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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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Houston, Texas : a São Paulo do Primeiro Mundo

Pâmelli, 13.12.11

Categoria de Post:  turismo, arte,  cultura

 

Agora que estou de férias e relaxando aqui em Breckenridge ( Colorado) ,volto atrás uma semana para escrever sobre nossa visita sábado passado  ao Museum of Fine Arts de Houston.

Nossa curta escapulida até a maior cidade do Texas (e a quarta maior dos E.U.) se deu na sexta-feira.   Dirigimos 3 horas até lá, passamos a noite,  e no dia seguinte seguimos para o MFA , que é   o mais importante da cidade e o maior do Texas.

 

O que fomos ver lá?

 A exposição “Tutankhamun, the Golden King and the Great Pharaohs …”  ,  sobre o antigo Egito e o mais famoso de todos os seus faraós : Tutankhamun , cuja  tumba,  repleta de tesouros ,   foi  descoberta em 1922.

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O MFA de Houston fica em uma bela  área  da cidade chamada de Museum District .

Ao chegarmos à cidade, minha mãe ( que sempre vem pra cá nesta época do ano…) imediatamente  comentou :

-Puxa, como esta cidade lembra  São Paulo!

De fato,   Houston lembra muito S.P.  -  mas a parte RICA  da cidade !!  Aliás,  a área do Museum District é a cara dos Jardins.  O centro é cheio de belos prédios,  tudo muito moderno e  iluminado, com milhares de viadutos de vias expressas -  só que ao contrário dos de São Paulo, estes são   sem pichação ou gente  morando debaixo. 

As ruas de Houston são  largas ,  limpas e sem buracos e  não há  qualquer  sombra de mendigos  ou pivetes.  E quanto à favelas  … ( se em S.P., elas ficam principalmente na periferia da cidade - e não BEM DENTRO dela e ao lado dos melhores bairros , como é o caso do Rio de Janeiro…) , em Houston elas são simplesmente  inexistentes.

O  risco de alguém ser assaltado por lá?   

É o mesmo de um brasileiro sofrer um atentado terrorista em  plena Avenida Paulista! Ou seja:  Impossível não é. Mas é muito, muito pouco provável.

Pois é, caros amigos.  Este é o retrato da  América atual , que ‘ficou pobre e está em decadência…” ,  coitadinha.

 

Ok,  mas voltemos à múmia mais famosa da antiguidade…

A exposição do King Tut  vai estar no MFA de Houston até abril de 2012 , e além desta,  havia mais outras três exposições temporárias  igualmente interessantes :    uma sobre  o “Luxo do Barroco na França do  Século 18” ,   uma sobre as Arábias e a outra sobre os grandes Mestres holandeses!   Tá bom , ou quer mais?  

Infelizmente como estávamos com o tempo limitado, tivemos de nos contentar  em visitar somente a do King Tut ( alias, a razão de nossa viagem até Houston)  e dar uma  rápida passagem pelo acervo permanente de pinturas europeias do museu.

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Quer saber?   Eu tiro o chapéu para o MFA de Houston!    Quem dera que tivéssemos em Austin um museu deste porte.  A coisa melhor que temos por lá  ( em termos de museu…) é o Bob Bullock , especializado na História do Texas.  ( Este até é bastante interessante e fica em um belo prédio).  Já o tal do Blanton Museum,  que é o  ‘Museu oficial de arte da cidade’ ...  Arre égua!  Que pobreza.    Ok, o  prédio é até bonito, mas o acervo… *Suspiro*

 

Mas voltando ao King Tut…

O único senão da Expo do Egito é não podermos tirar fotos.   Uma pena,  pois logo na entrada  recriaram uma espécie de tumba, com um vídeo explicativo sobre o Egito Antigo .  Uma vez lá dentro,  são várias as estátuas  que podemos admirar dos  três Reinos do Egito  ( o Old, Middle e New Kingdoms), móveis e até uma latrina da antiguidade!  Lol  Já na parte da tumba do King Tut, podemos ver  jóias magníficas  que estavam sobre sua múmia , vários artefatos, estatuetas e até alguns coffinettes  ( espécie de  ‘tumbinhas’ do faraó,  lindamente decoradas em ouro, turquesa e outras  pedras preciosas,  e que era  onde se colocavam os órgãos do  morto –  o que fazia parte  do processo da mumificação… ). Tem  até  uma cópia idêntica à  múmia  do faraó ( já que a original se encontra no Egito e jamais saiu de lá ).

 

Bom,   se não pude tirar fotos dos tesouros do King Tut,  ao menos pude registrar o  prédio do museu , assim como algumas  das pinturas de seu acervo permanente.

 

Eis aqui alguns dos quadros que mais gostei nos setores do Século 19 e 20 de Arte Européia  . (  A coleção vai dos Séculos 14 ao 20, mas só tivemos tempo de  visitar os dois últimos ).

 

 

  Este Manet de pescadores foi o meu preferido...

  Um Picasso bem doidaço...

 

   

 Um charmoso Kandinsky, um Van Gogh e um Monet quase abstrato.

                                         (Estes são os que me lembro)

 

 Já estes de baixo eu tambem adorei, só que não me lembro dos nomes dos artistas.  Preciso ver no catálogo  que comprei na lojinha do museu e que ficou lá em casa , em Austin.  Imaginem,  um lindo catálogo da coleção europeia do MFAH,   por apenas 5 dólares!!

 

Les voilà:  ( Não são lindos?) 

 

    

 

 

 

 

ARTE - que arte??

Pâmelli, 01.12.11

Ai que bom! Só mais uma semana e estou livre dos estudos,  e de férias da faculdade!!

