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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

Leitura de verão: Três romances brasileiros e um conto no estilo de La Fontaine

Pâmelli, 11.06.17

Pessoal,

faz muito tempo que não venho ao blog escrever nada.

 

É que estive envolvida em vários outros assuntos nestes últimos tempos.  Voltei para a faculdade, me formei em Antropologia e História e voltei a trabalhar como professora de línguas na Berlitz. 

 

Agora, depois de anos com estas obras engavetadas,  resolvi revisá-las e publicá-las na Amazon.

 

Para quem já leu e gostou do meu primeiro romance satírico ( Copadrama- Uma tragicomédia brasileira) , publicado em 2009, ( incluindo sua versão em inglês e em Kindle ( e-book), saibam que agora há os seguintes títulos disponíveis e a venda também  na AMAZON:

 

1) PARIS MON AMOUR  -  as memórias de uma jovem brasileira na Cidade Luz

--romance de viagem ( somente em KIndle /ebook)

Este é para as almas realmente românticas!!

 

2) MINHA VIDA DE CACHORRA -  uma autobiografia canina

--- romance para os pet lovers!  - Kindle/e-book only

Você tém ou teve um cão que amou demais?  Então este livro é para você!

 

3) TRIÂNGULO ANIMAL -  Segundo La Fontaine

---o conto/fábula sobre três animais , um cão, um gato e um cachorro.  Astrologia, amor platônico, aventura...Uma estória tanto para jovens quanto para adultos.

 

Para saber mais sobre as obras e  poder ler as primeiras páginas for Free, é só ir até a página da Amazon

e digitar o meu nome literário :Isabela Pâmelli Martins.

Você então cairá na minha página de vendas. Em seguida é só clicar na imagem do livro escolhido , que uma nova página se abrirá e lhe dará a opção de "olhar dentro" e ler as primeiras páginas/capítulos.

Finalmente, os livros podem ser comprados em qualquer país, com a Amazon local, na moeda local.

 

Voilà. Já fiz minha propaganda.

Copadrama Cover Kindle (2).jpg

 

Então, boas férias e boa leitura!!

.

 

 

 

 

O otimismo e uma certa infantilidade americana ...

Pâmelli, 22.12.08

 

Eis duas coisas que eu gosto especialmente na cultura americana  -  uma certa infantilidade e o seu otimismo  inerente.

 

Sim,  os americanos não são  tão maliciosos, 'espertinhos'  e sacanas  quanto os brasileiros...Nem tão intelectuais e sofisticados  quanto os europeus. 

Eles são,  sob muitos aspectos,  bastante  infantis e, principalmente, muito  otimistas.

Mesmo nestes tempos difíceis...

Não é a toa que os melhores ( praticamente os únicos!) desenhos animados sejam todos americanos! lol

 

 

Eu sempre tive o gosto eclético  e uma  das coisas que sempre gostei de fazer , entre uma noite na ópera, uma ida ao museu, um concerto de música clássica ou um jantar romântico à luz de velas,  é assistir à filmes ( desenhos)  infantis! 

Bem ,   supostamente infantis...Embora vários  deles, muitas vezes  tenham uma mensagem e um senso de  humor  bastante 'adulto'

 

 Um dos meus preferidos, por exemplo,  é  "The Ice Age"  (A Era do Gelo...).

Alguem  ainda se lembra daquela cena,  quando os três personagens (  o tigre ,  o mamute e o bicho preguiça  ) estão caminhando no meio da neve e,  de repente , avistam as construções de Stonehenge ( aqueles famosos monumentos pré-históricos no interior da Inglaterra...)   ao longe?

  Então um deles comenta com um certo desprezo:

 

' Arquitetura moderna...Bah! '

 

Eis o tipo de humor espirituoso que eu gosto em muitos desenhos animados americanos.

 

O bom aqui na América,  é que as pessoas ( adultas!) costumam ir ao cinema  para ver desenhos animados   sem  terem de estar  necessariamente acompanhadas dos filhos pequenos,  sobrinhos, netos etc.. 

