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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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O curso que saiu pela culatra

Pâmelli, 04.07.13

Categoria de post:  desabafo

 

Puxa,  faz séculos que postei algo no blog pela última vez!

Depois que voltamos da França,  já comecei  (e , thank God!)  estou quase terminando  meu primeiro curso de verão na U.T. -  um curso de “antropologia”  intitulado “ Política de raça e violência no Brasil” .  (Ai.   Já deu pra sentir o drama, né?)

Eu poderia ficar uma hora aqui só escrevendo sobre isso.  Mas o resumo é o seguinte: Depois daquele curso penoso e chatérrimo  de latim,  pensei em seguir um cujo o assunto eu  já “conhecesse razoavelmente”.  A idéia era levar a coisa de uma maneira mais light (mesmo que o tema  não fosse exatamente um romance à la Jane Austen…) e ganhar mais  3 créditos para o meu minor,  que afinal,  é Antropologia. Wow , ledo engano!    

Mas, como é que  eu poderia imaginar que, numa universidade Americana,  texana,  eu  toparia justo com  uma professora  TOTALMENTE radical,  petista, e 100% pró-favelados brasileiros?? {#emotions_dlg.barf}

 

Ok,  a moça é inteligente,  doutora , preparada… Mas , talvez por ser uma Americana  negra ,  vê racismo e preconceito  em TUDO!  Chega a ser paranóica.  Pior:    Os textos e artigos que nos faz ler são,  em sua maioria ,  escritos por “ scholars”  brasileiros, igualmente radicais, petistas e pró-favelados! (Há uma ou outra exceção).  Alguns,  apesar de seus PhD’s , são pessoas  visivelmente frustradas e complexadas; aqueles típicos intelectuais falidos, que pouco trabalham e muito estudam – e que DETESTAM  “pessoas que usam sapatos italianos e pisam em chão de mármore nos apartamentos dos  Jardins Paulistas”.     

Em suma,  o curso tem sido um outro martírio pra mim, que sou obrigada a ouvir a professora ensinar em classe que “todos os policiais no Brasil são criminosos e frequentemente membros do esquadram da morte” ;  que lugares como o Morro do Alemão não são favelas, e sim ‘bairros’ do Rio de Janeiro;    que a Baixada Fluminense não é um lugar perigoso;  que o BOPE é composto por  policiais sanguinários , que matam o povo inocente das favelas a torto e a direito;  ,  que o governo brasileiro vem sistematicamente,  desde os tempos da abolição, praticando o “genocídio” contra os negros no Brasil, entre outras coisas,  “esterilizando mulheres negras sem o seu conhecimento” ,  e por aí vai.   

Eu , é claro que não ouço essas barbaridades calada e ontem mesmo  soltei o verbo , quando não aguentava mais ouvir tamanha  apologia das favelas e dos “coitadinhos” dos favelados.  Então virei-me   para a a turma e disse:

“Minha gente,  eu cresci num bairro bom,  classe media ,  da cidade do Rio de Janeiro.  Não cresci no meio de tiroteio , nem de traficantes.   No entanto , como mesmo os bairros bons no Rio estão rodeados de favelas por todos os lados,  já fui atacada e assaltada mais de uma vez ao sair ou voltar para casa.  Mais:  todos os meus amigos e conhecidos,  já foram igualmente  assaltados pelo menos uma vez.  Vocês acham isso normal?? Pois esta  é a realidade da classe media no Brasil.    Acontece que nós lá,  ao contrário de vocês aqui nos  E.U.  , não temos uma segunda emenda em nossa Constituição,   que nos dê o direito de  comprarmos  uma arma e dar um tiro na cara de um ladrão que esteja invadindo  nossa casa,  para nos  assaltar, nos  estuprar ou quem sabe assassinar.  Tudo o que nós,  a classe media no Brasil ,  podemos fazer para nos proteger,   é colocar  uma grade de ferro envolta de nossas casas,  comprar um cachorro e rezar! “ 

O silêncio na sala foi total.  A professora reconheceu que eu tinha o meu ponto de vista, embora não tenha tomado o meu lado. ( Afinal ela está convencida que quem não é favelado no Brasil,  só pode pertencer a elite branca,  racista e opressora)

 

Outro dia  a "antropóloga ativista" nos mostrou  um pedaço do Show da Xuxa, numa cena que fazia troça de um casal de caipiras e uma negra. O  quadro, que era completamente  ridículo,  racista e de mal gosto, era para ser  ‘engraçado’.  Então ela  completou dizendo que “ milhares de brasileiros assistem e adoram o  programa” .  Eu repliquei dizendo que o show da Xuxa era igual ao do Jerry Springer nos E.U. – ou seja,  um programa visto principalmente por gente sem instrução e  de gosto bem duvidoso.     Ela revidou dizendo  que  “ pelo menos 80% dos brasileiros assistiam” , ao que eu respondi que   ‘não duvidava,  já estávamos falando de um país do terceiro mundo..’   e por aí vai. 

Enfim,  esse é o curso no qual eu me inscrevi , pensando que iria ter um break nesse verão.   Um verdadeiro tiro que saiu pela culatra!

 O jeito agora é esperar e rezar pro próximo ser mais agradável  , ou pelo menos neutro , lol .  O tema será sobre o Oriente Médio -  então só pode ser melhor!!

 Só espero desta vez pegar um professor árabe ,  original do lugar  -  e não um outro Americano   transplantado,  fazendo trabalho etnográfico nos piores antros do país e depois querer vir nos ensinar  o quão” injusta, horrível e permeada de racismo e injustiça é a vida de alguns pobres diabos por lá.”

E quanto a classe media?  Onde é que estão os seus aliados e defensores??