Ufa.   Nem vejo a hora de poder descansar e poder  ler somente o que me der na telha.

Um romance bobo.  Minhas revistas VEJA atrasadas…  Meus sites e blogs preferidos na Net…  Os  resumos da novela idiota das oito, no Terra...  É sério.

 

Este semestre foi duro .  Interessante, mas DURO. 

O curso de geologia,  com o meu professor cientista, dificílimo!  ( Tou suando pra me sair com um B …)    O de História da Arte idem. (Mas pelo menos neste estou com média A...) 

 

E por falar em Arte...

Neste  final de semestre,    que coisa MAIS CHATA o estudo da ‘arte’ do Século XX!  Aliás, que piada. 

Nunca vi tanta coisa horrorosa, deprimente e sem a mais remota gota de talento - intitulada de 'arte'.  Humph.    

Até a primeira metade do século passado ainda vai.   O Cubismo de Picasso,  o Surrealismo do Dalí.  Mas depois….Quelle horreur!!

Ok,  eu não sou, nem nunca fui,  uma pessoa apaixonada pelo Século XX  - tirando a medicina e os transportes.  Mas mesmo assim,  a suposta 'arte' desse nosso século é ruim DEMAIS!

E esse monte de termos inventados ( Superrealismo, Suprematismo, Futurismo, Desconstrutivismo, Minimalismo e por aí vai...) - Quanto blábláblá, pra tanta porcaria! ( Com uma ou outra exceção). 

E pensar que no passado, um século INTEIRO  tinha apenas dois ou três ISMOS a definir sua arte (Classicismo, Neo-classicismo,  Romantismo,  Realismo,  Impressionismo etc)  -  e que ARTE!!

 

Enfim,  como por  estes dias só o que tenho tempo de fazer é estudar,  fica aqui hoje no Parada umas pictures bem divertidas que recebi esta semana de uma amiga.

 Pelo menos NESTE tipo de arte, o século XXI até que tem algum talento…{#emotions_dlg.happy}

 

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Vejam só como eles existem de verdade!!  lol

 

  

   

O MOMA de Nova Iorque

Pâmelli, 23.04.09

 

 Durante os quatro dias que passamos em N.Y.,  é claro que eu não poderia deixar de  visitar o  Moma -  o Museu de Arte Moderna da cidade. 

 

 A caminhada até lá , saindo de nosso hotel na West 46,  foi de apenas algumas quadras,  já que o museu fica na  West 53 - aliás, uma rápida e agradável caminhada que fiz  seguindo pela Quinta Avenida...

Na verdade,   a construção em si  não me impressionou especialmente  pois achei que se tratava apenas de mais um prédio moderno no meio da cidade dos arranha-céus. 

Mas eu sabia que alguns treats  muito especiais me aguardavam por lá - entre eles,  nada menos do que a famosíssima tela de Pablo Picasso ' Les Demoiselles D'Avignon'  ( As Damas de Avignon)  e 'Starry Night'  ( Noite Estrelada) de Vincent Van Gogh !

Contudo, como pretendia seguir para outros lugares depois,  estava decidida a passar no máximo umas duas horas no museu e por isso resolvi me concentrar no setor que REALMENTE  me interessava e aquele que eu não poderia deixar de visitar :  o das pinturas e esculturas, concentradas principalmente ( se me lembro bem...) no quinto andar do edifício. 

 

O acervo de Arte Moderna  ( e especialmente  o do grupo da École de Paris...) do Moma  é absolutamente fantástico e vale....( Ah, SUPER vale! ) ,  uma visita.  São VÁRIOS os Matisses, Picassos e outros geniais artistas do  Século XX , cujas telas podem ser admiradas em suas salas. 

No dia em que estive lá,  infelizmente o quadro 'Starry Night'   de Van Gogh  não estava disponível  :-(  ,pois tinha sido emprestado ao Museu Van Gogh para alguma exposição temporária.

Ainda assim,  eis algumas das obras de arte que aquele dia,   made my day...

 

1)   Estes dois  Matisse (  1869-1954, francês)  - no meio de tantos outros! 

 

2)  

 

3)   Este Chagall  ( 1887-1985, russo, naturalizado francês...)

 

 

4)  Este  Pablo Picasso ( 1881-1973, espanhol ) 

 

 

 5) E mais estes,  pertencentes a sua 'Fase Rosa' ou 'Rose Period' ...-  período que durou de 1904 à 1906 e no qual o pintor deu preferência aos tons alaranjados e rosados em suas telas ( em contraste com os tons mais escuros e sóbrios utilizados em sua 'Fase Azul'...)

 

 

 

 6)  Adorei este nu! 

 

 

 7)  Tanto este quadro,  quanto o de número 5,  me deixaram BEM CLARO a influência do  mestre espanhol em nosso grande pintor brasileiro Cândido Portinari ( 1903-1962).

 

 

E é claro,  the star of the show:  'Les Demoiselles D'Avignon'

 (  o quadro  pré-cubista de 1907,  com suas famosas cinco prostitutas em um bordel na rua de Avignon , em Barcelona...)

 

 

 

 

Tem muita gente que não gosta de Picasso,  só que eu  NÃO sou uma delas !! 

 

 

 

O magnífico Metropolitan de N. Y.

Pâmelli, 16.04.09

 

 

Então após deixar o Frick Collection,  pela altura da rua 70,  continuei ao longo da Quinta Avenida durante mais umas 12 quadras, até a rua 82 , onde fica o Metropolitan Museum of Art.