Eis uma coisa que eu ( que nunca tive filhos e ,  sendo filha única,  não possuo sobrinhos tampouco.. ) nunca pude fazer no Brasil .  A menos que quisesse pagar um BAITA  mico! 

  O jeito , quando morava lá ,  era pegar os filmes em vídeo e assistí-los ( escondida??)  em casa.   Afinal, dá pra  imaginar  a cena? 

Uma pessoa adulta indo ao cinema  ( desacompanhada de uma criança ) para ver ' The Ice Age' ....  

Se fosse homem,  no mínimo pensariam se tratar de um pedófilo!

Sendo mulher,  provavelmente concluiriam que era meio duhhhh ou , na melhor das hipóteses ,  'ligeiramente excêntrica'.

Sem falar que lá os cinemas só mostram as versões dubladas, porque afinal de contas,  uma boa parte do público infantil ainda não aprendeu a ler para poder acompanhar as legendas...

 

 

Mas nos E.U.  ir ao cinema para assistir a um cartoon é algo bem comum  -  e se você não quiser dividir a sessão com uma platéia cheia de criancinhas gritando e ( dependendo da cena) chorando a cada momento mais 'dramático' da trama :-))  ...É  só escolher de ir assistir  o desenho em uma das sessões da noite!   lol  

Believe me , muita gente aqui  faz isso.  Muitos adultos,  casais  jovens , de meia idade e ocasionalmente até alguns da terceira idade !  Oh yes,  a América é , sem dúvida,  a terra dos young at heart!   

 

 Outra coisa boa  de se sair à noite para assistir a um desenho animado no telão é que   haverá pouquíssimos  ou quase nenhum adolescente na sala de projeção  ! lol -   já que esta faixa etária parece ter uma atração especial por  filmes de terror...

 

Sim,  foram vários os cartoons  que  eu e meu marido assistimos nestes últimos anos   nas salas de cinema americanas .  ( Ratatouille ,  The Ice Age 2,  Shrek,   Horton hears a Who,   Wall-e,  Persepolis,  os Simpsons,  Madagascar  e muito mais!)  Tudo com direito a pipoca,  hotdogs ou  pretzels.

E não estávamos sozinhos :-)

 

 

Alguem duvida que a América vai sair do buraco??

Eu não.

O American Dream nunca morreu e as pessoas aqui adoram os happy endings!

Assim como  os cartoons...

 Neste país, só  não há muito espaço ou simpatia pelos  losers   e os pessimistas.

 

 

( E a propósito:  The Ice Age 3 - Dawn of the Dinosaurs-  já está pra sair no começo de 2009 )

 

  ...

 

God Bless America & Merry Christmas! 

 

 

 

 

 

 

Relembrando...

Pâmelli, 17.11.08

Há alguns filmes que eu adoro assistir de novo de vez em quando.

O meu gênero preferido é  geralmente um  bastante desprezado pelos 'críticos de cinema' e , aliás,  da maioria dos homens :  a comédia romântica!

 

Oh, eu gosto de filmes históricos,  de biografias,  de thrillers ( não filmes de horror...) , de filmes de aventura e ação e até de alguns dramas ( melodramas não!). 

Mas os meus preferidos são realmente aqueles 'feel good movies' ;  aqueles que fazem você sair do cinema sentindo-se  leve, sorridente e  mais otimista com a vida ...

 

Muitas pessoas dizem que isto não é 'realista' e que na vida real as coisas são muito diferentes, mas  quem disse que quando eu vou ao cinema quero ver a 'realidade da vida'?    Ora,  para isto basta  se abrir a porta de casa e sair às ruas!!  E dependendo de onde se estiver, a realidade que se verá à sua volta  poderá  lhe parecer mais absurda e  surrealista  do que um quadro de Dalí!

 

O fato é que  eu simplesmente me recuso a pagar um ingresso de cinema por uma coisa que vá me deixar deprimida, desencantada com a vida,  chorosa e com mais víncos e rugas no rosto  do que aqueles que o passar dos anos  já vai inevitavelmente me dar!   ( Ok,  hoje em dia existe o Botox para ' minimizar este problema' ..., mas uma boa comédia romântica tambem pode nos  fazer  muito bem a testa !  lol  

Quanto aos cantos da boca e a área em volta dos olhos,  eu não digo o mesmo  ( já que são estas as partes do rosto a sofrerem  os maiores 'estragos'   quando se dá uma boa gargalhada ! ) 

Mas o que são umas poucas ruguinhas  aqui e alí diante de um  momento de prazer e alegria ? 

