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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Fortalecendo o corpo e a mente em tempos de corona virus...

Pâmelli, 27.04.20

 

Então....Você  aí...  Onde está passando a sua  “quarentena”?

Eu,  estou aqui no norte da Flórida, na cidade de Saint Augustine ----a mais antiga dos E.U.A.  (fundada em 1565). 

Em casa, somos somente três : eu, meu marido e a Kiara (nosso chihuahua resgatado do abrigo de animais há cinco anos).

Nosso condo é pequeno (apenas um quarto e sala), mas  o condomínio onde se encontra  é amplo, arborizado e tem uma boa área externa para se caminhar ou andar de bicicleta.   Além disso, temos um braço de mar  ao lado (chamado de IntraCoastal Waterway) , onde muitos moradores andam de caiaque ---inclusive o meu marido.   

Os passeios de caiaque pelo IntraCoastal Waterway são a  sua “sanidade” . 

A minha,  é a praia. ( De preferência, vazia...)

O fato é que,  nestes tempos de corona virus, mais do que nunca,  estamos tentando nos manter ativos e saudáveis – principalmente fortes de coração e de pulmões!  Afinal, é só o que nos resta fazer (enquanto não temos uma vacina ou um tratamento eficaz contra esse vírus dos infernos).

Assim,   além das idas à praia e dos passeios de caiaque (para desanuviar a  mente), andamos de bicicleta regularmente  e damos longas caminhadas com o cachorro (para tentar manter o peso ideal e a saúde física).

Quanto à comida...

Desde que tudo isso começou,  meu marido faz todas as nossas compras  pela internet e o nosso  supermercado ( o Publix) manda trazer em casa.  Então,  limpo tudo com os “clorox wipes” (lenços com água desinfetante) antes de colocar qualquer coisa na geladeira.  Já o  que não precisa ser refrigerado, permancece no chão da sala, ali no canto, durante os próximos três dias. ( O tempo de matar o corona...)

Não é que estejamos paranoicos. Mas estamos sim,  cautelosos, pois,  eu já passei dos cinquenta e meu marido dos sessenta! 

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Semana passada pedi um filé mignon nas compras.  Foi a primeira carne que comi em cinco semanas! Antes da pandemia,  eu frequentava um steak house de vez em quando. Porém,  já não cozinho carne em casa há muito tempo,  já que meu marido é vegetariano. (Aqui em casa o menu consiste principalmente de massas, pratos vegetarianos e ocasionalmente algum tipo de peixe...) 

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Apesar desse nosso ‘novo normal, nada normal...’ , penso que temos muita sorte e muito o que agradecer.  Afinal, meu marido não trabalha mais há anos  e tem fonte de renda própria. Eu, mesmo antes da pandemia, já era professora de línguas ( inglês/francês/português) virtual pela BERLITZ -  portanto, continuo trabalhando normalmente.

Mas infelizmente  a coisa mudou para muita gente. 

Os E.U.A. , que até poucas semanas atrás estava com a economia bombando e com a taxa de desemprego baixíssima,  agora tem quase trinta milhões de desempregados.  Estamos no mesmo nível de desemprego da época da Grande Depressão dos anos 30!

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Enfim...

Felizmente tenho meus livros, minha bike, meu cachorro, a Netflix e ....meu marido.   E sou grata por isso. 

E assim, a vida...Esta vida, pós corona vírus, continua.  Da maneira como pode.  Como deve.   

Até quando?  Só Deus sabe.

 

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Chá da tarde com Jane Austen.

Fortalecendo e enfeitando o espírito nestes tempos sombrios de coronavirus

 

O Novo Normal : Quando ir à praia virou "crime"...

Pâmelli, 12.04.20

Faz cerca de duas semanas que, devido a pandemia do Corona vírus,  fecharam oficialmente todas as praias em Saint Augustine, no condado de St. Johns, aqui no norte da Flórida (E.U.A.)

Difícil.  Muito difícil.

Pessoalmente, acho a medida muito injusta, além de hipócrita – pois, afinal, quem tem barco próprio  ou uma casa de frente para o mar, continua podendo curtir as praias normalmente, não é?  

 Ou seja: só mesmo o “Zé Povinho” ( tipo Eu...), é que ficou, de fato,  proibido de pisar na areia e nadar no mar!

Porém... Como brasileiro dá sempre o seu “jeitinho”, (mesmo uma brasileira/americana, residente nos E.U.A. há quase vinte anos...),  descobri um pedaço de terra ( na verdade, um terreno de frente para o mar, ainda desprovido de qualquer construção), dentro de um condomínio de luxo, e que, por alguma razão misteriosa,  não tem qualquer controle ou barreira na entrada.