 

Eu  já  tinha caminhado  perto de  40 quadras ( já que nosso hotelzinho ficava na rua 46...)  ,  era quase uma hora da tarde e eu precisava urgentemente de uma PAUSA!   Precisava repôr algumas calorias ,  descansar um pouco os pés e as pernas ...  Foi então  que lembrei de minha última ida ao Met , dois anos antes,  e de seu ótimo restaurante!  lol

Uma dica:  Quando fôr ao Museu do Metropolitan,  a menos que esteja  realmente contando os centavos na carteira ou empencado com a família inteira ( incluindo as crianças),  NÃO coma na cafeteria! 

Ao invés disso , siga para o restaurante  todo envidraçado,  com vista para o Central Park !    O serviço é excelente, o  cardápio  à la carte é variado ( Uma entrada, taça de vinho e prato principal lhe custará entre 30 e 40 dólares...)  e isto lhe proporcionará todo o descanso e a energia necessária para depois poder apreciar  devidamente toda a riqueza cultural que aquele museu  fantástico tem a lhe oferecer!

 

Portanto  foi  para lá  que eu segui  assim que comprei minha entrada .

Tive de esperar cerca de meia hora na fila e acabei  conhecendo uma senhora de Connecticut que,  naquele dia ,  tambem estava visitando o museu por conta própria .  Resolvemos almoçar juntas e dividirmos  uma pequena mesa para dois , desta forma ganhando  tempo.

 

A primeira vez que estive no Met,  em 2007,  passei  literalmente o dia todo alí. lol

Apesar disto,  só pude conhecer a parte do Egito, Grécia e Roma Antiga ( que  é  absolutamente fantástica !  -  em especial o do Egito antigo...)

Muitas pessoas querem ver MUITO em um único dia ou em poucas horas , mas não creio que isto seja uma boa idéia.   O melhor, penso,  é escolher um ou dois setores do museu que  REALMENTE lhe interessam  e se concentrar neles.  Arte Americana,  Africana, Medieval, Bizantina, Grega, Romana,  Egípcia, Européia...É só escolher.

Desta vez,  apesar de ter acabado de sair do Frick ( que possui principalmente arte européia ) foi novamente para este setor do Met que eu resolvi seguir.

 

Eis alguns dos meus 'momentos mais inspiradores '  por lá  :-)

 

1)

A morte de Sócrates , por Jacques-Louis David , francês , Século 18 

 

2)  

 Vermeer,  pintor holandês ,  Século 17

 

3)

 Bruegel e suas famosas cenas de camponeses,  holandês  , Século 16

 

4)

Gainsborough , pintor inglês , Século 18

 

5)

 Goya,  espanhol,  Século 19

 

6)

Outro Vermeer...

Alguem assistiu ao filme ' The Girl with the pearl earring'  ( A moça com o brinco de pérola?)  , com Scarlett Johansson??

Eu diria que foi este o quadro que inspirou o livro,  que depois virou filme...:-)

 

7) 

 Gostei demais deste Cristo , de Zurbarán...

Pintor espanhol , século 17

 

8)

E que tal este lindo Frans Hals?   (Holandês, 'Século 17)

 

 

 ( O Hall de entrada do museu, visto do segundo andar)

 

 

Afinal,  vale ou não a pena passar um dia inteiro no Met? lol

 

Pessoalmente,   não trocaria isto por nenhuma Bloomingdale's,  Macy's  ou Saks da vida...

 

NYC -Primeira Parte - A Coleção de Henry Frick

Pâmelli, 14.04.09

 

 Esta foi minha terceira vez em NY.

Infelizmente minhas visitas  à Big Apple  são sempre curtas -  de  3 ou 4 dias- , por isso sempre  procuro delinear mais ou menos aquelas coisas 'essenciais' que pretendo fazer durante minha viagem.

 

Desta vez fomos com meus sogros (  da primeira vez tambem, e da segunda estive lá sozinha...), partindo de trem da cidade de Columbia onde eles  moram. 

 A viagem dura pouco mais de duas horas  e eu ADOREI andar no Amtrak ( o trem americano),  que aliás,  achei bem mais confortável e agradável do que os trens na Europa.  ( Acontece que os americanos são bem  MAIORES e MAIS GORDOS que os europeus , portanto as poltronas de seus trens  são igualmente maiores e mais espaçosas! lol ( Vantagem pra quem faz o gênero 'petite' , como eu, hehehe...) 

O mesmo se passa com os banheiros à bordo , e tambem com a área do café...)

 

Anyway...

O fato é que , ao contrário da maioria das pessoas ( e principalmente da maioria dos brasileiros!)  que vão à Nova Iorque... as COMPRAS nunca fizeram parte indispensável de meu programa.

 Meu pensamento é o seguinte: ' Não preciso ir à Nova Iorque para fazer compras! '

Na cidade onde vivo já tenho  acesso a praticamente todas as principais  lojas americanas que se encontram na Big Apple,  das mais chiques e caras ( Neuman Marcus, Saks, Louis Vuitton, Nordstrom etc... ), passando pelas medianas (  Victoria Secret, Ann Taylor , Dillard's , Macy's ...) até às mais baratas e populares ( Wal-mart, Ross,  JC Penney , Target e Sears... )  Além do mais,  deixando de lado  a idéia das compras,  posso me dar ao luxo de viajar com uma  mala pequena e na volta  para casa não preciso carregar uma MONSTRUOSIDADE , cheia de coisas que poderia comprar por aqui mesmo! 

 Afinal, uma mala  é sempre uma mala...