 Além do mais as marcas de sorrisos e humor no rosto não deixam de ter o seu lado atraente ...

 

Sendo assim, este fim-de-semana resolvi assistir   à  um de meus filmes preferidos -  'Working Girl'  ( Uma secretária de futuro) , com Melanie Griffith ,  Harrison Ford e Sigourney Weaver.  É de 1988 - tirado diretamente do baú do pirata!

 

Adoro  ( e sempre me emociono...)  ao ver  a cena de abertura  mostrando a Estátua da Liberdade e a chegada  à bela Manhattan de ferry ,  ao som de 'Let the river run' ,  cantado por Carly Simon . (Aliás , o filme ganhou o Oscar de melhor música aquele ano , se não me engano...) 

(Engraçado:  há vinte anos atrás se alguem me dissesse que eu teria me  mudado para os E.U. , me casado com um americano e depois até me naturalizado americana eu teria caído na gargalhada! ) 

 A única coisa triste na cena  é ver os Twin Towers ao fundo   

Um aperto no coração  então é inevitável...

 

Ainda assim,  um belo filme,  bem ao estilo anos 80 (  Que CABELOS ,  mon dieu !! lol)  ,  com um super elenco e uma estória muito divertida.

 

Voilà:   NYC and   'Let the River run' ! 

 

http://video.aol.com/partner/hulu/working-girl-opening-credits/YQuebCE1AL_wGghFebv38KXoL2g3yI_0

 

O maior de todos

Pâmelli, 30.07.08

 

É ele mesmo:  Mikhail Baryshnikov -  carinhosamente tambem chamado de ' Misha'.

Dançarino russo, naturalizado americano. ( Por que será que me lembrei dele esta semana...? :-)

Estava agora mesmo revendo  o video do seu 'Corsário' e comparando -o com o do outro  - o  incrível  Nureyev.  Só serviu para confirmar o que eu  sempre achei.  Misha é imbatível!

 

Ontem  tive minha entrevista no Serviço de Naturalização.  A entrevista , que estava prevista para durar até 2 horas,  não durou mais do que 20 minutos.  Acertei todas as perguntas que me foram feitas sem pestanejar.  Agora é só aguardar a cerimônia do 'oath' ( o juramento).

A partir do ano que vem,  assim como Misha,  com muito orgulho e felicidade me tornarei cidadã americana. 

Adeus 'verdinho' !    Agora só farei uso dele quando voltar  ao Brasil de férias para rever a família.  ( Se usar o  passaporte 'azulzinho'  terei de tirar visto ,  assim como os americanos,   e ficar na fila de imigração ao entrar no país ...LOL ) Ironia das ironias.

Ontem à noite  , no jantar,  meu marido trouxe uma garrafa de Prosseco  para celebrarmos. ( Não gosto nada de champanhe...)

 

E agora,  só para relebrar o fantástico  Misha...

Primeiro dançando o 'Corsário'  em   'The Turning Point'  ( Momento de Decisão) -  belíssimo filme de balé que apresentou  Baryshnikov ao mundo  ...

 

O segundo :  Misha dançando os  'Cavalos de  Vysotsky'   no filme "White Nights" (  O Sol da Meia Noite)  onde faz o papel de um bailarino russo exilado nos E.U. e  agora naturalizado americano. 

 Após uma pane no avião em que viajava  em turnê pela Europa e pouso forçado em território inimigo  da antiga  União Soviética,  de repente  Misha se vê de volta à seu antigo país. 

Só que agora ele é considerado um 'traidor' ,  é preso pelas autoridades   e obrigado novamente a dançar para os russos. 

 Para sua antiga dance partner  ( interpretada por Helen Mirren) ele mostra toda sua revolta .  

 Eis sua dança de protesto...  É de arrepiar.  

