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Parada Essencial

Benvindos ao "Diário politicamente incorreto da Pâmelli" - uma brasileira/americana childfree, residente nos E.U.A. desde 2003 Viagens, cultura, desabafos e muito mais!

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A deportada - parte 1

Pâmelli, 05.08.08

 

Este post vai ser longo ,  então vou dividí-lo em duas partes.  Hoje escrevo a primeira...

 

Ontem fui à uma festa na beira da piscina.   Era o aniversário de uma amiga uruguaia  que trabalha como intérprete de espanhol em um hospital  aqui  nos  E.U.  já há alguns anos.

Lá encontrei várias pessoas da comunidade latina em nossa cidade,  incluindo uma conhecida brasileira , J.

 

J. é paulistana,  residente nos E.U. há quase 20 anos .  Foi casada com um americano e tem um filho de 16 anos .   É uma moça inteligente e bem sucedida ,  dona de  seu próprio negócio de construções.   Andou uns tempos namorando um amigo de meu marido... ( Small world ! )  Daí que  nos conhecemos.

Na época , descobrimos  que tínhamos uma OUTRA conhecida em comum :  N .

N. e J.  haviam se tornado  amigas ,  tendo se conhecido em um clube de  dança latina que costumavam frequentar para dançar salsa e merengue. 

 

Quanto à mim,  conheci N.  há cerca de uns 3 anos, na loja brasileira da cidade e quando soube que trabalhava fazendo faxinas em casas particulares, logo a 'contratei' para limpar minha casa uma vez por semana.  ( Sempre preferi as brasileiras às mexicanas que fazem limpeza em casas por aqui ; além de limparem melhor,  não tenho que me virar tentando  me comunicar com elas em  'portunhol' ...:-))

 

Durante cerca de um ano N. trabalhou para mim.

Era uma moça nos seus 40 anos,  bonita de rosto ( loira e de olhos azuis) porém  bastante gorda.  Era de Blumenau , no sul do Brasil ,  e portanto descendente  de imigrantes alemães. No Brasil tinha tido uma vida bem confortável,  tendo sido  casada com um dentista e trabalhado como professora em alguma escola primária.  Tinha duas filhas já moças.

Então, após a separação,  ( que aparentemente envolveu um grande 'barraco' ...)   penso que sua situação financeira piorou bastante e ela resolveu vir tentar a sorte  nos E.U. 

Detalhe:  como o ex-marido era descendente de italianos ...(  e a coisa mais fácil que tem é conseguir um passaporte italiano:   não é preciso falar uma ÚNICA  palavra de italiano,  ter morado na Itália,  ter qualquer conhecimento da história ou cultura do país  ... Nada.  Basta que algum antepassado seu tenha sido italiano ou que você  tenha se casado com um  descendente  ) ,  N.   conseguiu , através dele,  seu próprio passaporte italiano. 

  ( Agora, falando sério,  vê se isso tem algum cabimento . Hoje ela nem é  mais casada como o  tal 'descendente de italianos' ! ...)

 

Enfim,  com o tal passaporte da UE ela não teve o menor problema em entrar nos E.U. ( já se viesse com o brasileiro teria de ter  visto e o controle na entrada seria bem maior...).

Assim, ela chegou,  foi ficando,  arrumou várias casas particulares  para trabalhar , alugou apartamento, comprou carro e passou a viver ilegalmente no país.

Chegava a ganhar perto de 3000 dólares por mês -  tax free!   ( 'Somente' umas DEZ  vezes mais do que ela ganhava como professora no Brasil...) 

 

Eu não sou agente da imigração,  nem  tampouco espiã do governo americano .  Sem falar que na época estava muito necessitada de uma faxineira :-))

Portanto quando soube que N. era ilegal , não tomei o menor conhecimento e continuei usando seus serviços normalmente.   Afinal ela era honesta, simpática, entendia tudo o que eu dizia...:-))) e precisava do dinheiro - inclusive para sustentar as duas filhas já  crescidas e  'boas vidas' ,  que insistiam em morar em São Paulo (  a cidade mais cara do Brasil ! ) , apesar de viverem constantemente desempregadas  com a ótima desculpa de que 'uma ainda estava na  faculdade,  e a outra havia se formado 'estilista' e portanto não conseguia arrumar emprego...'  Humph

( Meu colega italiano , da blogosfera,  diria que se eu morasse na Itália hoje e estivesse dando trabalho à um imigrante ilegal provavelmente seria PRESA  ! :-))  Mas aqui é a América e por enquanto  até agora isto ainda não é considerado crime -  pelo menos não quando a pessoa  ilegal em questão apenas faz 'prestação de serviços' para você e não é realmente sua 'funcionária' . )

 

Anyway,  a verdade é que  nunca achei que N. fosse uma pessoa especialmente 'inteligente para a vida' - se é que me entendem. 

Além das filhas 'boa vida' ,  (  cuja vagabundagem  na capital paulista ela não apenas tolerava mas encorajava ,  já que lhes mandava todo mês  uma boa parte do dinheiro que ganhava se matando fazendo faxinas atrás de faxinas todo  dia...)   ,  para completar ,  N.   ainda tinha uma namorado mexicano  :   OUTRO ilegal,  que trabalhava como pintor  de casas e já tinha tido vários DUI s ( sido  pego dirigindo bêbado) . 

( Só se livrou do estrupício quando este  acabou sendo preso e foi finalmente deportado e mandado de volta para o  México...)

 

Foi mais ou menos nesta época que resolvi dispensar seus serviços,  já há muito  irritada com 'pequenas coisas' que ela passara a fazer ( Sentindo-se  'intima da casa' ,  ela agora  só trabalhava pendurada ao celular ,   -  inclusive me quebrou um vaso de porcelana que havíamos trazido de uma cidade da  Irlanda  justamente por isso! -   passou a fazer tromba toda vez que viajávamos e eu dispensava seus serviços , além dos seus inacreditáveis rolos pessoais com o namorado bêbado e as filhas parasitas!)  Enfim,  o fato é que a dispensei e durante mais de um ano não tive mais notícias suas.

Até ontem,  quando encontrei J. na pool party de nossa amiga  uruguaia e fiquei sabendo da 'última' ,   na saga  de N...

 

Bem ,  acho que com isto já dá para se ter uma idéia de onde vamos chegar.

A aguardar as cenas do próximo capítulo...

 

 

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