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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Bye, Bye Veja Brasil

Pâmelli, 01.06.12

 

Este ano,  depois de mais de quatro anos de leitura dedicada e ininterrupta, resolvi  cancelar minha assinatura da revista VEJA.  Pois é. Justamente eu,  que adorava a revista , sempre bem escrita e informativa.  De fato,  mais de uma vez até vim ao Parada escrever um post sobre algum artigo que tinha lido por lá.

Acontece que neste começo de  ano,  a VEJA me decepcionou em duas frentes: primeiro , com a desculpa de que "alguns leitores no exterior ( pelo menos aqui, nos E.U.A...)   estavam reclamando da demora da entrega das revistas" , passou  a usar o sistema de UPS de entrega ( que é mais caro) e com isso,   simplesmente,  assim,  sem mais nem menos,  aumentou o preço da assinatura anual  de  duzentos e poucos dólares ( que já não era exatamente “baratinho”…) , para mais de $ 500!  Isso mesmo.  Mais do que o dobro, ou seja:  um aumento de mais de 100%!     E isso, detalhe,  num país onde,  DIZEM,  que a inflação de 2011  ficou em torno de 6,5%... Humph.  Segundo,  ao interrompermos nossa assinatura, diante de tamanho ROUBO ( a palavra é essa mesma),  o que eles fazem?  NADA.   Sequer uma carta  tentando saber ao menos porque  o leitor parou de assinar,  uma contraproposta,   quem sabe uma promoção no futuro.  Nada.  NienteRien.   

 Quer dizer, simplesmente deixaram um velho e fiel cliente sumir no pó !   Um cliente,  diga-se de passagem,  que mora há anos no exterior , e que por estas alturas,  já nem deveria mais assinar qualquer revista brasileira!   Aliás, eu duvido muito que tenham tantos brasileiros por aqui  assinando  revistas do Brasil e pagando em dólar por elas.  Quando muito, o povo assina a Globo Internacional. Por isso mesmo,  a meu ver,  estes poucos leitores fiéis e morando tão longe , deveriam ser tratados com um pouco mais de consideração.

 

Mas a  verdade é a seguinte: É típico do brasileiro ,  não estar nem aí pro cliente – principalmente para o cliente , QUE DEIXA DE SER CLIENTE.   Os comerciantes brasileiros  não têm o menor interesse em cultivar o antigo cliente;  aquele que sempre foi fiel,  consumiu regularmente o seu produto e fez propaganda para os amigos.  Só o que importa é o de HOJE e AGORA  e o seu  lucro imediato.    Como diz o outro :  “A fila anda!”. 

Isto alias, me lembra do que uma amiga minha do Rio me contou há alguns anos:   Ela,  que fora uma cliente fiel ( e bastante consumidora!) da loja FOLIC ,  ( pra quem não sabe,  a Folic é uma loja de roupas femininas  boas e caras no Brasil…) há ANOS, e que sempre era atendida pela mesma vendedora ( que , certamente recebia comissão sobre as vendas)…  Pois bem,   um belo dia,  ao voltar na loja poucos dias após ter comprado uma calça comprida bastante cara ,  que , segundo minha amiga,  “rasgara de cima a baixo justamente no TRASEIRO,  na primeira vez que a vestiu ( detalhe,  minha amiga não é gorda!),   o que é que ela ouviu  da vendedora:

 

-Esta era a última que tínhamos.   Você pode escolher outra coisa na loja…

 

Minha amiga respondeu que não queria outra coisa pois não estava precisando de mais nada.  O  que  ela queria, era ficar com o crédito  para uma futura  compra.   Pensa que conseguiu?    Aquela mesma moça,  sempre tão prestativa , que puxava o seu saco há anos  e lhe sorria toda vez que ela entrava  na Folic , simplesmente  lhe fechou a cara e foi atender outra cliente. 

Desde então , minha amiga nunca mais voltou na loja .

 

Já o Americano pensa e age completamente  diferente.  A satisfação e a preservação do cliente antigo,   já conhecido e confiável,   é a coisa mais importante.   Não “ queimar o filme” com ele, essencial.   Vamos à alguns exemplos  que eu mesma já vivenciei,  sempre que lidei com empresas, lojas ou  companhias americanas ,  tanto quando ainda residia no Brasil, como hoje em dia , aqui em Austin, Texas.

 

1)      Me lembro quando ainda morava no Rio e durante seis meses fiz a assinatura da TIME Magazine.   Pois bem.   Passados os seis meses ,eu não refiz a assinatura  ( já que dentro de poucos meses estaria seguindo para a Europa, onde iria passar um semestre estudando).   Bem,  guess what : Durante pelo menos uns DOIS  meses,  me lembro que a TIME continuou  me enviando exemplars da revista, DE GRAÇA ,   além de novas opções de assinaturas,  novos planos de pagamento parcelados etc.  Isso  durou vários meses!

 

2)      Sigamos  agora para a excelente e chiquerésima  loja de utensílios domésticos “Williams & Sonoma”, com franquias por todos os E.U. e uma filial  aqui do shopping de Austin.   Eh bien,  há cerca de uns três anos atrás,  minha mãe me comprou na loja  uma COLHER  ( isso mesmo,  uma simples colher…) com braço  de aço inoxidável e a ponta de plástico,  para cozinhar molhos, sopas etc.   A colher deve ter custado perto de $20 dólares – bastante cara para uma simples colher -  mas a coisa era realmente de boa qualidade e é claro,  comprada  na famosa  “Williams&Sonoma”, lol.