Bravo Misha!  

 

P.S.  Nada contra  os gays...Mas é bom saber que Misha sempre gostou de mulher...:-))

Adoro, simplesmente ADORO ,  esse homem ! Não é de admirar que ele  tenha partido  vários corações entre atrizes e bailarinas no mundo inteiro. Tem inclusive uma filha com a Jessica Lange. - é,  aquela do King Kong !!  : -)))

 

 

O Corsário (  " The Turning Point" )  1977

 

 

Vysotsky  'Horses' -   ( " White Nights"  )  1985

 

 

 

Nada como a influência do meio...

Pâmelli, 28.07.08

Era o que dizia 'Émile Zola.  Só que frequentemente em seus livros,  os personagens eram influenciados de alguma maneira NEGATIVA pelo seu 'meio' :  ou se tornavam alcoólatras porque os pais eram alcoólatras;  ou prostitutas porque foram criados em um meio  excessivamente permissivo,  ou assassinos ...etc.

 

Mas a 'influência do meio' tambem pode ter o seu lado bom.  Naturalmente quando se trata de um meio , digamos,  'privilegiado' ...:-) - seja do ponto de vista financeiro, cultural ou de 'princípios morais' ...

Sempre que penso nisso me lembro de uma antiga colega do tempo de escola, H.

 

Primeiro estudamos juntas dos 14 até uns 16 anos  e então seus pais mudaram-se para o Canadá.

Anos depois retornaram ao Brasil e novamente H. voltou a fazer parte de nosso grupinho  de amigos.  Tínhamos então uns 20 anos.

 

Muito bonitinha de rosto,  cheinha de corpo...H. sempre foi simpática e muito popular no nosso meio.  Estava sempre empencada com algum namorado.  Tinha milhares de amigos e amigas.

No colégio era aluna extremamente medíocre.  Nunca gostou de estudar.   Era a famosa 'simpática burrinha ' da turma.  H. era o que se podia chamar de uma verdadeira philistine-  aquela pessoa completamente desinteressade de estudos,  informação, cultura, arte ...Em  suma :  a 'anti -intelectual'. 

Sempre  alegre e bem humorada,  constantemente rodeada de gente,  H. era incapaz de ficar sozinha durante uma tarde inteira sem ficar deprimida.  Nunca pegou um livro para ler. O sonho de H. ,  e que ela gostava de anunciar para todos sempre que tinha a oportunidade,  era simplesmente  um dia se casar e ter 6 filhos! 

( Anos mais tarde ficamos sabendo que ela havia novamente se mudado para o Canadá e que tinha de fato se casado , mas aparentemente tinha mudado um pouco seus planos de vida:  tivera APENAS 4 filhos !!:-))

H.  era , contudo  ótima em  línguas.  Falava inglês, francês e português perfeitamente.  Seu pai era brasileiro, a mãe francesa,  haviam morado durante anos no Canada...

No Rio moravam em um apartamento belíssimo , na Viera Souto , com vista para a praia de Ipanema.  Os jantares em sua casa eram servidos  ' a francesa'  pelo mordomo...

 

Certa tarde , num fim-de-semana ,  estávamos em sua casa, de bobeira -  eu , H. e mais algumas amigas da escola com quem sempre andávamos e saíamos nos fins-de-semana.  De repente H. me sai com :

-Ei pessoal,  vamos assistir à um video?  Eu tenho aqui em casa "My Fair Lady" ...

 

Algumas de minha colegas já conheciam o musical.  Todo o mundo ficou animado.  Até então eu nunca tinha ouvido falar nele.

Então H. colocou a fita no video cassete (   naquela época não existiam DVDs... )  e começamos a assistir  o filme.  Era  no original e sem legendas , mas como todas nós estudávamos em escola estrangeira,  o inglês era normal entre nós.  Duas de nossas colegas eram inclusive filhas de pai americano e mãe brasileira...

