Um tiro no próprio pé
Quem frequenta o 'Parada' há tempos deve se lembrar de um post que escrevi em novembro de 2008 intitulado 'Aprendendo línguas estrangeiras' .
Nele eu conto sobre uma aluna de francês na Berlitz daqui que só queria ter aulas comigo- apesar de eu não ser professora oficial de francês na escola .
(Oficialmente sou professora de português -que é minha língua nativa- mas como domino igualmente o inglês e o francês, ocasionalmente sou chamada para 'quebrar um galho' e dar uma aula destas duas línguas como professora substituta.
O fato é que a aluna em questão, (uma senhora muito exigente , de temperamento meio difícil mas no fundo ótima pessoa...) não se deu bem com nenhuma das professoras 'francesas' da escola . No entanto, após ter uma aula 'experimental' com a professora 'substituta' ( EU! ) , nunca mais quis ter aulas com mais ninguem ! lol ( Algo que vai contra o sistema de ensino da Berlitz, que tem como regra básica , o rodízio de professores com os alunos...)
A meu ver, a explicação do que ocorreu neste caso é muito simples : 1) apesar de não ser uma 'native French speaker' , meu francês é fluente e tenho pouquíssimo sotaque ( O que significa que um aluno em nível iniciante não é capaz de perceber a diferença...) . 2) ( provavelmente o fator mais importante! ) - são exatamente 23 anos de experiência dando aulas com o método Berlitz !!
Sim, eu tinha vinte aninhos quando comecei a dar aulas na escola de Ipanema e desde então já passei pelas filiais de Lisboa , Berlim e agora Austin.... Não é pra querer me gabar ...mas, cá entre nós, quantos professores de línguas podemos encontrar por aí a fora com tamanha experiência e know how nesta área??
Sem falar que me formei precisamente em literatura e civilização francesa!
Ora, a aluna em questão , bem sabia porque queria continuar tendo aulas sempre com a mesma professora - and who can blame her?! lol
No final a escola acabou cedendo e aceitou a exigência de Mrs. G. ( tambem cobrando o que eles cobram, tinha até graça!) .
Então, sempre que esta se encontrava em Austin ( pois ela mora parte do tempo na Califórnia...) era sempre eu a professora escalada para lhe dar aulas de francês.
Então veio o verão. Minha aluna se despediu de mim dizendo que iria passar um mês na Califórnia ( onde está construindo uma casa de praia ...) e que assim que voltasse ao Texas entraria em contato para recomeçarmos as aulas...
O que acontece?
Quando volta de férias, Mrs. G é informada pela escola de que 'não estou mais dando aulas lá...'
A Berlitz, depois de ANOS sabendo que ensino em outros estabelecimentos da cidade ( incluindo a Universidade do Texas) , de repente cismou com um dos institutos onde soube que dei um curso recentemente.
Disseram-me que tratava-se de 'um concorrente' e daí em diante passaram a me boicotar na escola, não me dando mais aulas! Pode?
( O mais ridículo é que a escola daqui, ao contrário da do Rio , Lisboa e Berlim, que viviam CHEIAS de alunos e portanto davam muitas aulas aos professores, vive às moscas!! Mas ainda assim, se sente no direito de achar ruim quando seus professores dão aulas em outros estabelecimentos!! É mole??) Ora , se você deseja exclusividade, tem mais é que pagar MUITO BEM e dar aulas de sobra aos seus professores! Get real!
Enfim, mentiram para a aluna dizendo que eu 'não trabalhava mais lá' e pior: quando ela lhes disse que não queria outra professora e pediu o meu contato , se recusaram a lhe dar a informação!
Só que outro dia cruzei com ela no shopping e imaginem qual não foi sua surpresa e alegria ao me reencontrar!
Resumo da ópera:
Mrs. G agora é minha aluna PARTICULAR pois acabou saindo da Berlitz.
Eu , de previamente ( e injustamente) boicotada, agora passei a ganhar o triplo do que ganhava para dar aulas na escola e ainda por cima sem ter que sair de casa!
É isso o que dá quando certas pessoas ou estabelecimentos resolvem ferrar com os outros ( neste caso tanto a aluna quanto a professora...) , por puro despeito, burrice ou inflexibilidade absurda.
Às vezes a vida bem que é justa...
Em todo caso, no futuro, acho que vou estar escrevendo mais e ensinando menos. Já tinha mesmo pensado nisso.
Thank goodness O 'Copadrama' está vendendo bem e já tenho até a idéia do próximo livro... - um manual para se estudar português básico para viagem - com ou sem professor! lol