(Fosse no Brasil, com certeza o lugar teria no mínimo uma guarita; um  guarda ou  vigia controlando o acesso dos não residentes ao local!)

Anyway....

Este pedaço de terra, na praia,  está  à venda por “apenas” $1.000.000  de dólares.  Vive vazio, e por lá ,  só o que se vê são umas placas de “warning” do tipo : “PRIVATE PROPERTY FOR SALE”   e “NO TRESPASSING” para assustar e impedir o pessoal de invadir a área.

De cada lado do terreno há uma mansão,  (naturalmente com vista para o mar...),  mas ambas parecem vazias.  Ou estão todos confinados dentro de casa; ou os donos são de fora (talvez de Nova Iorque ou algum outro estado no norte...)  e ainda não vieram para sua casa de praia na Flórida.   (Agora só Deus sabe se jamais voltarão!)

O fato é que nestes tempos de pandemia, e com a proibição de frequentar as praias,  ao menos duas vezes por semana, eu dou a minha escapulida até lá ----as vezes de carro, as vezes de bicicleta.

Quando vou de carro , estaciono o veículo  do lado de fora  do condomínio ( pois dentro não tem onde estacionar) e caminho uns dez minutos até o meu “point”. Quando vou de bike, entro no condo pedalando e a amarro em uma  árvore por perto.  ( Meu próprio condo fica há uns dez minutos de carro dali;  do outro lado da ponte que nos leva à ilha, onde ficam as praias...).

Uso sempre o biquini escondido debaixo do short e camiseta e assim,  circulo por lá como se fosse uma moradora, fazendo meu exercício diário ( o que ainda é permitido por aqui...).

Pois bem.....Quando   chego ao meu “point” proibido,   primeiro   olho para todos os lados para me certificar de que não há mais ninguém por perto.  Então,  como se fosse uma criminosa fugindo da polícia, corro em disparada através do terreno  em direção à praia. Naturalmente, ignoro todas as  placas de “No Tresspassing” e “Private Property” ,  os avisos e as ameaças de processo por invasão à propriedade.  Por fim,  quando chego na areia, me escondo parcialmente debaixo do único coqueiro que por ali se encontra, coloco meus sapatos de água e...  SPLASH!  Mergulho   naquela  água límpida, azul turquesa,   refrescante e cheia de “good vibes”.  E lavo o corpo e a alma.

Xô Corona!  Xô desânimo!

Alô saúde!  Alô energia! Alô esperança!

Ali, em frente, do outro lado da baía tem o  monumento da Cruz ( o local onde foi rezada a primeira missa nos E.U.A. , na cidade mais antiga , a nossa Saint Augustine, fundada em 1565...).  Então,  já de volta ao meu coqueiro,  eu  faço uma rápida “reza” ( não sou religiosa, mas “espiritual” ),  pela nossa cidade, pelo   nosso  querido estado da Flórida,  pelo  nosso país e todo o  mundo também. 

Ali,  diante do mar, olhando aquela cruz imensa e parcialmente escondida debaixo do meu coqueiro,  eu faço a minha ‘mentalização Silva Mind” e peço  para que descubram logo uma cura  ou uma vacina eficaz contra este vírus dos Infernos.... --- e, confesso, também “rezo” para que o carro do Xerife já tenha feito a sua ronda diária  do bairro e das praias e não me encontre por ali,  uma vez que  estou infringindo a lei duplamente:  1) Indo à praia e 2) Invadindo um terreno particular.

Ao todo, este  meu “ritual” não leva mais do que 15 minutos, embora eu pudesse ficar no local uma manhã ou tarde inteira. Porém,  não quero que me descubram ali e que um officer  acabe me dando um “warning”, fazendo com que  depois eu não possa mais voltar, sob pena de ser presa.

Enfim...  Este, é o meu momento de sanidade; o meu “novo normal”.  Isto, é Abril de  2020.

FELIZ PÁSCOA à todos. 

Stay safe and above all, Stay Sane.

Isabela Pamelli Martins  (Autora   dos romances:  “Copadrama- Uma Tragicomédia Brasileira”;  “Paris, Mon Amou- As memórias de uma jovem brasileira na Cidade Luz”  e “Bye Bye Brasil – Histórias de Imigrantes Brasileiros na Era Trump”  (Disponíveis em Kindle e Paperback, pela AMAZON)  

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