Loucura, desgraça e um show histórico em N.Y.!
Afinal faz séculos que passei pelo blog! Nem sei quando foi a última vez, mas como vêem, I'm still alive!! lol
In the meantime , saí de férias da U.T., passei quase um mês em St. Augustine e já comecei o curso de verão.
Só que ,in-between, estive nada menos do que em New York City!
Pois é. Não estava nos planos, mas acabei passando uma semana BEM DOIDA por lá (to say the least!) e recheada de pontos tanto baixíssimos, quanto altíssimos.
P.S. Leitores do Parada, peguem um café e sentem-se numa poltrona confortável pois a estória é meio longa…
O que aconteceu foi o seguinte:
Estávamos de férias em St. Augustine, na Flórida, (meu marido na verdade indo e vindo, dividindo sua estadia por lá com alguns encontros familiares necessários, tanto no Texas, em Maryland e na própria Flórida…) quando minha tia e madrinha - hoje com quase oitenta anos – veio do Brasil com uma amiga para passar uma semana em Nova Iorque.
(Minha tia sempre foi louca pelos E.U. - esp. por N.Y!- e viaja para cá todo ano há mais de quarenta anos)
Anyway, à princípio eu não tinha planos de sair da Flórida para encontrá-las , mas ao ficar sabendo do show que as duas iam assistir no Birdland Jazz Club ( nada menos do que Marcos Valle e Roberto Menescal, juntos!), não resisti, e num impulso de última hora, tomei um avião de Jacksonville ( que fica a meia hora de St. Augustine) e fui encontrá-las na Big Apple. O plano era ir numa terça , assistirmos ao show juntas numa quarta e eu voltar para a Flórida no dia seguinte (quinta-feira).
Well….guess what….
Minha tia , que como já mencionei, é idosa (além de bastante doente... pois, entre outras coisas, tem problema cardíaco e sofreu uma fratura de bacia há dois anos, o que a obrigava até então a andar de muletas…), para completar o quadro de horror, simplesmente caiu NO DIA SEGUINTE à sua chegada em N.Y. Bem no dia em que cheguei para encontrá-las. (Isso é que é sorte, heim?)
A verdade é que ninguem em sã consciência, na idade de minha tia e com tantos problemas de saúde, viajaria sequer do Rio de Janeiro para Petrópolis, let alone para os E.U.A.! Mas Tia D. tem seu próprio dinheiro, mora sozinha e é teimosa. Daí que seus filhos no Rio não puderam impedir que viajasse.
Enfim, o fato é que eu, ao chegar no hotel em Times Square, onde ficaríamos, topo com minha tia já toda roxa e com o braço paralisado de dor. A fatídica queda, nos degraus da famosa igreja de St. Patrick, havia ocorrido poucas horas antes do meu voo pousar no Aeroporto Kennedy.
Foi então que começou nossa peregrinação na Big Apple: milhares de telefonemas para a agência do seguro internacional, a ida ao Pronto Socorro para tirar a radiografia, o diagnóstico de mais de uma fratura no braço, telefonemas para seus filhos no Rio, o aluguel de uma cadeira de rodas (pois agora é que ela não tinha mais condições de andar, mesmo de muletas! ).
Enfim, o resumo da tragédia grega é o seguinte:
-Minha tia fala pouquíssimo inglês e sua amiga ZERO. O seguro internacional Fly Card (bando de picaretas!) naturalmente fez corpo mole o tanto quanto pode, e só depois de muitos telefonemas internacionais para o Brasil e a ameaça do seu filho lá, que é medico, de processá-los, é que finalmente conseguimos uma consulta com um ortopedista.
- Eu fui para N.Y. com uma malinha para ficar dois dias e acabei ficando uma semana (Pelo menos tinha levado um conjunto decente para ir ao show do Birdland...)
-a boa notícia, quando finalmente conseguimos que minha tia visse o ortopedista, foi ele ter dito que a fratura era “simples” e nos informado de que não era o caso de operar, e sim simplesmente de imobilizar o braço por várias semanas.
- o hotel Edison, onde ficamos no Theater District, no coração de Manhattan, foi super camarada e depois de transferir as duas para um quarto maior e com duas camas de casal, me deixou ficar lá com elas , DE GRAÇA.
E o melhor :
- Minha tia, ao saber que não precisaria operar o braço, resolveu ficar em NYC até o final de sua estadia (que seria ao todo de uma semana). Afinal, não tinha mais nada a se fazer, então por que não ficar e aproveitar o resto da viagem?
- Eu, naturalmente, concordei em ficar com elas lá até o final – ainda mais se podia ficar no hotel de graça! (A média da diária do Hotel Edison é de $250 ).