Apesar disto, perdi bastante.  O problema foi  a fala da florista pobre e ignorante interpretada por Audrey Hepburn,  falando  cockney  (   aquela espécie de  dialeto  do inglês  britânico,  horrivelmente mal falado e deformado ...)    ,  antes que o Professor Higgins se encarregasse de ensiná-la a falar  corretamente e  'like a  lady...' :-)))

 

Anos depois,  eu iria voltar a assistir o musical  muitas e muitas vezes.  É um de meus filmes preferidos.   

Mais tarde eu leria a peça de Bernard Shaw " Pygmalion"  ( Pigmaleão) ,  que inspirou o musical ,  e compraria o C.D.  com as músicas. 

 Mas  foi naquele  dia  que eu tive  minha introdução  'formal'   à " My Fair Lady".,  à Audrey Hepburn e à Rex Harrison.

E quem me apresentou à ele foi H.... Aquela antiga amiga de escola...A  philistine  ,  a namoradeira cabecinha oca... A  bobinha  mais simpática da turma :-)

 "My Fair Lady" era um de seus filmes favoritos.  Um clássico do cinema, interpretado por atores  já completamente esquecidos e desconhecidos  ( já naquela época!) da maioria das pessoas de nossa  geração .

 Afinal  ela havia estudado em uma escola bastante exclusiva.  Seu pai era um homem sofisticado, chegando a beirar  o esnobismo.  Sua mãe era francesa.  Sua família havia viajado extensamente.  Sua irmão nascera nas Bahamas. Não havia 'philistinismo' que pudesse resistir a tanto! :-))

 Nada como a 'influência do meio' ,  como diria o velho Zola...

 

---

 

Memory Lane :  o trailer de "My Fair Lady" ,  esta pequena jóia de 1964,  com a música maravilhosa de Frederick Loewe...

 

 

 

 

'Barracos' no tribunal

Pâmelli, 19.06.08

 

Desde que cheguei na América, há cinco anos,  me divirto assistindo aos programas de corte ( Tribunal)   na televisão.

Muitos americanos 'de melhor nível' :-)) ficam surpresos com isso,  inclusive durante muitos anos meu marido  sempre foi o primeiro a me gozar.

A verdade é que a 'baixaria' por alí costuma correr solta e alguns casos parecem tão absurdos, que chegam a ser hilários!

 

Há várias razões porque eu comecei ( e continuo) a assistir estes programas: 

a primeira delas é que ,  ao chegar nos E.U. ,  ainda não tínhamos  instalado a Globo lá em casa.  Havia portanto somente os poucos canais da T.V. americana básica ( já que nunca quisemos instalar o cable...).  Então,  de repente,  eu me vi assitindo alguns desses programas e acabei por conhecer bem o estilo de cada um dos juízes que presidem a corte;  a segunda é que pensei que esta seria uma boa ocasião de ouvir um inglês BEM FALADO  ( já que estamos no Texas....:-)) - pelo menos  da parte dos juízes! -  e aprender  um pouco mais  sobre as leis e a sociedade americana em geral;  finalmente acabou se tornando um hábito e hoje eu assisto somente ao meu programa preferido - o de "Judge Judy" -  ao meu ver,  a mais  inteligente, experiente e implacável ( além de engraçada:-))  de todos os juízes.

 

Não é surpresa pra ninguem o hábito que o americano tem de processar todo o mundo,  por qualquer coisa.  Aliás , os filmes de 'tribunal' sempre foram um ponto alto na cultura americana.  Apesar de  hoje a 'moda' ter se voltado mais  para o tipo de série  como CSI,  antigamente fizeram-se muitos filmes excelentes  desse gênero .  Lembram de "Jagged Edge" com Glen Close e Jeff Bridges?  De "Suspect" com Cher e Liam Neeson?  De    "Presumed Innocent" com Harrison Ford e Greta Scacchi? 

 

Mas voltando aos progamas de corte ...

Foi muito o que eu aprendi desde que vim para cá. 

Por exemplo,  que em certos estados é obrigatório por lei se ter um corrimão instalado em sua escada dentro de casa.  Se  a dona da casa não tiver um  e alguem cair  da escada e resolver lhe processar ( mesmo que seja sua melhor amiga ou companheira de casa...) ,  ela  terá de lhe pagar indenização!

