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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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No meio do nada - ou quase...

Pâmelli, 29.11.13

(Véspera de Thanksgiving)

 Amanhã é Thanksgiving Day  (Dia de Ação de Graças nos E.U.A.)  e  já estamos na estrada,  rumo ao estado vizinho do Novo México.  Nosso destino:  a cidade de Santa Fé – alias, onde estivemos pela primeira vez ( e gostamos muito!)  não faz muito tempo.

 Esta charmosa cidade alta (são cerca de 2 mil metros de altitude), de clima seco e com uma forte influência hispânica e indígena,  reduto de aposentados  bem de vida e muitos artistas e artesãos,  é tudo de bom.  Trata-se também da “terra das  lindas pulseiras, brincos e colares com a pedra local - a turquesa”.   (Até  já trouxe as que comprei lá da última vez pois em S.F.  o negócio é desfilar pelas ruas da cidade  coberta de  prateado e azul...lol)

  Pois é. Foi  pra lá que fugimos  neste feriado, para comermos o nosso bendito peru - o prato clássico do Dia de Ação de Graças .

 

Santa Fé está  a cerca de 11 horas de Austin, a capital do Texas.  Daí que faremos  a viagem em duas etapas, dormindo hoje já perto da divisa dos dois estados.

Estamos na estrada há umas boas seis horas e , como estamos cruzando o estado do Texas….Ai! Só o que temos em volta é  a mais pura feiura :  um monte de  cidadezinhas moquifos no meio da mais negra escuridão!  Em suma: cada  buraco mais deprimente  do que o outro.

No caminho conseguimos parar para jantar numa delas -  Brownwood-  que  tinha ao menos um shoppinzinho (“Heartland Mall”)  iluminado,  com uma loja da  JC Penney e uma “pracinha de alimentação”  com DOIS   lugares de fast food  -  um quiosque  de hot dogs e um Chick Fil-A .  Nada impressionante, certo?  Mas, believe me,   no meio de tanto lugar  “economically depressed” , o mall de Brownwood  parecia o próprio Casino de Baden-Baden!  

Seguimos então  para o  fast food  “especializado em galináceos”  e meu marido,  que nunca tinha estado lá ( ele detesta restaurantes de franquia e ainda mais de fast food!)  teve uma surpresa agradável : a moça do caixa lhe perguntou se era a sua “primeira vez”  no Chick Fil- A e quando ele respondeu que sim, ela lhe informou que ele era o “convidado da casa”.

 Pois é,  acabamos jantando de graça e  tanto o sanduíche de filé de frango de meu hubby,  quanto o meu cole slaw (saladinha de repolho com cenouras) e meus chicken nuggets estavam muito saborosos. Quer dizer,  os religiosos do Chick Fil- A ( que são notoriamente  contra os gays) foram muito gentis conosco .( Já se soubessem que se tratava de um casal childfree  [ não procriadores,  e portanto pecadores mortais!! ],  era bem capaz que tivessem  retirado o convite!  Lol )   Dentro do mall,  ainda avistamos uma lojinha toda  enfeitada com doces e balas de Natal e aproveitamos para comprar umas nozes tostadas, já que lá fora o frio está de rachar. (Sabiam que o  mallzinho fuleira de Brownwood tem até cinema?!)

Anyway,  agora estamos de volta ao  carro,  novamente no  meio da estrada e da mais negra escuridão ,  e já  são quase dez horas da noite.  Não é a toa que de vez em quando algum E.T. resolve aterrissar por estas bandas.  ( Alguem ainda   se lembra do “episódio”  de Roswell??  Pois não fica muito longe daqui, sabem?)

Quanto às  paradas no meio do caminho, nos postos… Arre égua!  São verdadeiros “shows de horrores”:   Não se vê uma única pessoa com o corpo normal por estas bandas.   Imagino que o índice de obesos por aqui deva bater nos  90%.  Mas tambem,  no meio  desse descampado árido e fedorento,  a milhares de quilômetros de uma praia, uma lagoa, uma serra ou mesmo um riachinho simpático… Só o que  resta na vida mesmo é COMER pra preencher o vazio na alma!

Pra não dizer que só vimos feiura e buracos de cidadezinhas deprimentes  desde que saímos da capital…  Ok,  houve um momento na estrada ( já estava escuro) em que  avistamos um belo e iluminado muro de pedra,  com um portão em ferro trabalhado ,  que eu imagino deva ser a entrada  do “rancho” de algum fazendeiro milionário  texano.  Vai ver era o rancho do J.R.  ,do seriado “Dallas”!  lol

 Já esta  noite vamos dormir em Lubbock – uma das maiores cidades aqui no noroeste do  Texas;  nesta terra de gado, petróleo  ( e MUITO  fedor , arre!)  que os Americanos chamam de Panhandle.  ( O fedor é por causa do estrume das fazendas em volta e da produção de gás pela exploração do petróleo) . 

Bom, pelo menos amanhã já amanhecemos bem pertinho da fronteira com o novo México,  que ao contrário do Texas,  tem uma bela e pitoresca paisagem.  São quilômetros  e mais  quilômetros  de deserto, sem  ninguém em volta, nenhuma cidade,  nada.  E nesta época do ano, muitas partes vão estar cobertas de neve.  Definitivamente,  um  cenário hollywoodiano de filme de índios e cowboys.

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Lubbock, na manhã seguinte:

Surprise,  surprise

No meio de tudo isto, imaginem que hoje de manhã,  ao irmos tomar café no “ Denny's” ( uma franquia bem popular em toda a América e que  serve um café-da-manhã bem básico…) , em  plena Lubbock, in the heart of the Texas Panhandle…  não é que topamos com um garçom super gente boa!

  O rapaz,  coitado,  deve ser o próprio E.T. da região : Negro e meio cheinho ,  com o cabelo tingido de um vermelho vivo ( penso que talvez ele seja gay),  ele falava francês super bem pois morou na França um bom tempo e antes de voltar para Lubbock ( onde mora com a mãe) , trabalhou para a Delta Airlines de Minneapolis,  acolhendo os passageiros do Canadá francês ( Quebec).  

Simpático, inteligente e cheio de joie-de-vivre, ele  adorou ter alguem com quem falar francês.  Então,  quando  lhe perguntei o que ele fazia em Lubbock, ele respondeu : “NADA.  Além  de comer, dormir e trabalhar, pois não tenho um único amigo por aqui…”   No wonder!

  Então eu lhe disse que ele devia ir conhecer New Orleans, pois ali ele se sentiria num pedacinho da França do século 19…lol  De fato, pensei,  aquele rapaz, ao invés de estar servindo ovos mexidos no Denny's  de Lubbock,  poderia perfeitamente trabalhar como concierge no luxuoso Hotel Monteleone de New Orleans!

 What a shame

Enfim,  espero que siga o meu conselho e pelo menos dê um pulo até lá, nem que seja  só para conhecer. Alguem como ele certamente combina muito mais com uma cidade turística e sofisticada como New Orleans, do que com Lubbock ,no Texas!

Ok,  esta era a nota que faltava para fechar este post.


Agora,  Santa Fé,  aí vamos nós e Happy Thanksgiving para todos!

 

P.S.  Se este post sair no Parada,  significa que sobrevivi ao ar infecto com cheiro de estrume e cheio de gases venenosos  do “Texas Panhandle” …