         Pois bem,  poucas semanas depois,  a parte  de plástico da colher soltou e eu,  apesar de indignada,  resolvi  esquecer o caso.   Seis meses depois, contudo,  quando minha mãe voltou a nos visitar ( naquele ano ela veio duas vezes) e soube do ‘caso’ ,  um dia ao falarmos do assunto com meu marido ele replicou:

 

-Voltem lá , digam o que aconteceu e eles lhes darão uma colher nova.

 

Eu tive de rir.  Ora essa,  até parece!  Já havia se passado meses desde a compra,  nós nem tínhamos mais o recibo ,  e além do mais,  tratava-se apenas de uma  colher !  -  mesmo que fosse uma colher “metida” , lol . Mas minha mãe resolveu seguir seu conselho e voltou  à ‘Williams&Sonoma’, com a colher decapitada, e lhes explicou o ocorrido.   Adivinha o que aconteceu?   Troca imediata,  pedido de desculpas e nem se importaram dela não ter mais  a nota de compra!

 

Por fim,   meu ultimo caso , e talvez o mais emblemático: 

Minha loja de departamentos preferida aqui é a Nordstrom,  com filiais em todas as principais e grandes  cidades americanas. 

A Nordstrom é uma bela loja, muito classuda,  com pianista no lobby e um  excelente café no estilo dos que se vê nas  elegantes lojas de departamentos na Europa.  A comida alí, alias, é ótima. ( Na filial aqui de Austin,  tem um prato de ‘salmão ao molho de gazpacho’ que é de você comer rezando! Lol) .

Apesar disso tudo,   ao contrário de  outras lojas de departamentos de "peruas e patricinhas de nariz empinado"   ( tipo “Neuman Marcus”, por exemplo),  a Nordstrom  não tem APENAS  produtos de griffes  famosas e caríssimas.  Tudo alí é excelente,  mas existe  também muita coisa a preço  razoável.  Sem falar que,   há sempre promoções e as vendedoras são  gentis e prestativas.

 

Pois bem,   há cerca de dois anos eu comprei uma sandália muito bonita e não exatamente barata  (($100) para padrões americanos  ( sempre lembrando que por aqui, as coisas são MUITO  mais em conta do que no Brasil…),  que eu amei a primeira vista.  Era de couro,  com algumas pedras em azul turquesa. 

O fato é que eu usei  esta sandália durante uns dois  meses – MUITO.   Afinal ela era confortável,  bonita e dava com tudo.  Mas aí aconteceu uma coisa:   a parte de couro ( as tiras que seguravam a sandália) começaram a ceder e logo eu não pude mais andar com elas sem que elas ficassem sambando no pé!

Fiquei chateada e uma noite, ao jantar,  ao mencionar o caso para o meu marido, mais uma vez ele me saiu com:

 

-Volte lá, que eles lhe darão outra.   Afinal, quanto melhor a loja,  maior é a chance deles fazerem a coisa certa, pois não querem perder a cliente.

 

Então no dia seguinte lá fui eu,  de volta ao Mall e ,  já sem a nota de compra depois de tantas semanas,  mostrei a sandália com o couro cedido para a vendedora no setor dos sapatos lhe dizendo:

 

-Está vendo o que aconteceu com a sandália que eu comprei aqui recentemente?   ( Eu não lhe disse que já fazia dois meses,  mas mesmo assim ,  sem nota de compra , que diferença podia fazer??  O mais provável, pensei,  era que ela não aceitasse a troca...)

 

Oh,  I’m very sorry to hear that…  ( Sinto muito em ouvir isso…) - foi o que a moça me respondeu.   E acrescentou:  Você quer seu dinheiro de volta ou deseja trocar por uma sandália nova?

 

Assim que me recompus da surpresa  ( afinal, brasileiro, mesmo morando fora há anos, não está acostumado a  tanto!),  ao olhar em volta na loja  e ver que ainda restavam alguns exemplares da minha querida sandália de contas turquesa ,  resolvi  arriscar uma segunda tentativa :

 

-Acho que prefiro uma igual , nova.

 

E assim foi.   Eu troquei por uma novinha em folha , depois de ter usado a ‘velha’  durante mais de dois meses!   E dessa vez a sandália durou uns bons dois ou três  anos. ( Sim, eu realmente a adorava e só me livrei dela depois que ela já tinha quase se decomposto! Lol).

 

Moral da estória:   Eu continuo comprando e frequentando a Nordstrom mais do que nunca e sempre que posso digo e repito:  isto é uma loja de classe e que respeita realmente o consumidor.  O mesmo eu digo sobre a “Williams&Sonoma” .

 

Já quanto à revista Veja ...  BYE, BYE!  Agora,  só quando minha mãe vier de férias e me trouxer um ou outro exemplar – de graça.

 

Minha próxima assinatura?  

Será ou da  "National Geographic" ou então da revista  “Archaeology” .   Ambas excelentes - e thank God,  Americanas.