 

 Minha idéia , portanto,  ao ir à uma cidade como N.Y. ,  é poder ver e experimentar as coisas que SOMENTE se possa fazer in loco!   Coisas por exemplo como visitar o  Museu do Metropolitan,  assistir à um show de jazz no Village ou um musical da Broadway... 

 

 

 

Nesta viagem ,meu marido infelizmente teve de trabalhar no hotel durante os dois  primeiros dias. 

Looking at the bright side,  contudo, isto me  deu a chance de seguir por conta própria para os meus programas preferidos sem precisar 'negociar' com o resto do grupo o que cada um queria fazer.

Como meus  sogros resolveram voltar à  Chinatown ( que eu já tinha conhecido durante minha última visita )  segui  então  sozinha  em direção ao  Metropolitan Museum of Art .

( Nota:  estávamos hospedados na West 46th Street e o museu fica pela altura da rua 82.  Apesar disso,  resolvi que caminharia a distância pois havia muito o que se ver pelo caminho ...)

 

Minha ideia original era passar pelo menos a manhã inteira no Met.  Mas enquanto caminhava pela  Quinta Avenida  ao longo do Central Park  de repente descobri o prédio do  Frick Collection no meio do caminho! 

Ora , pensei,  do que se trata isso? 

No dia anterior a madrasta de meu marido  havia me perguntado se eu pretendia ver a coleção do Frick e eu não soube lhe responder pois não sabia exatamente do que se tratava.  Pensei então que valia a pena fazer um pit-stop por lá antes de seguir para o Met...

 

 Henry Clay Frick -  este é o nome do magnata  americano que formou o   fantástico acervo  de obras de arte hoje conhecida como a Frick Collection de Nova Iorque.

Ao morrer,  deixou não apenas sua coleção de arte  mas tambem sua belíssima casa na 5th Avenue para a cidade de Nova Iorque!

A construção é de 1914 mas o interior é como  a casa  de uma família abastada da Inglaterra ou França no século 18.   Lindos tapetes, móveis e porcelanas adornam os diferentes aposentos da casa, incluindo a sala de jantar,  de estar e a biblioteca.  Sua incrível  coleção de pinturas européias inclui  Vermeers, Turner, El Greco, Jan van Eyck, Gainsborough, Degas, Monet, Goya, Rembrandt  e muitos outros!

Um  curto documentário nos conta a estória de Henry Clay e do amor  e orgulho que tinha por sua coleção e uma visita à sua casa é um verdadeiro must para qualquer apreciador de arte, bom gosto e savoir-vivre.

Lá eu passei cerca de duas horas -  tempo suficiente para se conhecer bem o museu e todo o seu acervo. 

Infelizmente,  ao contrário dos outros museus da cidade,  no Frick não se pode fotografar NADA - nem mesmo sem flash! 

 

 

 Ah, quem dera que mais milionários ao redor do mundo ( e no Brasil, em especial...),  ao invés de passarem boa parte de suas vidas  colecionando modelos siliconizadas ,  carros esportes e lanchas poderosas, volta e meia se inspirassem no exemplo deste homem excepcional !  Alguem  que  certamente  soube aproveitar bem o dinheiro que ganhou ,  mas  ao morrer,    deixou  para nós,  reles mortais,  um pouco de seu  luxo, de sua  cultura e de sua inspiração.

 Eis  um belo exemplo de amor e patriotismo,  de sabedoria e generosidade para com o seu país,  sua cidade e o seu povo!

Thank you ,  Henry Clay Frick. 

 

Um pintor modernista brasileiro

Pâmelli, 08.02.09

 

Hoje gostaria de escrever um post sobre um pintor moderno  brasileiro , pouco conhecido da maioria das pessoas , mas cuja obra é bastante admirada e valorizada em sua cidade natal -  Recife .  Trata-se do pintor pernambucano Francisco J. Lauria , que na década de 30 , fazia parte do 'Grupo dos Independentes'.

 

Pode-se dizer que o 'Modernismo'  teve o seu início 'oficial' no Brasil em fevereiro de 1922 ,  quando foi realizada a Semana da Arte Moderna na cidade de São Paulo.

Na ocasião,  vários artistas se apresentaram e chocaram a sociedade , quebrando com os padrões europeus e buscando valorizar a arte e identidade nacional  Seus quadros tinham paisagens tipicamente brasileiras e mostravam,  em especial, o povo brasileiro. 

O Modernismo, pode-se dizer,  preocupou-se muito com a parte 'social' do Brasil.

 

Entre os artistas modernistas brasileiros -  e cujos quadros hoje em dia podem ser encontrados somente em alguns dos melhores  museus ou galerias de arte  do país  (assim como nas residências particulares de  alguns poucos milionários nacionais ...:-)   - estão ;  Di Cavalcanti, Vicente do Rêgo,  Anita Malfatti, Lasar Segall,  Tarsilla do Amaral e Ismael Nery. 

Foi aliás,    inicialmente com o intuito de valorizar a arte modernista que os Museus do MASP ( em São Paulo) e do MAM ( no Rio)  foram  criados.

 

Mas voltando ao 'Grupo dos Independentes' , do Recife ...

Trata-se de  um grupo de artistas que pertencia ,  de alguma forma,  ao segundo momento modernista brasileiro e que  tiveram os consagrados Vicente do Rego Monteiro e Cícero Dias como referência.

Segundo a autora Nise Rodrigues , do livro   ' O grupo dos independentes' ,    este grupo  sofreu  tambem uma forte influência francesa.

 

 

 Gosto muito dos pintores modernistas brasileiros .