(Dá pra imaginar uma cena destas  no Brasil?!  Um país onde prédios inteiros   desabam matando milhares de pessoas e quem sobrevive tem de lutar ANOS na justiça para conseguir receber uma mísera indenização pelo apartamento que comprou e perdeu... ( O caso do edificio Palace II, que ocorreu em 1998 , até hoje  não teve as devidas indenizações pagas e ainda  tem 17 famílias morando em hotéis!!) 

 

  Mas , sobre o  episódio na corte  -  o da escada sem corrimão...

Tudo aconteceu porque o cachorro da casa  surgiu  de repente  no vão da porta e assustou a tal mulher que vinha descendo a escada.  Imagina que ridículo!    A  figura  MORAVA na casa e estava careca de conhecer o cachorro!   Ainda assim,  processou sua 'roommate'  ( companheira de casa,  sem conotação sexual...)  e a dona da casa e do cachorro..., e acabou levando a bolada.  Pode??

 

Me lembro de um caso absurdo onde uma jovem ex-garçonete do  "Hooters"  ,  (  nome de uma franquia de restaurantes famosa por empregar somente moças com peitos grandes!!  Só na América mesmo...-:))))   -que estava sendo processada pelo ex-namorado.  

O caso era o seguinte:   o rapaz estava querendo 'seu dinheiro de volta...'  já que tinha  pago a operação de implante de silicone da moça , quando os dois ainda namoravam...:-))  Então,  depois que o relacionamento acabou,  quis ser reembolsado ! 

  Dizia que tudo não passara de 'um empréstimo' , e a moça , por outro lado,  dizia que o dinheiro para a operação havia sido um 'gift' (  presente)  e que precisava do 'acessório adquirido '  para poder  trabalhar no Hooters...:-)). 

 

Depois teve o caso da velhinha que estava processando um cassino em Las Vegas.

A situação era a seguinte:   a velha habituée  da roleta , estava jogando com  um grupo em volta de uma mesa  há  horas ... Então , a um determinado momento , resolveu se levantar  um pouco e justo naquele momento um funcionário, distraidamente,  retirou sua cadeira e colocou-a em outro lugar.   A velha então  disse à juíza que não vira que seu lugar  tinha ficado sem a cadeira  (  quantos martinis já teria  bebido então??)  e ao tentar se sentar novamente  ,  acabou caindo de bunda no chão!! 

Estava ,  portanto ,   processando o cassino por causa das ' dores,  do sofrimento e da subsequente fisioterapia...'   que fora obrigada a fazer  como consequencia de seu acidente.

Foi então que Judge Judy resolveu assistir aos videos gravados no circuito interno do cassino e percebeu que depois do suposto 'acidente terrível' ,  a velha ainda voltou a jogar e permaneceu no cassino durante várias horas, só indo embora lá pelas tantas da madrugada!!

" Mas,  se a senhora estava tão mal, como é que ainda ficou lá jogando depois disso??  Por que não foi logo para o hospital?"

Bingo!  E assim a  velha golpista foi desmascarada. 

 (Não sem antes ouvir a juíza me sair com o seu famoso ' Get a life!  You're not going to retire on this. '  (  Vai arrumar uma vida útil!  Não é aqui , na corte,   que a senhora vai fazer  o seu pé de meia  !  :-)))

 

Outra coisa que me chama a atenção nos E.U. ,  é como é comum parentes, pais, filhos, amigos etc.. processarem uns aos outros.  São tantos os casos de pais que  odeiam e simplesmente deixaram de  falam com os filhos , e vice-versa .  E não apenas por um tempinho mas para sempre ou por anos a fio!!    Só na familia de meu marido há dois casos assim :  o de sua mãe e sua única filha ;  e o de sua madrasta e uma de suas filhas.

Até no meio de celebridades vimos este tipo de coisa,  como é o caso de Jennifer Aniston que não se comunica com a  própria mãe há anos.

