Bye, Bye Veja Brasil
Este ano, depois de mais de quatro anos de leitura dedicada e ininterrupta, resolvi cancelar minha assinatura da revista VEJA. Pois é. Justamente eu, que adorava a revista , sempre bem escrita e informativa. De fato, mais de uma vez até vim ao Parada escrever um post sobre algum artigo que tinha lido por lá.
Acontece que neste começo de ano, a VEJA me decepcionou em duas frentes: primeiro , com a desculpa de que "alguns leitores no exterior ( pelo menos aqui, nos E.U.A...) estavam reclamando da demora da entrega das revistas" , passou a usar o sistema de UPS de entrega ( que é mais caro) e com isso, simplesmente, assim, sem mais nem menos, aumentou o preço da assinatura anual de duzentos e poucos dólares ( que já não era exatamente “baratinho”…) , para mais de $ 500! Isso mesmo. Mais do que o dobro, ou seja: um aumento de mais de 100%! E isso, detalhe, num país onde, DIZEM, que a inflação de 2011 ficou em torno de 6,5%... Humph. Segundo, ao interrompermos nossa assinatura, diante de tamanho ROUBO ( a palavra é essa mesma), o que eles fazem? NADA. Sequer uma carta tentando saber ao menos porque o leitor parou de assinar, uma contraproposta, quem sabe uma promoção no futuro. Nada. Niente. Rien.
Quer dizer, simplesmente deixaram um velho e fiel cliente sumir no pó ! Um cliente, diga-se de passagem, que mora há anos no exterior , e que por estas alturas, já nem deveria mais assinar qualquer revista brasileira! Aliás, eu duvido muito que tenham tantos brasileiros por aqui assinando revistas do Brasil e pagando em dólar por elas. Quando muito, o povo assina a Globo Internacional. Por isso mesmo, a meu ver, estes poucos leitores fiéis e morando tão longe , deveriam ser tratados com um pouco mais de consideração.
Mas a verdade é a seguinte: É típico do brasileiro , não estar nem aí pro cliente – principalmente para o cliente , QUE DEIXA DE SER CLIENTE. Os comerciantes brasileiros não têm o menor interesse em cultivar o antigo cliente; aquele que sempre foi fiel, consumiu regularmente o seu produto e fez propaganda para os amigos. Só o que importa é o de HOJE e AGORA e o seu lucro imediato. Como diz o outro : “A fila anda!”.
Isto alias, me lembra do que uma amiga minha do Rio me contou há alguns anos: Ela, que fora uma cliente fiel ( e bastante consumidora!) da loja FOLIC , ( pra quem não sabe, a Folic é uma loja de roupas femininas boas e caras no Brasil…) há ANOS, e que sempre era atendida pela mesma vendedora ( que , certamente recebia comissão sobre as vendas)… Pois bem, um belo dia, ao voltar na loja poucos dias após ter comprado uma calça comprida bastante cara , que , segundo minha amiga, “rasgara de cima a baixo justamente no TRASEIRO, na primeira vez que a vestiu ( detalhe, minha amiga não é gorda!), o que é que ela ouviu da vendedora:
-Esta era a última que tínhamos. Você pode escolher outra coisa na loja…
Minha amiga respondeu que não queria outra coisa pois não estava precisando de mais nada. O que ela queria, era ficar com o crédito para uma futura compra. Pensa que conseguiu? Aquela mesma moça, sempre tão prestativa , que puxava o seu saco há anos e lhe sorria toda vez que ela entrava na Folic , simplesmente lhe fechou a cara e foi atender outra cliente.
Desde então , minha amiga nunca mais voltou na loja .
Já o Americano pensa e age completamente diferente. A satisfação e a preservação do cliente antigo, já conhecido e confiável, é a coisa mais importante. Não “ queimar o filme” com ele, essencial. Vamos à alguns exemplos que eu mesma já vivenciei, sempre que lidei com empresas, lojas ou companhias americanas , tanto quando ainda residia no Brasil, como hoje em dia , aqui em Austin, Texas.
1) Me lembro quando ainda morava no Rio e durante seis meses fiz a assinatura da TIME Magazine. Pois bem. Passados os seis meses ,eu não refiz a assinatura ( já que dentro de poucos meses estaria seguindo para a Europa, onde iria passar um semestre estudando). Bem, guess what : Durante pelo menos uns DOIS meses, me lembro que a TIME continuou me enviando exemplars da revista, DE GRAÇA , além de novas opções de assinaturas, novos planos de pagamento parcelados etc. Isso durou vários meses!
2) Sigamos agora para a excelente e chiquerésima loja de utensílios domésticos “Williams & Sonoma”, com franquias por todos os E.U. e uma filial aqui do shopping de Austin. Eh bien, há cerca de uns três anos atrás, minha mãe me comprou na loja uma COLHER ( isso mesmo, uma simples colher…) com braço de aço inoxidável e a ponta de plástico, para cozinhar molhos, sopas etc. A colher deve ter custado perto de $20 dólares – bastante cara para uma simples colher - mas a coisa era realmente de boa qualidade e é claro, comprada na famosa “Williams&Sonoma”, lol.
