Languedoc Roussillon
E então seguimos em nosso carrinho mínimo ( o Fiat 500) , partindo de Avignon, em direção ao Languedoc Roussillon - aquela região da França combinando quilômetros de orla marítima ( e , ao contrário da maioria das praias da Côte d'Azur, com AREIAS - ao invés de pedras...- brancas e limpas!) e uma variedade de balneários , desde pequenas aldeias de pescadores até alguns resorts feitos sob encomenda. Eu não via a hora de avistar o Mediterrâneo!
Decidimos seguir para Sête - uma destas cidadezinhas com tradição pesqueira e a cidade natal do poeta, compositor e cantor Georges Brassens ( com suas músicas meio picantes e divertidas) , assim como do poeta moderno Paul Valéry .
No caminho para lá , passamos pela Camargue ( a região pantanosa da França , famosa pelos seus flamingos, os touros e principalmente os pequenos cavalos árabes brancos...) e alguns balneários mais simples como Les Saintes Maries de la Mer e Le Grau du Roi.
A surpresa foi quando chegamos em La Grande Motte - um resort evidentemente moderno e , imagino, feito sob encomenda para turistas com o espírito mais 'badalado' e sofisticado - mas ainda assim, bem mais low profile do que os balnerários da Côte d'Azur , famosos por seus festivais de cinema , milionários, cassinos e celebridades...
As modernas construções em La Grande Motte são muito bonitas , com seus prédios lembrando a forma de um navio e a marina, cheia de belas embarcações privativas e rodeada de cafés e restaurantes animados.
Por um momento pensamos em passar a noite por lá mas depois decidimos seguir mesmo para Sête , conforme o plano original.
Afinal chegamos na ' pequena pérola do Mediterrâneo' ... Que eu já tinha conhecido o ano anterior e havia gostado bastante.
O hotel mais 'clássico' da cidadezinha é o Grand Hotel , bem no centro , mas decidimos ficar em um mais simples e na parte mais moderna da cidade - La Corniche.
Na parte antiga ( o Centro ) os prédios são em estilo clássico ( Séculos 17? 18? ) , a avenida principal se chama 'Victor Hugo' :-) e o teatro municipal é o 'Molière' :-) . (Adoro essa mania que francês tem de dar nome de escritores famosos às ruas das cidades ! )
Sête é cortada por vários canais ( lembrando uma pequena Veneza) e no bairro mais rústico dos pescadores há o Vieux Port ( o porto antigo), de onde saem os barcos pesqueiros todas as manhãs.
La Corniche, onde ficamos, fica à uns dez minutos do centro e é a primeira praia ao longo da orla. São quilômetros e quilômetros de praia de areia limpa, com o mar calmo e pouca gente . (É verdade que já estávamos no final do verão , portanto já fora da temporada. Imagino que o lugar fique bem cheio no auge do verão e durante as férias escolares na França...)
Ao longo da costa, seguindo em direção ao centro da cidade , há uma bela estrada e , ao lado, um calçadão perfeito para se caminhar ou andar de bicicleta. Me lembrou a Avenida Niemeyer no Rio - somente com 'algumas diferenças' :
Primeiro, em Sête, o morro que acompanha a estrada é decorado por charmosas villas , hoteizinhos ou condomínios de apartamentos (Na Avenida Niemeyer temos a gigantesca favela do Vidigal ! ) . Segundo, na cidade de Brassens , do lado da costa , o mar é o Mediterrâneo :-) - e alí , ao contrário do que dizem das praias na Côte D'Azur, a água é visivelmente limpa e sem poluição ! ( Já no Rio , as praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, São Conrado etc..., banhadas pelo Atlântico, há muito que estão poluídas com o monte de esgoto (não tratado!) que é jogado ao mar diariamente ! )
Por fim, o melhor da história: Na avenida a beira mar de Sête, pode-se andar a pé, de carro ou de bicicleta CALMAMENTE , aproveitando a vista , parando para conversar, sentando-se em um dos banquinhos para namorar , tirar fotos ou filmar os arredores .
Sim, conterrâneos brasileiros, eu seguia a pé , tranquilamente com minha câmera digital e filmadora à tira-colo, sem a menor preocupação ou sentimento de ansiedade! O ar era leve , seco e limpo.
Já no Rio, quem se atreveria a sair do carro e caminhar pela Av. Niemeyer?? Aliás, nem tem calçada ( muito menos calçadão!!) para se andar ao longo da avenida !
Câmeras e filmadoras por lá ?? Boa idéia - para quem estiver pensando em um suicídio bem rápido!
A verdade é que na antiga Cidade Maravilhosa ( Hoje , Cidade Calamitosa...) , atualmente não é preciso sequer sair do carro para se levar um tiro de bala perdida partindo de alguma favela , ou uma bala muito bem direcionada e com o intuito bem específico , saída da pistola de algum assaltante de sinal...
( Cariocas, se eu estiver mentindo, por favor, escrevam e comentem no blog dizendo que estou inventando coisas e difamando o povo e a cidade do Rio de Janeiro! )
Por fim, à noite jantamos em um dos restaurantes no centrinho turístico da cidade.
Sopa de peixe e camarões na chapa - tudo com cara e gosto mais de cozinha espanhola :-(( seca e sem molho) do que francesa. Afinal , Barcelona estava apenas há poucas horas de distância...
Meu marido não ficou muito impressionado com Sête. Talvez tivesse gostado mais de Nice , St. Tropez ou Cannes. Mas eu sim.
Adorei aquela cidadezinha à beira do Mediterrâneo , sem pretensão, com hotéis baratos, turistas principalmente franceses e restaurantes simples mas charmosos. Uma França com o espírito e o sotaque bem do Midi ( Sul) ; como as músicas de Georges Brassens....
Talvez tivesse me sentido assim porque o lugar , em sua parte mais moderna como La Corniche , tenha me lembrado muito o Rio de ANTES . Uma espécie de 'mini -Barra da Tijuca', de trinta anos atrás , quando eu era pequena e as praias ainda eram limpas e quase desertas, as construções eram poucas e espalhadas, o trânsito suportável e os cariocas ainda tinham orgulho de sua cidade e eram felizes...