Isto é uma coisa que não se vê nas sociedades latinas ( no Brasil é praticamente impensável e eu nunca ouvi falar de nenhum caso parecido...). Por que será?   Certamente não é por falta de motivos , pois  é certo que há  casos de disputa  entre familiares próximos de arrepiar os cabelos!  No entanto , nos países latinos (  católicos??)  nunca vemos um desenlace que termine no tribunal  ou com o  rompimento definitivo de relações entre pais e filhos.  Teria isto a ver com repressão religiosa?  Hipocrisia?   O conceito de que 'roupa suja se deve lavar em casa' ?  Deve haver uma explicação , mas seja lá o que fôr,  não creio que seja simplesmente o fato das sociedades anglo saxônicas terem mais  pais e filhos ' degenerados'  do que as sociedades latinas.

 

Enfim,  para mim  o universo dos programas de corte é uma fonte inesgotável de entretenimento e aprendizado.  Podem falar o que quiser.  :-))

 

 

 

 

 

 

 

Sex and the City

Pâmelli, 14.06.08

 

Hoje resolvi dar uma de crítica de cinema. 

 Afinal um crítico nada mais é do que uma pessoa que viu um filme e depois lhe dá sua opinião a respeito.  É uma coisa totalmente pessoal e subjetiva;  não uma opinião de especialista e portanto está aberta a opiniões contrárias. 

  Aliás, por isso mesmo eu não costumo levar em conta as  'críticas'  de filmes (  nada mais do que  opiniões pessoais ! ) que leio nos jornais e revistas por aí, até porque muitos dos críticos  são visivelmente parciais em suas idéias (  A  maioria  deles são homens,  pseudo-intelectuais de esquerda , que adoram ridicularizar  as comédias românticas  - que costumam tachar  com desprezo de chick flick ou 'filmes para mulheres' -  ,  'malhar' os filmes  de Hollywood' ,  simplesmente porque são de Hollywood...  e , por outro lado,  tendem a  glorificar e encontrar os maiores méritos na  miséria , na pobreza , na paranóia e na violência ...

Tendo dito isto,  aí vai o que eu achei do filme 'Sex and the City' que fui ver nesta sexta-feira:

 

Primeiro, devo dizer que nunca assistí a tal série na T.V. , que aparentemente faz muito sucesso nos E.U. e,  acredito,  em vários países.  ( Como meu marido não gosta de televisão e eu assisto muito pouco,  preferi optar por NÃO termos T.V. a cabo  e simplesmente tive a Globo Internacional  instalada  em nossa  casa...;  é minha maneira de 'matar um pouco a saudade ' e poder ficar informada sobre o que se passa  no Brasil...)

Mas enfim,  voltando à 'Sex and the City' , como eu já havia imaginado que seria o caso ,  não gostei muito;   mas como não tenho nada contra 'uma tarde passada assistindo  à uma comédia boba e leve...'  - desde que  não seja  completamente idiota !! -   tudo bem.

 

Vou ser mais especifica:  o  filme é bem 'americano', rico, capitalista,  republicano e racista ! 

As 'piadinhas'  são patéticas e preconceituosas:  A cena no 'resort de luxo' no México , onde uma das inseparáveis  amigas  só fica  comendo iogurte , com medo de ficar doente...  -( "Mas estamos em um resort 5 estrelas..." diz uma delas .  Ao que a outra responde:   " É , mas  estamos no  MÉXICO !" ) -  me irritou profundamente.

Toda a platéia -  que era  99% constituída  de mulheres, americanas, brancas , patricinhas e/ou  peruas (   muitas delas  visivelmente  usando  acessórios com  as  mesmas griffes que apareciam no filme e igualmente  com o mesmo mal gosto ...) -  riu.    Menos eu.

É que aquilo me lembrou  daqueles típicos gringos arrogantes , que volta e meia , sabe-se lá por que,  resolvem sair de seus países 'civilizados' de Primeiro Mundo e passar umas férias no Terceiro,  só para  depois poder ficar fazendo este tipo de comentário ridículo  e críticas ao local que estão visitando ,  assim como ao estilo de vida das pessoas nativas. Pois que fiquem lá na sua Manhattan,  no 16ème de Paris ou em Knightsbridge em Londres!   Afinal quem põe o pé  na água,  é porque está querendo se molhar...