A coisa de uns dois anos  atrás , assistí a uma bela exposição no Museu de Belas Artes no Rio -  com direito , inclusive,  a um  suave fundo musical de capoeira instrumental que , a meu ver,  combinou muitissimo bem com as obras alí  expostas.

 

Quanto à Francisco J. Lauria... Confesso que tenho uma 'parcialidade'  toda especial por seu trabalho.   E sim,  eu tenho os meus motivos -  alguns deles  digamos,  mais subjetivos do que objetivos...

Mas o fato é que em Recife,  se estivesse vivo hoje,  Lauria  seria sem dúvida uma celebridade local.

 

Seu quadro 'Moça' ,   que ficou em  terceiro lugar no Primeiro Salão de Pintura de Pernambuco  de 1942 ,   ( O primeiro lugar  foi para Vicente do Rego Monteiro e o segundo para Elezier Xavier...)  atualmente  pode ser admirado  no Museu do Estado  - assim como todas as obras dos artistas   premiados nestes últimos 67 anos .

Na capital pernambucana existe igualmente uma rua chamada :  Pintor Francisco Lauria

Um dia desses,  ( quando meu marido estiver praticando o windsurf  em Jericoacoara  no Ceará  , não muito longe dalí...) ,   quem sabe não  dou um pulo até Recife  para conhecer a famosa  'Moça' e passar pela tal rua... ?  ( Definately , something to think about!)

 

Lauria foi um grande amigo de meu avô -  o escritor Romeu de Avelar.

Em 1967 ele lhe deu de presente o quadro  " Maria da Conceição"    -  um retrato de uma bela morena, com os cabelos compridos,  muito negros e lustrosos,  e no fundo o panorama de  uma cidade  tipicamente colonial brasileira ( Seria a sua velha Recife??)

Este quadro hoje está comigo aqui no Texas ,  decorando minha sala de jantar  e costuma fazer muito sucesso com  amigos e parentes 'gringos' que nos visitam .  lol

( Mais de um achou a mulher no quadro parecida comigo e perguntou se 'não era eu...'  :-))-  mas creio que isto se deve simplesmente ao fato de saberem que o quadro é de um pintor brasileiro e que eu tambem sou do Brasil...)

 

In any case, sobre minha escrivaninha (  a mesma onde costumo escrever meus 'desabafos' aqui no blog...),  tenho uma foto  antiga de três velhos amigos  tomando chope em um bar no Rio.

São eles o escritor  Romeu de Avelar,   o pintor  Francisco Lauria e um terceiro senhor que não conheço ,  mas que certamente devia se tratar de algum intelectual ou artista , companheiro dos outros dois na mesma época.

 

Pessoalmente,  penso que é sempre bom estar rodeada de gente interessante  ( mesmo que alguns deles já não estejam mais  aqui conosco...) e para mim,  ninguem melhor do que um artista ( seja ele um escritor,  pintor, dançarino, músico etc...) para  nos inspirar e enriquecer a alma e o intelecto...

 

 

A ver:

 

O quadro ' Maria da Conceição' , de Francisco J. Lauria   e a dedicatória  do pintor aos meus avós  na parte detrás...  O ano é 1967.               

 

 

E a foto dos três amigos ( provavelmente nos anos 60)

Francisco Lauria no meio e Romeu de Avelar , de cachimbo,à sua esquerda.

O terceiro homem na foto é um amigo dos dois ,  cujo nome eu não sei...)

 

 

 

 

 

 

O maior de todos

Pâmelli, 30.07.08

 

É ele mesmo:  Mikhail Baryshnikov -  carinhosamente tambem chamado de ' Misha'.

Dançarino russo, naturalizado americano. ( Por que será que me lembrei dele esta semana...? :-)

Estava agora mesmo revendo  o video do seu 'Corsário' e comparando -o com o do outro  - o  incrível  Nureyev.  Só serviu para confirmar o que eu  sempre achei.  Misha é imbatível!

 

Ontem  tive minha entrevista no Serviço de Naturalização.  A entrevista , que estava prevista para durar até 2 horas,  não durou mais do que 20 minutos.  Acertei todas as perguntas que me foram feitas sem pestanejar.  Agora é só aguardar a cerimônia do 'oath' ( o juramento).

A partir do ano que vem,  assim como Misha,  com muito orgulho e felicidade me tornarei cidadã americana. 

Adeus 'verdinho' !    Agora só farei uso dele quando voltar  ao Brasil de férias para rever a família.  ( Se usar o  passaporte 'azulzinho'  terei de tirar visto ,  assim como os americanos,   e ficar na fila de imigração ao entrar no país ...LOL ) Ironia das ironias.

Ontem à noite  , no jantar,  meu marido trouxe uma garrafa de Prosseco  para celebrarmos. ( Não gosto nada de champanhe...)

 

E agora,  só para relebrar o fantástico  Misha...

Primeiro dançando o 'Corsário'  em   'The Turning Point'  ( Momento de Decisão) -  belíssimo filme de balé que apresentou  Baryshnikov ao mundo  ...

 

O segundo :  Misha dançando os  'Cavalos de  Vysotsky'   no filme "White Nights" (  O Sol da Meia Noite)  onde faz o papel de um bailarino russo exilado nos E.U. e  agora naturalizado americano. 

 Após uma pane no avião em que viajava  em turnê pela Europa e pouso forçado em território inimigo  da antiga  União Soviética,  de repente  Misha se vê de volta à seu antigo país. 

Só que agora ele é considerado um 'traidor' ,  é preso pelas autoridades   e obrigado novamente a dançar para os russos. 

 Para sua antiga dance partner  ( interpretada por Helen Mirren) ele mostra toda sua revolta .  

