Diário de Bordo: a primeira ilha
Categoria de post: viagem, diário
Nosso cruzeiro incluiu algumas das mais belas e interessantes ilhas do Caribe, entre elas: Saint Maarten, Saint Lucia, Barbados, Martinica, Saint Thomas e Half Moon Cay, nas Bahamas.
Nosso navio era o ‘Amsterdam’ , da companhia Holland America -aliás, excelente.
De todos os cruzeiros que fizemos até hoje - no Costa ( italiano) pelo Mediterrâneo, e no Carnival (americano) no Golfo do México - esta companhia holandesa é de longe a melhor. Pra começar, o navio tem a metade do número de passageiros dos outros ( apenas 1380), o que significa que a ‘galera’ a bordo é bem mais seletiva. Nada daquelas mega famílias (usando tamanho GGG…) dos navios Carnival, com o povo se acotovelando desesperadamente envolta do buffet! Ok, você paga um pouco mais, mas viaja com gente de outro nível e em cabines ( mesmo as mais simples) muito maiores e confortáveis. Não há tumulto nem povaréu em nenhum local do navio. ( Sossego bendito no terceiro deck - o dos botes salva-vidas...) Há ambientes para todas as faixas etárias, mas nenhuma área específica para crianças – o que deve explicar o fato de terem pouquíssimas delas a bordo. Já o pessoal jovem ( na faixa dos vinte anos), fica principalmente no andar de cima, onde há uma discoteca. Quer dizer, melhor do que isso, só mesmo o ‘Chilfree Jazz Cruise’ , LOL - que , ao que parece, tambem faz cruzeiros pela região do Caribe , saindo de Miami. (Fiquei sabendo disso em um dos childfree sites que costumo frequentar e taí uma coisa que definitivamente deve ser investigada!! )
Finalmente, a tripulação era 99% indonésia e muito gentil e prestativa.
Mas, falemos sobre as ilhas caribenhas...
Nossa primeira parada foi em St. Maaten – ou Saint Martin - dependendo de que lado da ilha você esteja , o holandês ou o francês.
Pois é, a ilha foi colonizada tanto pelos holandeses quanto os franceses e no final das contas acabou sendo igualmente dividida! ( Bem que eles tentaram fazer o mesmo no nordeste brasileiro, mais ou menos pela mesma época, os 1600’s…)
A capital do lado francês é a charmosa Marigot , onde naturalmente a língua é o francês e o ambiente é o de uma ‘França com pitada caribenha’. Alí sentamos em um café para tomar sorvete e depois seguimos para uma boulangerie , onde meu marido sempre tem de comer uma ‘baguete verdadeira, do jeito que só francês sabe fazer’ .
Ainda no lado francês da ilha fomos até a praia de Orient Beach ( Baie Orientale) , de mar muito azul mas com ventos fortes. É ideal para quem gosta de praticar o windsurf ( ali tem equipamento para alugar), mas não para quem gosta de nadar em praia sem vento e sem ondas.
Depois seguimos para o lado holandês ( onde nosso navio havia atracado) e conhecemos a capital , Phillipsburg. Tudo muito colorido, cheio de barraquinhas de souvenirs e, alí sim, uma boa praia para se nadar - a Great Bay Beach.
Marigot ( a capital francesa) é claro, fez mais a minha cabeça. Contudo, Phillipsburg ( a holandesa) nos pareceu mais limpa e um pouco mais desenvolvida.
Minhas impressões: embora a topografia lembre muito o Brasil ( afinal o Caribe já está nos trópicos) , os morros alí ainda estão com 99% de sua vegetação nativa preservada e detalhe: não há uma única favela a vista ; apenas umas poucas e boas casas nas encostas.
As estradas entre as cidades não são limpíssimas como nos E.U. , mas são MAIS limpas do que nos balneários brasileiros e nunca chegamos a ver lixo amontoado ao lado delas.
Conclusão: O Caribe, entre as ex-colônias européias nas Américas, é uma espécie de ‘Segundo Mundo’ – uma ponte entre o Terceiro ( incluindo o Brasil) e o Mundo Desenvolvido.
Então fica a pergunta: Será que Calabar não tinha razão em preferir que o Brasil fosse colonizado pelos holandeses?
Segundo o autor Romeu de Avelar, em seu livro ‘Calabar’ ( primeira edição de 1938 e a última em 1973 - hoje infelizmente indisponível no mercado literário…), o valente cabo de guerra brasileiro bem que sabia o que estava fazendo quando se voltou para o lado dos holandeses…