Nos bastidores nada glamorosos da arqueologia
Categoria de Post: desabafo
Hoje é terça-feira – quer dizer, o dia daquele programa HORROROSO , a tortura-texana do curso de “Field Methods in Archaeology” .
Pois é. Hoje é dia de catar minhoca, cacos de vidro e PEGAR PULGAS das milhares de galinhas que infestam a fazenda de Boggy Creek, já que a dona ( uma típica bicho-grilo de arrepiar os cabelos de qualquer super-herói) não tem sequer a consideração de prender os galináceos enquanto trabalhamos no seu terreno.
É sério. Semana passada chegamos em casa com pulgas!!
É mole? ( E olha que temos um gato e cachorro e nunca tivemos isso aqui antes…). Meu braço está cheio de mini-dentadas.
Ontem à noite eu disse ao meu marido: Que tal matarmos a “aula” de amanhã?
Afinal, sou uma das poucas alunas que ainda não matou nenhum dia de aula naquele curso; a única que tem entregue os trabalhos de casa TODA semana. ( E a professora sequer se dá ao trabalho de nos entregar o dever de volta, para sabermos o que fizemos de bom ou ruim nele… O negócio dela é simplesmente botar a gente agachado no mato, catando os pseudo-artefatos na maldita fazenda!).
Mas meu hubby respondeu que devíamos ir. ( Esse é o seu lado estóico e ‘americano certinho’; o que recolhe o cocô do cachorro no jardim do vizinho - mesmo que o "delinquente" tenha sido o nosso chiuaua , que faz um cocô do tamanho de um amendoim…- e sai carregando o troço num saquinho plástico durante dez quarteirões, até finalmente encontrar uma lixeira!)
Resumo da Ópera ( ou melhor, da tragédia): Não vejo a hora de terminar esse semestre e nunca mais voltar naquele pulgueiro.
Literalmente!
Agora já sei porque tudo quanto é arqueólogo tem sempre um aspecto tão “acabado” e maltrapilho. É de viver no meio do mato e deserto por aí afora, fazendo field work debaixo do sol rachante, e atraindo para si tudo quanto é tipo de parasita e inseto grotesco que a natureza já produziu. Arrreee.