 Eis sua dança de protesto...  É de arrepiar.  

Bravo Misha!  

 

P.S.  Nada contra  os gays...Mas é bom saber que Misha sempre gostou de mulher...:-))

Adoro, simplesmente ADORO ,  esse homem ! Não é de admirar que ele  tenha partido  vários corações entre atrizes e bailarinas no mundo inteiro. Tem inclusive uma filha com a Jessica Lange. - é,  aquela do King Kong !!  : -)))

 

 

O Corsário (  " The Turning Point" )  1977

 

 

Vysotsky  'Horses' -   ( " White Nights"  )  1985

 

 

 

O mundo de Jane Austen

Pâmelli, 21.06.08

 

Se me perguntassem  qual é meu autor brasileiro favorito eu diria : Jorge Amado.  

Se me perguntassem qual é o francês ,  eu diria Émile Zola.

Já, se me perguntassem qual é meu autor de língua inglesa preferido eu diria imediatamente:  Jane Austen!

Sim,  eu adoro os livros de Jane Austen.  Todos os seis que ela escreveu e em especial,  é claro,  sua obra mais famosa ,  "Pride&Prejudice"  ( Orgulho e Preconceito).

 

Eu devia ter uns vinte anos quando lí pela primeira vez 'P&P' .  Desde então,  já devo ter relido a obra pelo menos umas três ou quatro vezes e algumas partes,  dezenas  de vezes!

Sim,  eu,  assim como milhares de outras pessoas espalhadas pelo mundo ,  sou fã incondicional de Jane Austen  e assistí a todos os filmes e séries de T.V. adaptados de suas obras.

 

A verdade é que aquela moça bastante comum,  que nunca se casou,   filha de um pastor  de família classe média e tendo morado praticamente toda sua vida em pequenos vilarejos no interior da Inglaterra (  tirando o curto período que passou com a família na cidade histórica de Bath...)  soube como ninguem  tocar o coração e  a alma de milhares de pessoas ( principalmente , mulheres! )  mundo afora. 

  Suas histórias,  apesar de se passarem durante uma época cheia de turbulência na Europa (  o período napoleônico)  nunca retrataram as guerras, os conflitos ou a  nua e crua  'realidade social' de seu tempo.  Ao contrário,  são apenas retratos  da sociedade de sua época;  uma sociedade bastante conservadora,  cheia de hipocrisia e preconceitos.  

Seus personagens mais famosos ( Elizabeth Bennet e Mr. Darcy)  são inspiração para muitas mulheres e  representam o ideal romântico de tantas outras.  

 

Dos filmes que foram feitos  baseados em  sua obra mais famosa ( Pride &Prejudice)  ,  o único  realmente  sério e fiel ao  trabalho da autora  é a série   que foi feita para a televisão nos anos 90 , pela BBC,   com Colin Firth e Jennifer Ehle  nos papeis principais.   

   Já o filme mais recente ( de 2005)  com Keira Knightley ,  e que fez razoável sucesso nas salas de cinema através do mundo , com a atriz chegando mesmo a concorrer ao Oscar ...Para os verdadeiros amantes e conhecedores das estórias de Jane Austen ,  foi um HORROR.  Imagino que a autora ,  se pudesse ver tamanha distorção de sua obra no telão,   com certeza teria  se revirado no túmulo!

Por outro lado,  a talentosa Emma Thompson ,   em "Sense&Sensibility" ( Razão e Sensibilidade)  foi bastante fiel  ao livro original  e conseguiu captar  muito bem  no telão o estilo e gênero ' austeniano' . 

 

Jane Austen é uma autora que toda moça, mulher ou senhora de idade deveria conhecer. É um must.  ( Aliás,  na leve e tola comédia  romântica   "Princess Diaries"  (Diário de uma Princesa?) , de 2001 com Anne Hathaway e Julie Christie,  há um momento em que a avó da princesa  ( que até aquele momento mais parece um pivete  ou break dancer de rua ...:-)) lhe dá uma pilha  de livros para ler  e 'se educar'  .  E entre eles está,  óbviamente,   'Pride&Prejudice' ...:-)) .  

 

Em uma época quando tudo era repressão e conformidade,  Jane Austen foi sem duvida uma das primeiras 'feministas' no mundo ocidental.  ( Será que houve alguma no mundo oriental??)

Ao meu ver , contudo,  seu maior talento , contribuição e genialidade  está   em sua MANEIRA DE ESCREVER e consequentemente no prazer que ela consegue  proporcionar ao leitor através de sua escrita.

Talvez por isso mesmo,   uma coisa que logo percebi  ,  tanto no cinema quanto  em seus  livros traduzidos ,  é que Jane Austen deve ser lida ( e vista)   no original ,   -  e isto infelizmente  não é possível para aquelas pessoas que não tenham um domínio seguro  da língua inglesa.

As traduções,   por melhor que sejam  (  e frequentemente são muito ruins...)  simplesmente não fazem jus ao talento ,  a sutileza e  irreverência inerentes  ao estilo da autora.  Muito do seu adorável  e delicioso   wit  e ironia  simplesmente se perdem quando traduzidos para  outra língua. Então resta  apenas  a estória -  que geralmente é  simples, leve e apenas com uma ou outra pequena intriga  romântica e sem nenhuma análise ou contexto histórico mais profundo...-   alguns personagens ridiculamente cômicos e o inevitável (  a marca registrada de Jane Austen)  final feliz!

