Beaune & Lyon
E então a primeira cidadezinha que visitamos na região da Borgonha, enquanto ainda estávamos ancorados em Chalon-sur-Saône , foi Beaune.
Seguimos para lá de ônibus com o grupo do Viking e lá fizemos uma degustação em uma das muitas maisons dos comerciantes locais.
No centro da cidade visitamos o famoso Hôtel Dieu, o antigo hospital da cidade. Trata-se de uma jóia medieval , com seus telhados borgonheses coloridos, fundado por volta de 1443 durante o período da Guerra dos Cem Anos.
A chegada de navio à Lyon foi especialmente charmosa .
A segunda ( ou terceira, depois de Marselha??) maior cidade da França é famosa pela gastronomia e a seda.
Adorei o fato da cidade ser cortada por dois rios : o Rhône e o Saône - e claro, decorada por lindas pontes , assim como Paris.
Fizemos um city tour de ônibus e depois tivemos um tempinho livre para fazer umas compras. Foi então que corri até a parte comercial da cidade e, sob a recomendação de nossa recepcionista no navio, descobri uma loja que só vende echarpes em seda de Lyon.
Comprei duas - lindas! :-) ( Uma delas aproveitei para usar no jantar do Capitão...:-)
Ainda na correria , consegui comprar alguns blocs de foie-gras em uma deli em volta da famosa praça Bellecour - - supostamente a maior da Europa??
Na verdade, penso que Lyon é uma cidade para se ficar pelo menos uns 3 dias.
Tem muito o que se ver - entre ruínas da época dos romanos na Gália (antigo nome da França) , igrejas e alguns dos mais famosos restaurantes na França!
Foi então que tivemos uma pequena 'aventura'...
Nossa guia, chamava-se Elizabeth e imagino que era francesa. Ela falava inglês muito bem, com pouco sotaque - apenas o suficiente para deixar a língua inglesa mais sensual...:-)) - e tinha uma voz calma e agradável.
O dia estava meio nublado e chegou mesmo a chuviscar uma certa hora.
Então subimos até o topo do morro ( de ônibus) onde fica a basílica de Notre -Dame de Fourvière , que é um dos símbolos de Lyon. É muito bonita esta falsa criação bizantina ( já que foi construída no final do século 19...) , cheia de torres e fendas, mármore e mosaicos.
A vista da cidade lá de cima é belíssima e só isso já vale a subida.
Então entramos com o grupo de velhinhos :-) - nossos companheiros de viagem no navio- e como estava chovendo lá fora , a igreja estava mais cheia do que de costume.
Nossa guia mandou nosso grupo se sentar mais ou menos no meio , já que todos os assentos no fundo da igreja já estavam ocupados por outros guias e seus respectivos grupos.
Ela tinha acabado de nos contar que a igreja havia sido construída 'com o dinheiro do povo...' e estava agora nos falando sobre os mosaicos.
De repente o padre entra e , apesar de não estar tendo qualquer missa naquele momento, se invoca com o nosso grupo e começa a se dirigir à nossa guia de maneira ríspida , dizendo -lhe que nós não podíamos nos sentar naquele setor da igreja. Simplesmente interrompeu-a no meio da explicação, assim, sem a menor cerimônia ou respeito pelo seu trabalho .
Elizabeth primeiro tentou ignorá-lo e continuou narrando a história da igreja, mas o padre insistia em interrompê-la, ríspida e grosseiramente.
Mesmo quem não entendesse francês, poderia notar que estava lhe 'passando o pito' , tal era o tom agressivo de sua voz.
-Vous sortez, madame ! Vous ne pouvez pas rester ici!
Elizabeth, contudo, continuava tentando ignorá-lo e nos falando como se nada tivesse acontecido , mas já podíamos perceber que começava a ficar perturbada e com dificuldade em se concentrar no que estava nos contando.
Por fim ela disse-lhe que não iríamos sair dalí. ( Afinal estava chovendo lá fora, não havia missa e todos os lugares no fundo da igreja já estavam ocupados pelos outros turistas ..).
Por estas alturas o padre estava subindo pelos tamancos. Histérico , ele falava alto e gesticulava freneticamente. Se fosse mulher , com certeza já teria rasgado o sutiã!
Umas duas pessoas do nosso grupo fez menção de se levantar mas logo recebeu a 'ordem' da guia de ficarem exatamente onde estavam. Para completar ela falou bem alto para o grupo todo:
-Esta igreja não é dele. É minha. Eu paguei por sua construção! lol
Por fim, quando o padre viu que não conseguiria intimidá-la nem nos expulsar dalí, ao avistar um senhor no meio de nosso grupo de boné ( tenho certeza que não foi por falta de respeito mas muito provavelmente por ignorância ou distração...) , virou-se para ele e gritou:
- E o senhor aí, tire este chapeu! Isto aqui é uma igreja e não um museu!!
O velhinho americano não entendeu o pito em francês . Então alguem lhe deu a dica e ele tirou o boné , assim como um cachorrinho que leva uma bronca inesperada e depois fica encolhido , com o rabo entre as pernas.
Inacreditável aquele padre!
Eu, naturalmente gravei a cena em video e tirei foto.
(Meus 'coleguinhas' de viagem e a figura no fundo...)
Estava me divertindo com tanta baixaria no meio de um lugar supostamente de 'moral e espírito tão elevado...' :-))
Por sorte estava meio camuflada, sentada em uma das fileiras mais para trás...
Agora, graças aquele 'fiel servidor de Deus' , toda vez que nos lembramos de Lyon , a primeira coisa que nos vem a mente é o barraco do padre com nossa guia dentro da famosa basílica de Notre Dame de Fourvière.
Tanta coisa especial relacionada à Lyon - as fábricas de seda, a gastronomia, os anfiteatros romanos, a própria basílica com sua enorme estátua dourada de Notre Dame , a padroeira da cidade...
Mas pra nós, Lyon agora é inevitavelmente 'a cidade da igreja do barraco ' ! lol
Que coisa.
Realmente , como diria minha velhíssima ex -professora de francês no Rio , Mlle . Vasconcelos : Épouvantable ! ( Era sua expressão preferida...)
Enfim, este foi o resumo do que aconteceu conosco em Beaune e Lyon.
Depois disso continuamos a bordo do Viking , seguindo pelo Rhône , em direção ao Mediterrâneo...