Pois bem, poucas semanas depois, a parte de plástico da colher soltou e eu, apesar de indignada, resolvi esquecer o caso. Seis meses depois, contudo, quando minha mãe voltou a nos visitar ( naquele ano ela veio duas vezes) e soube do ‘caso’ , um dia ao falarmos do assunto com meu marido ele replicou:
-Voltem lá , digam o que aconteceu e eles lhes darão uma colher nova.
Eu tive de rir. Ora essa, até parece! Já havia se passado meses desde a compra, nós nem tínhamos mais o recibo , e além do mais, tratava-se apenas de uma colher ! - mesmo que fosse uma colher “metida” , lol . Mas minha mãe resolveu seguir seu conselho e voltou à ‘Williams&Sonoma’, com a colher decapitada, e lhes explicou o ocorrido. Adivinha o que aconteceu? Troca imediata, pedido de desculpas e nem se importaram dela não ter mais a nota de compra!
Por fim, meu ultimo caso , e talvez o mais emblemático:
Minha loja de departamentos preferida aqui é a Nordstrom, com filiais em todas as principais e grandes cidades americanas.
A Nordstrom é uma bela loja, muito classuda, com pianista no lobby e um excelente café no estilo dos que se vê nas elegantes lojas de departamentos na Europa. A comida alí, alias, é ótima. ( Na filial aqui de Austin, tem um prato de ‘salmão ao molho de gazpacho’ que é de você comer rezando! Lol) .
Apesar disso tudo, ao contrário de outras lojas de departamentos de "peruas e patricinhas de nariz empinado" ( tipo “Neuman Marcus”, por exemplo), a Nordstrom não tem APENAS produtos de griffes famosas e caríssimas. Tudo alí é excelente, mas existe também muita coisa a preço razoável. Sem falar que, há sempre promoções e as vendedoras são gentis e prestativas.
Pois bem, há cerca de dois anos eu comprei uma sandália muito bonita e não exatamente barata (($100) para padrões americanos ( sempre lembrando que por aqui, as coisas são MUITO mais em conta do que no Brasil…), que eu amei a primeira vista. Era de couro, com algumas pedras em azul turquesa.
O fato é que eu usei esta sandália durante uns dois meses – MUITO. Afinal ela era confortável, bonita e dava com tudo. Mas aí aconteceu uma coisa: a parte de couro ( as tiras que seguravam a sandália) começaram a ceder e logo eu não pude mais andar com elas sem que elas ficassem sambando no pé!
Fiquei chateada e uma noite, ao jantar, ao mencionar o caso para o meu marido, mais uma vez ele me saiu com:
-Volte lá, que eles lhe darão outra. Afinal, quanto melhor a loja, maior é a chance deles fazerem a coisa certa, pois não querem perder a cliente.
Então no dia seguinte lá fui eu, de volta ao Mall e , já sem a nota de compra depois de tantas semanas, mostrei a sandália com o couro cedido para a vendedora no setor dos sapatos lhe dizendo:
-Está vendo o que aconteceu com a sandália que eu comprei aqui recentemente? ( Eu não lhe disse que já fazia dois meses, mas mesmo assim , sem nota de compra , que diferença podia fazer?? O mais provável, pensei, era que ela não aceitasse a troca...)
- Oh, I’m very sorry to hear that… ( Sinto muito em ouvir isso…) - foi o que a moça me respondeu. E acrescentou: Você quer seu dinheiro de volta ou deseja trocar por uma sandália nova?
Assim que me recompus da surpresa ( afinal, brasileiro, mesmo morando fora há anos, não está acostumado a tanto!), ao olhar em volta na loja e ver que ainda restavam alguns exemplares da minha querida sandália de contas turquesa , resolvi arriscar uma segunda tentativa :
-Acho que prefiro uma igual , nova.
E assim foi. Eu troquei por uma novinha em folha , depois de ter usado a ‘velha’ durante mais de dois meses! E dessa vez a sandália durou uns bons dois ou três anos. ( Sim, eu realmente a adorava e só me livrei dela depois que ela já tinha quase se decomposto! Lol).
Moral da estória: Eu continuo comprando e frequentando a Nordstrom mais do que nunca e sempre que posso digo e repito: isto é uma loja de classe e que respeita realmente o consumidor. O mesmo eu digo sobre a “Williams&Sonoma” .
Já quanto à revista Veja ... BYE, BYE! Agora, só quando minha mãe vier de férias e me trouxer um ou outro exemplar – de graça.
Minha próxima assinatura?
Será ou da "National Geographic" ou então da revista “Archaeology” . Ambas excelentes - e thank God, Americanas.