 

Sendo assim,  aí fica  uma parte do famoso trecho  ( original)  de "Pride&Prejudice" ,  onde o rico e orgulhoso Mr. Darcy,  resolve se declarar à Elizabeth Bennet e pedí-la em casamento ( apesar do desprezo  que sente por sua família e condição de vida ,  que considera  'infinitamente  inferior ' à sua...).   

Naturalmente , a   resposta  que recebe  de Lizzie ( Elizabeth)  à sua proposta,  não é  exatamente o que ele contava  ouvir...:-))

 

" He spoke well, but there were feelings besides those of the heart to be detailed,  and he was not more eloquent on the subject of tenderness than of pride.  His sense of her inferiority- of its being a degradation- of the family obstacles which judgement had always opposed to inclination, were dwelt on with a warmth which seemed due to the consequence he was wounding, but was very unlikely to recommend his suit..."

 

E quando ela recusa o seu pedido,  ele,  ao mesmo tempo surpreso e indignado lhe diz:

 

" ...These bitter accusations might have been supressed,  had I with greater policy concealed my struggles and flattered you... But disguise of every sort is my abhorrence.  Nor am I ashamed of the feelings I related.  They were natural and just.  Could you expect me to rejoice in the inferiority of your connections?  To congratulate myself on the hope of relations, whose condition in life is so decidedly beneath my own?"

 

Ao que Elizabeth  responde:  

" You are mistaken Mr. Darcy, if you suppose that the mode of your declaration affected me in any other way,  than as it spared me the concern I might have felt in refusing you,  had you behaved in a more gentleman-like manner... You could not have made me the offer of your hand in any possible way that would have tempted me to accept it. "

 

E por aí vai...:-))

 

Talvez para muitos ,  nesta época de internet ,  i-pods e sondas espaciais  visitando Marte ,  tudo isto pareça  absurdamente anacrônico e démodé. 

Mas não para os  verdadeiros amantes da literatura  e muito menos para os aficionados de Jane Austen...

 

A paixão por Carmem e o epicurismo

Pâmelli, 02.05.08

 

Este mês foi inaugurado o novo teatro de performing arts na cidade onde moramos.

Não estamos em Nova Iorque ou São Francisco , mas ainda assim,  nossa cidade ( que possui mais de um milhão de habitantes...) tem uma vida cultural bastante  razoável. 

Existem bons restaurantes,  a cidade tem o seu  próprio balé  e teatro de ópera... -  sem falar que , volta e meia , recebemos uma  'troupe'  encenando algum musical de sucesso da Broadway !

 Quanto ao novo teatro,  para nós  a mudança  de endereço  não poderia ter sido melhor , já que o  local agora   fica a apenas  uns 5 minutos lá de casa,  bem no centro.

Resolveram estrear com a ópera de Bizet,  "Carmem"  e,  é claro que nós não poderíamos deixar de ir.

 

Na verdade  sempre  gostei  e entendi muito mais de balé do que de ópera.  Afinal,  dos seis aos quinze anos estudei  ( seriamente !)  com uma professora russa  em uma academia de dança  no Rio .(Sua família havia fugido da União Soviética logo após a Revolução de 1917...)    Houve mesmo uma época que achei que seguiria a carreira de bailarina ..:-).

 É claro que isto foi  a SÉCULOS atrás,   mas   o fato é que meu interesse e amor pela arte da dança persistiu até os dias de hoje.

 A verdade é que  concluí que era MUITO  melhor ser espectadora do que estrela  ( ou aspirante à isso..). 

 Toda  aquela dedicação e sacrifício!  ( Deus me livre...:-))    Os treinamentos diários.  As dietas rigorosas.  Sem falar  na competição ferrenha entre as dançarinas!  Eca.  Não,  muito obrigada.

Pensei:  Tem coisa melhor do que ser simplesmente espectadora?  Poder me arrumar e me emperiquitar como quiser ,  chegar ao teatro poucos minutos antes do espetáculo,  tomar uma taça de vinho  ( sem culpa!) antes de sentar-me na platéia,   ler o programa com o resumo  da estória,  tomar OUTRA  taça de vinho (  novamente sem culpa...)  durante o intervalo e simplesmente   apreciar o espetáculo sem compromisso com  nada ou ninguem ?  Depois comentar  com meu acompanhante sobre a 'ponta',  a 'abertura' ou a  'precisão' da bailarina e por fim ,  satisfeita ( ou meio decepcionada, dependendo do caso...)  calmamente   deixar o teatro e voltar para  casa!  (Quando isto acontece no Rio,  melhor ainda , pois podemos sair para  jantar DEPOIS do show , já que lá   ( ao contrário da maioria das cidades européias e americanas...) os restaurantes ficam abertos até as  ' altas horas da madrugada! ' :-))

Ah, que maravilha,  poder  comer um belo filé  au poivre ,  um risotto de camarão  ou  um fettucini ao molho de roquefort,  sem a MENOR  preocupação com o próprio  peso!! 

Realmente não há nada  melhor do que o  desfrute de um prazer sem culpa...

 

Mas voltando à Carmem...

Eu sempre adorei a música de Bizet.  Há vinte anos atrás assisti à uma  inesquecível performance de Carmen ( a ópera , não o balé...) no Teatro Municipal do Rio.  Nunca me esqueci do nome da cantora lírica americana no papel da sensual cigana de Sevilha:   Isola Jones. 

Quanta  paixão,  insolência  e sensualidade!  Que presença de palco!  Me senti tão enfeitiçada  pela bohéminienne quanto o próprio  D. José...:-)

 Foi mais ou menos naquela época que tivemos de ler o livro  'Carmen' ,  de Mérimée  - justamente a estória que inspirou Bizet em sua ópera.  Estava cursando o programa superior de francês da Aliança Francesa no Rio :  o Nancy.

