Uma passagem de ano bem texana...
Categoria de post: diário
Desde que cheguei aos E.U. em 2003, este foi o primeiro Reveillon que passei realmente na CIDADE de Austin.
(O ano passado fomos à uma festa em casa particular - então não vimos nada do que ‘aconteceu’ downtown. Nos anteriores, passamos no Brasil ou na Flórida…)
Na verdade, gostei bastante deste Reveillon light e bem comportado, passado em boa companhia, sem estresse, agitação, bebedeiras e baixarias. Aliás, SEM fogos!! lol
Não que no ano passado tenha tido nada disso, mas como era uma FESTA em ritmo disco... A coisa foi muito mais 'intensa' ( mas não necessariamente mais divertida).
Desta vez fomos apenas quatro pessoas : eu , meu hubby , minha mãe e uma amiga daqui.
Nosso jantar do 31 se passou em um charmoso restaurante italiano no centro de Austin (o 'Carmelo's) , cuja bela construção em pedra lembra uma 'villa toscana'.
(Estranho como ultimamente a Toscana tem sempre estado ‘presente ‘ em minha vida, de uma maneira ou de outra…)
O menu era ao mesmo tempo simples e sofisticado: lobster bisque ( creme de lagosta), salada de radicchio ( como se chamam aquelas folhas avermelhadas, meio amarguinhas e parecendo repolho??), steak ao molho bearnaise e torta de framboesa. Yummy!
Depois , pouco antes de bater a meia-noite, seguimos a pé pela Congress Avenue - a avenida principal no centro e onde fica o Capitólio ( Austin é a capital do Texas) - até o hotel Driskill , que eu gosto de comparar ao Copacabana Palace no Rio , já que foi o primeiro hotel de luxo construído em Austin ( em 1887) e não tem franquia em nenhuma outra cidade no mundo.
Sim . Assim como o Copa , o Driskill é um hotel ‘filho único’ ; um privilégio apenas da cidade de Austin.
O Lobby é decorado com ‘temas texanos’ - confortáveis poltronas e sofás estofados com couro de vaca, esculturas em bronze de cowboys em meio a cenas de rodeio, uma linda clarabóia em vitraux e ferro trabalhado mostrando a estrela ( e símbolo) do Texas e, na parede, até mesmo a cabeça de um touro empalhado com chifres e tudo !
( Outra coisa que eu adoro no Driskill é o banheiro feminino. Lol É sério.
Lindo , todo em cor-de-rosa, com um sofazinho em estilo francês no canto, um painel de vidro na parede com bonecas antigas de porcelanas, as pias em vidro bisoté, as toalhinhas em papel com o símbolo do hotel… Sim, alí você se sente a própria Maria Antonieta – só que sem a ameaça da guilhotina! )
Mas voltando ao lobby… O local estava animado mas não cheio demais ( o que , para uma claustrofóbica como eu , é sempre uma bênção!) e a maioria das pessoas vestiam preto. Pois é. Aqui, como na Europa, o negro é a cor ‘ básica’ do Reveillon pois afinal estamos em pleno inverno. Tambem via-se uma ou outra pessoa vestida à caráter – de chapeu à la J.R. e com as famosas botas texanas ( a meu ver, tão caras e reluzentes quanto bregas! ). Mas tudo vale. Festa de Reveillon é tambem uma espécie de ‘Carnaval’, certo?
Enfim, para completar o décor tipicamente texano, no centro do salão, um conjunto local tocava música estilo southwestern ( que é o country do Texas).
Nosso grupo , em meio a tanta gente vestida de negro, era sem dúvida um dos mais ‘coloridos’ da noite. ( E não. Não estávamos vestidos de macumbeiros - todos de branco , como no Brasil...- mas sim de rubro-negro!
Minha mãe descolou uma écharpe em vermelho e prata , eu me armei de um top de taffeta cor de sangue,lol , além de um par de luvas de veludo da mesma cor , com pompons pretos no pulsos…O que fez com que meu hubby dissesse que eu estava parecendo um ‘presente de Natal’ . ( Isto, vindo de um americano, pode ser considerado como elogio ) Ele, alias, aproveitou pra estrear o pull de lã italiana cor de vinho que lhe dei na noite do 24. Já quanto à minha amiga americana, esta resolveu me prestigiar usando o colar e pulseiras de sementes de AÇAÍ vermelhas, que eu lhe trouxe de Jericoacoara no ano retrasado!
Sim, nosso grupo , definitivamente estava bem ‘comme il faut’...
Passava um pouco das duas da manhã quando voltamos pra casa – de carro. Tudo na maior calma, , sem tumulto, sem trânsito, gritarias ou gente esbarrando em você. . Apenas uma ou outra pessoa falando mais alto na rua. Ninguem tropeçando pelas calçadas ou batendo nas latarias dos carros. No ar, nenhum cheiro de cerveja ou urina.
O fato é que , nos E.U., é PROIBIDO beber nas ruas. Você tomas seus tragos em casa, no bar ou no hotel, mas ninguem poder sair pelas ruas da cidade com latinha de cerveja ou garrafa de vinho em punho ( como eu vi nos Champs Elysées em Paris ) e muito menos bebendo no gargalo. Nem mesmo no dia 31 de dezembro.
Por outro lado , como na maioria das cidades não há metrô e o transporte publico é ineficiente ( para não dizer inexistente!), todo o mundo já sabe que vai ter que dirigir de volta pra casa.
O resultado: são realmente poucas as pessoas que entornam o alcóol goela abaixo como se o 31 de dezembro fosse o começo do fim do mundo e o planeta Terra estivesse com suas últimas horas contadas.
No dia seguinte...
O primeiro dia do ano foi a vez de voltarmos à casa daquela animada vietnamita crescida em Paris . A mesma que deu a festa disco de Reveillon no ano passado.
Desta vez, contudo, a reunião foi mais simples. Mas contou com uma atração especial: o namorado de uma amiga , que é um chef francês, nos deu uma demonstração de como se preparar uma deliciosa tarte aux pommes! ( torta de maçãs).
Na ocasião, conheci algumas figuras novas e reencontrei outras da festa do ano passado.
Minhas observações antropológicas ?
Sim, eu tenho algumas para deixar por aqui, mas estas ficarão para outra ocasião.
E o seu Reveillon? Como se passou??
HAPPY NEW YEAR! BONNE ANNÉE! FELIZ ANO NOVO!