Depois de Mrs. Pain, mais uma professora maluca...
Neste verão, ao contrário do ano passado quando tomei três cursos no Community College (e quase morri de estafa!) , resolvi fazer apenas dois cursos : Composition 1 ( Dissertação) nas primeiras 6 semanas, e World and Regional Geography ( Geografia mundial e regional) nas últimas 6.
Mas nossa, que coisa mais chata essa Compositon 1!
Nunca vi um curso tão medíocre e com tantas regras inúteis!
E o pior: ninguem precisa saber escrever ou ter a menor imaginação pra passar no curso de Composition 1 do Austin Community College ; basta você ter tido um treinamento intenso de vida militar – no estilo de Cuba ou da Velha União Soviética !- e saber seguir as regras da professora à risca!
É sério. Um grandissíssimo PORRE e uma perda inútil de tempo
Mas, como o curso é obrigatório e faz parte de qualquer programa que você escolha na universidade, tive que me submeter , engolir todos os sapos e aceitar o inaceitável.( Bem, pelo menos acabou e agora, espero, ter mais sorte no próximo curso que começa semana que vem…)
Sinceramente, este curso foi pior ainda do que os de matemática - que fui igualmente obrigada a tomar. ( Pelo menos naqueles eu padeci mas aprendi alguma coisa. Já nesse, NECAS!) Minha escrita não melhorou ( talvez tenha até piorado com tantas regras ridículas que tive de adotar ao escrever a mais simples dissertação…), nem tampouco minha gramática ou vocabulário. URGH!
O enigma de Professor S.:
A professora de Composition 1 , é para mim, de certa forma um enigma.
Ela é petite ( deve ter um metro e meio), magrinha, clara de pele e olhos. Tem cerca de uns cinquenta e poucos anos e é solteira. ( Até aí, nada demais.)
Mas…
Já no primeiro dia de aula, achei uma coisa ‘meio estranha’ e até comentei com meu marido.
Acontece o seguinte: este curso de Composition é designado especialmente às pessoas cuja língua nativa não é o ingles. Apesar disso, a maioria alí fala muito bem e com pouquíssimo ou quase nenhum sotaque – afinal estamos na faculdade.
Já no primeiro dia, eramos uma turma pequena – umas 12 pessoas. A maioria mulheres hispânicas, uns dois rapazes , uma vietnamita e eu. Mas o que me surpreendeu na atitude da professora de ESL ( inglês para NÃO americanos nativos…) foi a sua TOTAL falta de curiosidade em relação aos seus alunos. Durante todo o curso de 6 semanas, ela jamais perguntou à ninguem de onde ele ou ela vinha ou qual era a sua primeira língua ( A meu ver, que tambem sou professora de línguas, algo que deveria ser uma pergunta bem óbvia - principalmente em se tratando de um curso de composição em inglês PARA ESTRANGEIROS ).
Típica falta de interesse e de cultura de americano – pensei.
Mas ainda assim, o fato de Professor S. ser professora de ESL , deveria ter lhe causado algum interesse cultural por aquelas pessoas. E depois então, quando descobri que a mulher tinha ascendência alemã e falava a língua de Goethe, aí é que fiquei ainda mais surpresa com o seu desinteresse!
Afinal, embora a maioria de meus colegas fossem hispânicos, nem todos eram do México. Havia até uma moça cubana que se sentava ao meu lado ( e que acabou até virando minha amiga), sem falar em uma brasileira e uma vietnamita. Agora, vai me dizer que isso não é no mínimo estranho?
A verdade é que as primeiras impressões que temos das pessoas ( principalmente as negativas…), normalmente se confirmam mais cedo ou mais tarde.
As semanas se passaram e eu logo percebi que , saber escrever duas frases fazendo sentido e possuir uma ortografia e gramática decentes não eram, absolutamente, importantes neste curso. O negócio era saber seguir as ridículas regrinhas impostas pela professora maníaca ( e que, eu tenho minhas sérias dúvidas, realmente façam parte do programa…) , timtim por tintim, palavra por palavra, ao se interpretar qualquer texto que nos fosse dado. A prova, é que a aluna que mais se seu bem no curso foi justamente minha colega de mesa, a cubana! (Uma moça, diga-se de passagem, muito simpática , mas com um inglês deplorável , tanto do ponto de vista da gramática, pronúncia, fluência e vocabulário.) Mas afinal, depois eu pensei, ninguem no mundo deve saber seguir regras melhor do que os cubanos. É isso, ou então El Paredón!!
Mas voltando à Professor S…
Outro “mistério” da sua personalidade, é o fato dela se vestir bem , gostar de animais e literatura – e apesar disso , ser do jeito que é! Lol Ora, eu sempre imaginei que quem tivesse bom gosto para se vestir, gostasse de animais e literatura SÓ PODERIA SER UMA PESSOA RAZOÁVEL E COM UM MÍNIMO DE FLEXIBILIDADE! (Ah, mas aí talvez seja o ponto onde entra o seu DNA alemão…)
A baixinha é uma verdadeira nazista no que diz respeito à ordem, sequência e maneira de se interpretar ou mesmo escrever seu próprio texto. Ou você faz a coisa EXATAMENTE conforme suas regras, ou, não importa se tenha analisado bem ou corretamente o artigo , se sua escrita e gramática estavam corretas… BOOM! - é bomba na certa.
E a conclusão:
Então na última semana de aula , ao ir até o seu escritório no ACC para pegar o meu passe para fazer a prova no Testing Center , eu pude perceber, (para a minha total surpresa!) , o verdadeiro CAOS que é a sua sala! Livros, cadernos e toda a espécie de tralha que se possa imaginar espalhados por todos os cantos: nas estantes, mesa, cadeiras e até no chão. Tudo imundo e completamente desorganizado. Um verdadeiro pardieiro! ( E tudo isso para alguém tão inflexível e cheia de regras na hora da escrita…).
Por fim, em um dos nossos últimos dias de aula, Professor S. nos disse que morava em um apartamento com QUATRO gatos . Mais: que estava pretendendo pegar um cachorro pra criar tambem!
Pois é. Depois dessa eu só pude lhe coroar de vez como Dona Marie ( seu primeiro nome), a Louca.
Ora, quem lê o Parada, sabe que ninguém é mais parcial aos bichos do que eu. Que simpatizo bem mais com eles do que com a maioria das pessoas e dou a MAIOR FORÇA para que mais gente adote animais ( principalmente os que estão jogados nos abrigos e ruas…) e , de preferência, que tenham menos filhos. Mas cá entre nós… QUATRO gatos em um apartamento ( e ainda por cima querendo adicionar um cão à equação...) , não pode ser um bom indício da sanidade mental de uma pessoa.
No final das contas, acho que o enigma de Professor S. , de alguma forma , se explicou.
A mulher só pode ser mesmo maluca. Mais uma pra minha coleção.