Ah,  me lembro tão bem das análises e comentários que fazíamos em classe sobre a obra!  Ninguem ,  contudo,  além de mim,  parecia ter a menor compaixão por D. José.

" Um chato!  -  diziam minhas colegas.  "  Um machão,  obcecado com a coitada!  E ainda por cima ,  acabar por esfaqueá-la no final!!"

Mas eu tinha pena dele.  Sofria com a sua angústia e aquela paixão enlouquecida pela jovem cigana insensível.  Pobre D. José...

 

Hoje,  vinte anos depois ,  fui novamente ver o mesmo espetáculo, desta vez aqui,  nos E.U.

O teatro está  muito bonito.  O cenário foi  igualmente de primeira.  A música de Bizet maravilhosa , como sempre. 

Antes do show tivemos uma pequena palestra e eu fiquei sabendo pela primeira vez,  que Bizet JAMAIS botou o pé na Espanha em toda sua vida!!

Como é possível que um francês ,  que nunca esteve na Espanha,   possa ter escrito aquela música ??  Pode  existir na Terra algo mais 'espanhol' ,  mais  'sevilhano'  e ' ibérico' ...Que traduza melhor a alma do sul da  Espanha do que a música de Carmem ?!!  ( ainda que a letra da ópera seja em francês...)

Ah, mas ao contrário da performance que tinha visto no Rio com Isola Jones,  a Carmem que vi no teatro aqui não me causou a menor emoção. 

Apesar de  possuir um belo rosto e a cabeleira farta ( o que sempre ajuda ao interpretar Camem...) , assim como uma voz afinada e trabalhada,  a mulher me deixou completamente gelada!

Não havia um pingo da mais remota sensualidade nela.  Os movimentos dos braços eram feios e sem feminilidade ,  o andar mondrongo.  Mais parecia um desses pivetes de rua ,  chupando chiclete e dançando break.... Só faltava a touquinha de meia na cabeça! 

Então pensei que  a verdadeira Carmem de Bizet deveria ser interpretada ,  de preferência ,  por uma mulher latina.  Uma francesa,  uma espanhola ou portuguesa....Quem sabe até uma brasileira (  se bem que não devem haver muitas brasileiras por aí como cantoras líricas...Triste.  ) . 

 Não.  A sensualidade não é a marca registrada dos anglo-saxões e, apesar de que Marilyn Monroe era americana,  penso que ela jamais poderia ter interpretado Carmem.

Isola Jones foi uma exceção.  Talvez porque fosse uma cantora mulata  e cujo sangue africano lhe tivesse dado um 'tempero' extra...  Ou talvez  simplesmente eu fosse jovem demais e tenha visto a coisa com outros olhos...Quem sabe?

 De qualquer forma,  quanto ao espetáculo aqui na semana passado, sempre valeu a pena. Afinal  pudemos conhecer a nova 'Opera House ' da cidade ,  tirar um vestido ou blazer  do armário que nem sempre temos a ocasião de usar,  aprender algo novo sobre Bizet e  novamente ,  ouvir sua música divina.

De quebra,  eu pude mais uma vez ,  entre um ato e outro , tomar minha taça de vinho TOTALMENTE   sem culpa , e me dizer :    Que bom que eu  desisti de ser  bailarina!! 

 

 

 

 

 

 

Para os amantes de Matisse

Pâmelli, 22.04.08

 

No fim-de-semana passado nós  estivemos na Costa Lesta americana visitando parentes.

Entre um jantar, uma reunião ou encontro 'familiar' , eu consegui dar uma escapulida até o centro de Baltimore e passar uma tarde no principal museu da cidade.

 

O BMA ( Baltimore Museum of Art) tem um prédio muito bonito,  que lembra  um pouco a National Galllery de Londres -  só que bem menor.  Seu acervo inclui obras dos principais artistas mundiais e ( surpresa!)  a maior coleção de obras de Matisse nos E.U. !

São cerca de 500 obras  do pintor francês -  entre pinturas e esculturas.  ( Na verdade não creio que tenha visto 500 obras do artista , mas imagino que algumas delas estejam emprestadas em algum museu para uma exposição temporária...).  De qualquer forma,  havia pelo menos umas 3 salas inteiras só com telas de Matisse;  todas lindas,  cheias de cenas da Côte d 'Azur,  em suas tonalidades tão 'fauve' ,  os interiores tão  exóticos e coloridos das casas,  suas famosas odaliscas...

A coleção foi formada pelas irmãs Etta e Claribel Cone , naturais de Baltimore e de família abastada, que nunca se casaram e adoravam colecionar objetos de arte.  (  Que sorte a nossa que elas nunca tiveram filhos , do contrário hoje tudo aquilo ou estaria em alguma casa particular da família,  ou teria sido vendido à algum milionário em leilão ! :-))

 

De quebra o museu ainda tem um ótimo restaurante (  O  "Gertrude's" ),  onde eu pude degustar das famosas 'crabcakes' locais ( os bolinhos de carne de siri que são a especialidade do estado de Maryland...) , com um bom vinho da Califórnia ,  ao som de música  americana , ao vivo ,  no   estilo  'Woody Allen' . 

Isso sem falar na lojinha do museu ...

 

É disso que eu gosto na Costa Leste:  Não é preciso estar em NY para experimentar  um pouco de cultura e sofisticação.  A cidade de Baltimore,  com o seu charmoso porto,  suas construções em tijolos tão 'inglesas' ,  seus museus e culinária local ... , definitivamente vale uma parada!