Nota #1 : Já no dia seguinte à sua queda (quando já sabíamos da fratura devido a radiografia que tinha sido tirada no Pronto Socorro) e enquanto eu ainda lutava com a companhia de seguros para conseguir uma consulta com o ortopedista… Apesar da desgraça, resolvemos não cancelar nossos planos e decidimos ir ao show do Marcos Valle e Roberto Menescal conforme o plano original. lol
Pois é. Tal tia, tal sobrinha. A loucura corre na família.
Afinal desgraça pouca é besteira. A dor no braço era forte , mas até a consulta com o especialista, não tínhamos muito o que fazer. Além do mais, embora ninguem dissesse isso, no fundo todas nós pensávamos que esta deve ter sido a última viagem de minha tia à N.Y...
Portanto, Tia D. , que já toma doze comprimidos por dia , resolveu tomar mais um (para DOR!), e lá fomos nós, as três Cajazeiras, para o show histórico no Birdland Jazz Club. Afinal, estamos falando de duas lendas vivas da Bossa Nova , gente!!
O lugar ficava a poucas quadras do hotel, então eu e a amiga de minha tia ( que é uns quinze anos mais jovem do que ela), EMPURRAMOS a cadeira pelas ruas da Big Apple até o clube, já que o táxi especial para cadeirantes é super demorado e já estávamos em cima da hora...
O "momento de glória" :
(que compensou por toda a desgraça e os sufocos que havíamos passado até então)
Após o show, o Marcos Valle, que é amigo pessoal e paciente de meu primo oftalmologista no Rio (o filho de minha Tia D. ), nada menos do que sentou-se em nossa mesa e assinou o meu C.D.!
Também conseguimos falar com o Menescal, que assinou outro C.D. para mim. Tiramos fotos com os dois e quando lhes contei que minha tia tinha vindo ao show deles mesmo toda quebrada , ainda sem ter conseguido ver um ortopedista, eles mal acreditaram. O Menescal ficou especialmente surpreso ao saber que eu morava no Texas e que tinha vindo da Florida só para ver o show.
Quanto ao show em si, foi MARAVILHOSO, com os dois músicos tocando tanto sucessos do passado como "O Barquinho", "Bye, Bye Brasil" e "Samba de Verão" , quanto músicas novas dos C.D.'s que havíamos comprado.
Na plateia do Birdland tinha, entre outras pessoas, nada menos do que o Eumir Deodato e um maestro ( aparentemente muito famoso) da Sinfônica do Rio , cujo nome nao me recordo. Com certeza tinham também muitos outros músicos e celebridades brasileiras e americanas, que eu não reconheci.
Epílogo:
Além do show histórico do Menescal e Marcos Valle, ainda fomos uma noite ao Edison Ballroom , que tem um jantar maravilhoso, mas é o lugar ideal apenas para quem gosta (e sabe!) dançar muito bem. De fato, várias mesas tinham algumas mulheres mais velhas dançando com o que parecia ser “jovens instrutores de dança". O lugar não é bem a minha praia, mas minha tia costuma ir lá toda vez que vai a N.Y. pois era lá que costumava dançar com seu marido, quando este ainda era vivo. Suponho que o lugar lhe traz boas lembranças...
Por fim, uma tarde, enquanto as duas descansavam no hotel, consegui escapulir e assistir ao musical da Broadway que está super badalado no momento: “Cinderella”! – com a atriz que faz o papel da “Nanny” no famoso seriado de T.V. O cenário e as vozes dos cantores eram simplesmente nota 10!
No domingo, fui para o Museu do Metropolitan (que já conhecia e que sempre visito quando vou à N.Y.) e passei o dia entre múmias egípcias, armaduras medievais e estátuas da Grécia e Roma antigas. O museu tem um restô delicioso ( não a cafeteria lá de baixo!), todo envidraçado e com vista pra o Central Park... Enquanto isso, minhas companheiras de "loucura, glória e infortúnio em N.Y." aproveitaram para passear em Times Square – de cadeira de rodas e tudo- e fizeram as inevitáveis “compras brasileiras”. Ou seja: o que começou como uma tragédia grega , terminou em happy ending Americano. Graças ao nosso sangue frio, coragem, persistência e , por que não, temeridade! lol
Voilà. Este é o resumo , bem resumido, de nosso encontro, da desgraça, dos sufocos e prazeres que tivemos na “City that never sleeps” .
Definitivamente uma viagem cheia de pontos altíssimos e baixíssimos, assim como a própria Big Apple.
Alguns momentos da viagem:
O C.D. assinado pelo Menescal...
Marcos Valle em nossa mesa após o show.
E no teclado cantando "Samba de Verão" - SHOW!
No musical da Broadway: Cinderella
O belíssimo e magnífico Metropolitan Museum of Art