a caveira ( merecida!) de Mrs. Pain, vamos aos outros dois: Mrs. C , de Antropologia Física/biológica e Mr. B , de Filosofia.

Antes de tudo,  devo dizer que nosso curso de Anthropologia sofreu um temendo baque logo no começo do programa.

O professor , que era um senhor já de idade e que chegou a nos dar as duas primeiras aulas,  estava muito doente ( com uma espécie de infecção intestinal) e , para completar a desgraça foi atropelado por um ônibus e acabou sendo internado!    ( Imagino que ele deveria estar muito mal mesmo e DISTRAÍDO quando o acidente aconteceu pois , cá entre nós,  não é muito comum alguem ser atropelado aqui nos E.U. - muito menos em Austin e ainda por cima por um ônibus!!)

Bom, pelo menos a última notícia que tivemos dele foi  de que já tinha deixado o hospital...

Anyway, com isso  fomos obrigados a receber uma 'substituta'  - o que foi uma pena pois  o 'velhinho' , apesar de sua aparência debilitada, parecia um personagem muito agradável e interessante - inclusive com uma riquíssima esperiência 'antropológica' de vida  em Antígua, no Caribe.  ( o que certamente teria nos enriquecido muito as aulas...)

 

Parte A - A antropóloga:

 

 Mrs. C  é uma senhora simpática e bonachona,  nos seus cinquenta e poucos  e apesar de possuir um PhD ,( não sem bem se em Biologia ou Antropologia...),  está LONGE de ser uma professora brilhante ( ou mesmo interessante).   De fato, suas aulas são de uma mediocridade atroz  e sempre iguais,  já que tudo o que ela faz em classe é LER os slides de Power Points que prepara baseados na informação que temos no livro. Humph.  ( Aliás,  a 'salvação' neste caso é precisamente o nosso livro  ' Physical Anthropology' de R. Jurmain e co ..., pois este sim,  pelo menos é bem escrito, belamente ilustrado e interessante!)

No final das contas ,  a conclusão que se chega nestes tempos modernos  é a seguinte:  foram-se os livros,  foi-se o talento para ensinar e a tecnologia  ao invés de ser usada apenas como um complemento esporádico para enriquecer ou variar a aula, se apossou completamente do ambiente na sala de aula.  Pior:  o Power Point é que virou o centro de todas as atenções enquanto que  o mestre  foi rebaixado a mera categoria de coadjuvante!

Mas nem tudo é decepção – ou como dizem os americanos,  ‘doom &gloom’.  Olhando pelo lado positivo,  Mrs. C ,  ao contrário de Mrs. Pain ,  pelo menos é boa-praça, não tem qualquer tendência ditatorial ( afinal é uma antropóloga! lol) e nas provas, é bastante justa em sua pontuação.

 Já quanto à sua 'aula' ...I’m sorry to say it,  a melhor parte dela é precisamente a que deixamos em casa:  o Livro de Jurmain!

 

Parte B

 

 Já no plano da Filosofia, a situação é a seguinte:

Mr. B é,  antes de tudo,  um excelente professor.  Basta dizer que , ao contrário de Mrs. C, até o dia de hoje nunca usou um único Power Point em suas aulas .  A razão?  Ele REALMENTE sabe a matéria , de cor e salteado, de frente, de lado e de trás! Ou seja: não precisa usar de ‘ recursos tecnológicos’ para disfarçar suas próprias limitações ou encobrir a mediocridade de suas aulas.

 

No primeiro dia de aula Mr. B  foi logo nos avisando :

“Olha pessoal, esse programa é MUITO difícil e eu sou MUITO exigente. Por isso  60 % dos meus alunos costumam desistir logo nas primeiras semanas.  A boa notícia é que os que ficam , costumam se sair bem no final do curso…"

 

Ele  não mentiu,  já que pelo menos a metade da turma que inicialmente se inscreveu no programa de ‘Introduction to Philosophy’ já picou a mula! Quanto aos que ficaram , se vão realmente ‘se sair bem’, eis uma boa questão  que só o tempo vai responder.

De minha parte, só eu sei o quanto tenho me esforçado em suas aulas  - lendo TUDO o que é preciso, fazendo TODOS os deveres, não tendo faltado à aula um ÚNICO dia ,  mal piscando o olho durante suas lectures e anotando tudo como uma maníaca!  E tudo isso pra poder , quem sabe, no final do curso me sair com um ‘ Bezinho’.

 

 O filósofo boa pinta:

 

Não sei por que mas sempre que penso em um ‘filósofo’, imagino um cara pálido e magricelo, com má postura, usando umas roupinhas xinfrim do tipo ‘intelectual pobre’ e sempre equipado de  um inevitável par de óculos finos e redondos , no estilo John Lennon…

Mr. B, contudo, não se parece nada com isso e,  apesar de não ser  mais nenhum ‘garotão’ , sua  aparência está mais para a de um ‘-carioca-cinquentão-hedonista-Zona Sul’…lol , do que a de um ‘típico filósofo’.

 

Sem barriga, de braços fortes e bronzeado… Algo  me diz que quando não está em casa analisando os escritos de Hume e Nietzsche, Mr. B deve frequentar uma academia  ou ao menos praticar o windsurf no Lago Travis nos fins-de-semana!

 Seu rosto tem  traços regulares e seus olhos (ele não usa óculos) , de um azul acinzentado, têm uma expressão de ‘ inteligência discreta’.

Apesar de morar no Texas há vários anos, seu sotaque é bem típico yankee – ou seja, do nordeste dos E.U. , já que ele é originalmente do estado de N.Y. e se formou na Universidade da Pennsylvania.

 Mas o aspecto mais interessante de sua aparência ( ao meu ver) , são os seus cabelos - e sobretudo o corte , que me chamou a atenção desde o primeiro dia de aula. Trata-se  de uma bela e farta cabeleira, suavemente cacheada e já completamente grisalha – o que lhe dá um aspecto de ‘filósofo da antiguidade clássica’. Sim,   Mr. B definitivamente me lembra aquelas estátuas dos gregos da época de Péricles. . Ou,  quem sabe,  o David de Michelangelo - só que trinta anos mais velho e VESTIDO ! lol

Quanto à suas roupas...Eu diria que ele faz o gênero 'yuppie despojado',  com seus jeans de corte transado - assim como seu cabelo...lol - suas camisas pólo e sandálias no estilo Mr. Cat. 

 

Resumo da Ópera:

  

Como vêem,  Mr. B é certamente um personagem intrigante , mas para quem está imaginando que ele parece ‘interessante demais para ser hetero…’ , FYI:  Ele é  casado ( com uma filósofa e professora como ele! lol ) e tem dois filhos já adolescentes.

Já quanto à sua aula...Pra mim só tem um defeito:  o PROGRAMA - que é excessivamente voltado para os ingleses ( Locke, Hume, Berkeley…) , além do ultra rígido e chatérrimo ( os filósofos que me perdoem) Kant.  Realmente,  uma pena que não tenha escolhido para nós algo mais voltado para 'a Grécia antiga' -assim como o corte de seu cabelo! - pois se já é bastante  interessante ouvi-lo falar sobre Berkeley e Locke...{#emotions_dlg.tired} , imagine como seria com Aristóteles e co!! lol 

   

Ainda assim, digo e repito: de todos os três professores que tive neste semestre,  Mr. B é o melhor disparado.

 Mesmo que no final do ano eu não consiga me sair tão bem quanto ele previu para ‘ aqueles alunos corajosos e persistentes’ que não desistiram logo nas primeiras semanas…