 

 

Outra cena:  uma das amigas , depois de se separar ,  vai morar em um bairro de Nova Iorque  menos 'chique' e 'branco' do que o que morava antes , com o marido.  Ao seguir pela rua  à procura do novo endereço e vendo que seu  pequeno filho  está andando na frente,   a mulher me sai com esta:      ' Olhe lá,  meu filho!  Um homem branco segurando uma criança.  Vamos segui-lo.  Deve ser naquela direção...' 

Mais uma vez,  risinhos divertidos da plateia.  E eu, nada.

 

As roupas do filme são outro detalhe. 

Cada uma das principais atrizes -  e em especial Sarah Jessica Parker-  deve trocar de roupas umas 125 vezes .  As griffes famosas pipocam na tela a cada 5 minutos -  Gucci,  Dior, Lanvin, Chanel, Roberto Cavalli...No entanto,  a maioria das roupas e accesórios são de um mal gosto e breguice extremos!  O tal vestido de noiva,  de Vivienne Westwood ,  que Sarah Jessica Parker escolhe para o 'grande dia' é um terror!      ( Noivinha de bolo e ainda por cima com penacho na cabeça! )  

 

Os famosos sapatos Manolo Blahnik , de $ 525 dólares ,  são de um mal gosto  horripilante!  

Realmente,  é incrível como as americanas,  mesmo quando têm dinheiro, moram em Nova Iorque e usam griffes dos maiores couturiers do mundo , ainda assim , conseguem escolher as peças de roupas e os sapatos mais escabrosos! 

  (Que tal esse cinto  estilo 'punk, heavy metal...' - TUDO  a ver com o vestido... E a bolsinha da ' Torre Eiffel' , heim  ?? Arggggggggggh!) 

 

E o meu preferido...( ÉEECCA!!)

 

Santo Cristo ,  pois até a bolsa Louis Vuitton que a Jennifer Hudson ganha de presente no filme consegue ser um HORROR -  com cara de camelô da rua da Alfândega , de quinta! 

Ok,  enough ,  sobre o lado 'fashion'   de Sex & the City...

 

Minha conclusão final:   Não leve,  em hipótese alguma seu marido , namorado ou amigo  ( a menos que ele seja gay...) para assistir esse filme . Ele vai ODIAR e vai deixar o cinema num mal-humor do cão!   (  Felizmente eu tive a idéia de ir  sozinha , enquanto meu marido fazia uns trabalhos em casa...:-)) 

 

O que 'salvou' o filme?  

  1)  algumas ceninhas de 'sexo'  (  coisa praticamente inexistente em qualquer filme americano...) serviram ao menos para sair um pouco da rotina  do típico 'enlatado  yankee' .   Aliás,  penso que para os  3 ou 4 únicos homens no cinema ( que estava lotado!!)  ,  estas talvez tenham sido as únicas cenas que  não foram  uma tortura total...:-));  2)  o personagem de Mr. Big , interpretado por Chris Noth.  Aliás o único personagem realmente  charmoso e BEM VESTIDO no filme inteiro! 

  Com seu tipo físico meio ítalo-americano  ( deve ter ascendência européia , com certeza...) ,  o bonitão nos faz lembrar de Richard Gere,  Al Pacino,  e Robert de Niro nos seus melhores tempos ...:-)

 

Por fim,   pra mim ,  a única cena que realmente gostei e me identifiquei foi  a  do casamento final   -não o primeiro,  cheio de  falso glamour, milhares de convidados , vestido ( fantasia de mal gosto ? ) de griffe famosa  e o escambau !

Aquela união  simples e discreta,   no City Hall,  com APENAS  os dois noivos ,  o vestido de Sarah Jessica Parker ( um mero conjunto cor de pérola e  de griffe desconhecida...)  -   apesar de que,  poderiam ter escolhido algo que lhe caísse melhor...- nada de convidados, amigos, damas de honra, fotógrafos etc.. Mas  apenas  contando com a ( indispensável)  presença do juiz  e dos outros casais.   Isto sim,   eu achei muito mais romântico ,  pessoal e original!   Talvez porque tenha me casado assim... E foi muito legal.